Plenário

Câmara recebe Corpo de Bombeiros no período de Comunicações

Líderes da corporação falaram sobre condições de trabalho e aumento na solicitação de PPCIs

  • Período de comuncações temático. As dificuldades enfrentadas pelo corpo de bombeiros na capital.
    Bombeiros querem separação da Brigada Militar (Foto: Luiza Dorneles/CMPA)
  • Período de comuncações temático. As dificuldades enfrentadas pelo corpo de bombeiros na capital.
    Membros da corporação acompanharam a sessão de hoje (Foto: Luiza Dorneles/CMPA)

As atribuições e dificuldades enfrentadas pelo Corpo de Bombeiros de Porto Alegre foram tema do período de Comunicações na sessão ordinária desta quinta-feira (22/6) na Câmara Municipal de Porto Alegre. Para falar sobre o tema, o Legislativo recebeu o diretor administrativo do Corpo de Bombeiros, tenente coronel Pedro Ricardo Maron Burgel, e o comandante do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, major Elemar Linei de Mello Fernandes, em solenidade proposta pelo vereador José Freitas (PRB).

Burgel afirmou que a corporação deseja desvincular suas atividades da Brigada Militar (BM). “Estamos aguardando a desvinculação para podermos fazer a gestão própria de recursos e oferecer melhoria no serviço prestado”, apontou. Burgel disse ainda que a instituição tem planos sendo desenvolvidos para a implementação após o desligamento da BM. “Temos projetos na área de planejamento estratégico, recursos humanos e tecnologia da informação, onde pretendemos automatizar e agilizar os processos”, revelou. 

Fernandes relatou aos vereadores o histórico do Corpo de Bombeiros em Porto Alegre e destacou que uma recente sobrecarga no trabalho aconteceu após a aprovação da Lei Kiss, em 2014. “Tivemos um aumento considerável no número de proprietários querendo regularizar sua empresa ou seu imóvel, e nossa estrutura não estava pronta para dar conta de tudo”, expôs. Segundo Fernandes, o passivo atual gira em torno de 4 mil Planos de Prevenção Contra Incêndio (PPCIs) a serem analisados. 

Para atender à demanda, a corporação implementou a operação Contagem Regressiva, com o auxílio de batalhões do interior do estado e do comando geral dos bombeiros do Rio Grande do Sul. “Dividimos nossa força-tarefa em três fases: a extinção das filas e a garantia de atendimento a todos que nos procuram, as vistorias nos prédios que nos aguardavam e as análises dos PPCIs que estão em espera”, esclareceu. Por fim, o comandante chamou atenção para a importância do trabalho de prevenção contra incêndios. “A prevenção não diz respeito apenas aos bombeiros, mas aos órgãos públicos, proprietários de estabelecimentos e profissionais que elaboram os PPCIs”, completou.

Apoio Parlamentar

Depois da manifestação dos oficiais, os vereadores de Porto Alegre elogiaram o trabalho da corporação. José Freitas classificou os bombeiros como “heróis”, que arriscam suas vidas para proteger pessoas, cidades e florestas. “Além disso, eles desenvolvem projetos educativos para melhorar a qualidade de vida da comunidade”, declarou o vereador, que defendeu o aumento do efetivo e a melhoria nas condições de trabalho dos oficiais.

Adeli Sell (PT) assegurou que, se em alguns momentos da história o Corpo de Bombeiros fosse devidamente equipado, muitas tragédias poderiam ser diminuídas ou evitadas. O parlamentar lembrou também de alguns incêndios ocorridos em Porto Alegre, como o do Tribunal de Justiça (1949), Grande Hotel (1967) e Lojas Renner (1976). Durante o pronunciamento, Adeli defendeu a independência dos bombeiros ante à Brigada Militar e sugeriu o engajamento dos vereadores para solicitar o aumento do efetivo. “Nossa Mesa Diretora pode construir uma carta, que seria assinada pelos 36 vereadores e entregue ao governador do estado”, propôs. 

Ao falar sobre sua experiência na Secretaria Municipal de Obras, o presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Cassio Trogildo (PTB), relembrou das primeiras coisas que aprendeu na legislação, como o Plano de Prevenção contra Incêndio (PPCI). Cassio lamentou ao dizer que as legislações surgem após grandes tragédias, como o caso da Boate Kiss, em Santa Maria. “Precisamos aumentar a fiscalização”, defendeu. Nesta questão, o vereador disse ser uma responsabilidade de todos e parabenizou o trabalho realizado pelos bombeiros.  

Comandante Nádia (PMDB) também afirmou que a prevenção diz respeito a todos aqueles que tem em sua competência a segurança. Para ela, as pessoas tinham que ter extintores em suas casas. “Bombeiros e socorristas são professores porque ensinam e tentam passar formas de prevenção às pessoas”, disse. Conforme a vereadora, é preciso ter um olhar mais bondoso a estes profissionais. “Vida longa ao Corpo de Bombeiros”.

Cassiá Carpes (PP) disse ser um momento importante homenagear os bombeiros. “Verdadeiros heróis”, afirmou. Ele entende que a prefeitura deve participar no trabalho de prevenção e ressaltou a importância dos bombeiros. Cassiá comentou que muitos incêndios que se vê na cidade ocorrem por muitos comerciantes terem medo de não adquirir o PPCI e operam de maneira inadequada. “Temos que tirar este medo do empresário que quer investir. O PPCI não é um transtorno, é uma responsabilidade”. O progressista referenciou o trabalho da corporação de bombeiros como uma instituição valorosa e essencial.

Mônica Leal (PP) lamentou o incêndio que atingiu lojas no bairro Azenha, em Porto Alegre, na manhã de ontem. De acordo com ela, quatro estabelecimentos comerciais que não tinham o PPCI. Mônica lembrou de um projeto de sua autoria, vetado pelo Executivo por questões financeiras, no qual previa vistorias periódicas justamente para trabalhar na segurança preventiva. Em celebração à homenagem aos bombeiros, a vereadora destacou que são pessoas que correm risco de vida em benefício de todos.  

“Nós do PSOL temos defendido, desde o início, a separação entre a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros”, declarou o vereador Alex Fraga, por entender que os órgãos precisam ter “independência para gerenciar suas verbas e capacitar seu efetivo”. Para o vereador, a Prefeitura deveria fazer uma parceria com os bombeiros para agilizar os processos de regularização dos imóveis em Porto Alegre, pois a burocracia impede que muitos alvarás sejam liberados. “É preciso ter uma organização interna para agilizar a liberação de licenças e vistorias dos prédios porque mais de 80% das escolas infantis particulares do município estão atuando de forma irregular”, relatou. 

Aldacir Oliboni (PT) mencionou que faltam cerca de 280 servidores para atuarem no Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, que hoje possui 2.365 profissionais. “É preciso aumentar porque há uma demanda desenfreada por parte da população”. Ele apoiou a solicitação do Corpo de Bombeiros para que os projetos de lei que regularizam e implementam a nova estrutura da corporação sejam aprovados pela Assembleia Legislativa. “O Estado tem que dar prioridade para isso”, salientou.

Paulinho Motorista (PSB) contou aos convidados que o bairro em que mora, Belém Velho, não possuía um prédio para o Corpo de Bombeiros e que os próprios moradores tiveram de construí-lo. “Porque quando havia incêndios, os bombeiros só chegavam quando a situação já estava difícil. Não por culpa deles, mas pela distância”. Entretanto, o local corre risco de fechar pela falta de efetivo na corporação. Elogiando a coragem dos profissionais que arriscam suas vidas para salvar a população, o vereador relatou que possui o maior respeito pela categoria. “Eu tiro o meu chapéu para vocês”, encerrou. 

Texto: Paulo Egídio (estagiário de Jornalismo)
           Munique Freitas (estagiária de Jornalismo)
          Cleunice Maria Schlee (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)