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Carris apresenta balanço e planejamento para reduzir déficit

Demonstrativo foi explanado nesta terça-feira na Cefor

  • Comissão debate novos rumos para a Carris.
    Empresa apresentou demonstrativo de ações já empreendidas e outras previstas (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Comissão debate novos rumos para a Carris.
    Reunião da Cefor, na manhã desta terça-feira (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

“Começar a entregar os serviços pelos quais a população paga e zerar o déficit”. Os dois principais desafios da Carris na atual gestão foram apresentados pela diretora-presidente da companhia, Helen Machado, durante reunião da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta terça-feira (9/7). Acompanhada da equipe diretiva da Carris, a gestora apresentou os resultados do último biênio, cenário, ações para diminuir o déficit e aumentar a qualidade do serviço, bem como os desafios para tornar a empresa sustentável economicamente.

“A Carris tem situação falimentar do ponto de vista contábil”, alertou, destacando, porém, que as ações da atual gestão têm diminuído custos operacionais e o déficit da empresa. “Conseguimos melhorar a situação da empresa, mas ainda não conseguimos resolvê-la. Uma empresa que não tem resultados não reinveste no negócio”, afirmou. Para ela, é necessário seguir avançando internamente e, ao mesmo tempo, recuperar passageiros para o sistema de transporte coletivo. A queda de usuários pagantes chega a 26% nos últimos anos, o que diminui a lucratividade das empresas do setor, inclusive da Carris. Conforme Cesar Gricuc, diretor administrativo e financeiro, o aumento orçamentário anual, em torno de 4%, acaba sendo inferior ao aumento da tarifa devido à diminuição do número de passageiros.

Outro ponto fundamental apresentado pela diretoria é a renovação da frota da empresa, que hoje tem média de 9,2 anos, sendo que cada ônibus percorre cerca de 250 quilômetros ao dia. Em 2018, o valor de manutenção foi de R$ 163 mil por veículo. “Conseguimos incluir cerca de 70% desse valor na tarifa, o restante precisa ser absorvido pela empresa”, explicou Helen Machado. Ela apontou o alto gasto com manutenção como consequência do pioneirismo da Carris com a acessibilidade, a instalação de ar-condicionados e o monitoramento por câmeras nos ônibus, defendendo que a empresa se enquadre às regras do sistema de transporte, oferecendo o mesmo serviço das demais prestadoras do serviço, sob o risco de ter um custo mais elevado. 

Déficit

Conforme a diretora-presidente, a Carris teve déficit de R$ 233 milhões ao longo de seis anos até 2016. “Me questiono como ninguém dentro da empresa viu ou cobrou isso", questionou. O demonstrativo do resultado do exercício da companhia apresenta diminuição do déficit, chegando a um prejuízo de R$ 19 milhões em 2018. Um dos fatores para a redução do déficit foi a diminuição das gratuidades no transporte coletivo. Já o lucro bruto apresentou saldo positivo de R$ 11,9 milhões, em contraponto aos saldos de - R$ 8, 2 milhões em 2017 e - R$ 17,1 milhões em 2016.

Outro ponto positivo ressaltado pela equipe foi a diminuição dos aportes da Prefeitura para a Carris, que foram de R$ 55 milhões em 2016, R$ 48,7 milhões em 2017 e R$ 19 milhões em 2018, o que representa uma redução de 65,4%. O custo com o pagamento de financiamentos diminuiu de R$ 44 milhões para R$ 18 milhões. Entretanto, a empresa ainda encontra limitações no acesso ao crédito, o que dificulta a renovação da frota.

Gestão

O plano de gestão em execução na Carris é dividido em quatro pilares: gestão de pessoas, de qualidade, financeira e operacional. “Todos eles direcionam a empresa para zerar o déficit e aumentar a qualidade do serviço”, explicou a diretora-presidente.

Edison Luis Marques, diretor técnico, apresentou as ações que resultaram na diminuição dos custos operacionais, como readequação de pessoal, revisão das tabelas horárias e a implantação do início da jornada de trabalho dos cobradores nos terminais, ao invés da garagem. Com isso, as horas-extras foram reduzidas em R$ 300 mil, uma economia de 33,4%. Marques também destacou a necessidade de renovação da frota para diminuir as falhas e quebras de veículos durante as viagens.

Com relação à gestão de pessoal, foram reduzidos em 19,4% os cargos em comissão (CCs), em 10% os funcionários e em 21,8% as funções gratificadas. Também foi realizada revisão dos benefícios com a suspensão do Programa de Participação dos Resultados Carris (PPRC), que gerou economia de R$ 1,8 milhão. Outra ação apresentada pela diretoria foi a ampliação de 570% das horas de treinamento por colaborador, o que resultou em redução de 60% das avarias em veículos, 56% de acidentes de trabalho e de 40% em acidentes de trânsito.

A área jurídica da empresa também foi readequada, “visando maior eficácia”. Com as alterações, foram reduzidas em 75% as indenizações de ações cíveis e 45% as indenizações por ações trabalhistas. Outra ação apresentada foi a redução de desperdícios com água, energia elétrica, telefonia móvel e a venda de ônibus desativados. “O ônibus precisa der vendido imediatamente após a saída de circulação”, destacou Helen Machado, citando que se a empresa deixar o veículo parado, ele caba sendo vendido como sucata.

Os principais indicadores apresentados como resultado desse planejamento são a redução de custos de R$ 9,4 milhões em gastos com pessoas, R$ 4,4 milhões em indenizações, R$ 3,2 milhões com a revisão de tributos e R$ 2,6 milhões com a revisão de contratos com fornecedores de peças e de combustível. 

Vereadores

O vereador Airto Ferronato (PSB), presidente da Cefor, disse que “a exposição foi muito elucidativa e os números mostram a evolução da Carris”. Felipe Camozzato (Novo), vice-presidente da Comissão, destacou que, com a diminuição de passageiros, há necessidade de rediscussão do edital de licitação do transporte coletivo sob pena de falência do sistema. “É preciso remodelar para algo mais condizente com a realidade”, afirmou.

Mauro Pinheiro (Rede) parabenizou a gestão da Carris e também defendeu a revisão do sistema de transporte coletivo, pois “a dificuldade da Carris está além da gestão da empresa”, citando a diminuição de usuários do modal como um todo. Os vereadores Idenir Cecchim (MDB) e João Carlos Nedel (PP) também participaram da reunião. Pela Carris, estiveram ainda presentes a coordenadora de comunicação e marketing, Clarissa Minoggio de Sá, e os assessores Márcio Fagundes e Sandro Gonçalves.

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

Tópicos:Ônibus UrbanoCarris