Comunicações Temáticas

Câncer de pele afeta 12 mil gaúchos por ano

Médico falou sobre a doença aos vereadores Foto: Leonardo Contursi
Médico falou sobre a doença aos vereadores Foto: Leonardo Contursi (Foto: Leonardo Contursi)
A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, na tarde desta quinta-feira (26/2), durante a sessão ordinária, o período de Comunicações Temáticas sobre o câncer de pele, mais conhecido como melanoma. Segundo o coordenador do Centro de Dermatologia do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), médico Jeferson Krawcik, o melanoma representa 5% dos tipos de câncer da pele, sendo o mais grave, e origina-se nos melanócitos, células localizadas na epiderme, responsáveis pela produção de melanina e, portanto, pela cor da pele. É sempre maligno.

O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se detectado nos estágios iniciais. Jeferson explicou ainda que os melanomas estão vinculados à exposição solar, os quais acometem cerca de 12 mil gaúchos por ano. "Os melanomas têm uma relação com a exposição solar no dorso dos homens e nos membros inferiores das mulheres, sendo este câncer de extrema gravidade pelo seu poder de metastatização, comprometendo outros órgãos do corpo humano", ressaltou. O médico destacou que os desafios da saúde pública no combate ao câncer de pele estão direcionados aos pacientes mais idosos, pois, no Brasil, mais da metade da população está acima da faixa etária dos 50 anos. 

"No Rio Grande do Sul, um terço da população está dentro da estatística nacional da doença e este dado é preocupante para nós dermatologistas", disse. Jeferson ressaltou ainda a alta letalidade do melanoma, vitimando em média 150 cidadãos por ano em Porto Alegre. "A realidade do Brasil em relação ao câncer de pele pode ser mudada com o incentivo público à prevenção e à proteção solar das pessoas, além disso, é preciso capacitar tecnologicamente os agentes de saúde nas unidades básicas para se obter uma excelência no auxílio, no diagnóstico e no tratamento da doença" concluiu.

Atendimento

Jeferson Krawcik enfatizou que esse tipo de diálogo promove mudanças sociais no combate a essa doença e mal social. "Essa reunião demonstra que todos estamos imbuídos no sentido desse combate. Sou cirurgião que milita oficialmente na área do câncer de pele há oito anos. Ontem mesmo eu atendi pessoas que demoraram 307 dias para fazer o tratamento definitivo. O tempo entre  a suspeita e a consulta, entre a biópsia e os exames pré-operatórios, é muito grande”, disse. O médico declarou que as pessoas não dão muita atenção para esse assunto, que muitas vezes no nascedouro poderiam ser facilmente resolvidos. 

O médico acrescentou que no RS a incidência da doença é maior porque talvez aqui estejamos mais atentos em notificar a Secretaria de Saúde os nossos índices. Outra questão, segundo ele é a incidência da radiação solar e também nosso tipo de colonização. “Tivemos uma colonização dos europeus do norte, que carregam características genéticas não tão bem preparadas para a exposição solar intensa”. O médico ainda respondeu alguns dos questionamentos feitos pelos vereadores como o fato de que atende por vários convênios e que uma das ferramentas para realizar a triagem e diagnóstico no melanoma é o Dermatoscópio. “Além dele, há a possibilidade de fazer o mapeamento corporal total, através do Fotofiner, disponível em pelo menos três consultórios médicos da capital”. Por fim, o especialista alertou que a metástase da doença é mais comum em gânglios, pulmão, cérebro e ossos.  

Vereadores

Após a exposição de Jeferson Krawcik, os vereadores também se manifestaram:

Rodrigo Maroni (PCdoB) agradeceu à vinda do médico para levar à população porto-alegrense uma maior orientação e conscientização. “Os altos índices de melanoma são devido ao fato de não se ter a orientação adequada. Infelizmente, hoje, quem tem acesso à informação é 2% ou 3% da população. Qual o índice da população que realmente têm condições de comprar um protetor solar, roupas de proteção e óculos? A melhor maneira é a prevenção, mas não temos de fato dados e estudos da abrangência da conscientização. ”
 
Professor Garcia (PMDB) acredita que o assunto é latente em nosso país, pela exposição solar. “Eu mesmo tive um carcinoma basocelular, em decorrência das minhas atividades profissionais como professor de Educação Física. Desconhecia que tudo o que contraímos de irradiação solar fica no organismo e me preocupo também muito com as doenças ocupacionais. Imagine os milhares de trabalhadores do Brasil que estão expostos ao sol diariamente? Agora, me pergunto: os trabalhadores têm acesso ao tratamento e diagnóstico? As empresas oferecem esta prevenção?”
 
De acordo com o Dr. Thiago Duarte, o melanoma é um tumor extremamente agressivo e maligno que vai afetar vários segmentos do corpo humano. “Poderíamos integrar o protetor solar como equipamento para proteção ao trabalhador pensando na saúde dos servidores e nos agentes comunitários de saúde. Precisamos ter ações legislativas no sentido de facilitar o acesso de pacientes com câncer às ações especializadas. Não podemos retardar o atendimento aos pacientes.”

Bernardino Vendruscolo (PROS) lembrou que enfrentou um melanoma no olho. "Quando enfrentamos essadoença, acabamos conhecendo outras pessoas com o mesmo problema, por issoestamos criando uma confraria para compartilhar experiências”, relatou.Vendrusculo também destacou que todos que vivem essa realidade precisam ter fée acreditar, além de contar com a capacidade técnica dos médicos através dodiagnóstico precoce para poder buscar a cura. “O debate desses assuntos é muitoimportante, pois há um desconhecimento da população, especialmente no quesitoda prevenção. ”

João Carlos Nedel (PP) destacou que tendo suaformação acadêmica como contador, é um pouco leigo no assunto, por issoaproveitou para fazer alguns questionamentos aos médicos.“Gostaria de saber, por exemplo, quais os órgãos mais atingidos por metástase? Soube que em São Paulo existe um exame que faz um mapa de todos os sinais que existem no corpo. Existe essa tecnologia em Porto Alegre?”

Texto: Juliana Demarco (estagiária de Jornalismo)
          Mariana Kruse (reg. prof. 12088)
          L
isie Venegas (reg. prof. 13.688)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

Ouça: Câmara aborda prevenção do melanoma