Comissões

Cosmam debate microflorestas urbanas e parque linear

  • Microfloresta Urbana e Parque Linear do Arroio Passo Fundo.
    Vereadores reconheceram importância dos projetos, que demandam estudos mais aprofundados (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • Microfloresta Urbana e Parque Linear do Arroio Passo Fundo. Na foto, a presidente da ONG Toda Vida, Ligia Miranda.
    Para Lígia Miranda, rede de microflorestas ajudaria a combater a poluição (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

A criação da rede de microflorestas urbanas de Porto Alegre e do parque linear do Arroio Passo Fundo foram os temas tratados na reunião ordinária Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta terça-feira (23/05). Pela comissão, participaram os vereadores Paulo Brum (PTB), Mauro Pinheiro (Rede), Aldacir Oliboni (PT), José Freitas (PRB) e Moisés Maluco do Bem (PSDB). O presidente da Cosmam, André Carús (PMDB), coordenou os trabalhos. 

Representante da ONG “Toda a Vida”, a engenheira Lígia Miranda salientou que Porto Alegre é a segunda cidade mais poluída do Brasil e que uma rede de microflorestas ajudaria a combater essa realidade. As microflorestas, ensinou a especialista, devem ser produzidas em áreas de aproximadamente 100 metros quadrados, em espaços correspondentes a seis vagas de estacionamento para automóveis.  A vantagem, avalia a engenheira, é que eliminam os gases poluentes com eficiência 30 vezes maior do que uma floresta natural e criam 100 vezes mais biodiversidade. Como um pulmão é pouco, explicou, a ideia é entregar dez microflorestas em locais tecnicamente adequados e em consonância com as necessidades das comunidades. 

Essas construções, conforme Lígia, incorporam tecnologias ambientalmente sustentáveis, tais como o ecotelhado e o ecopavimento que permitem drenagem da água da chuva, onde se pode plantar flores. A iluminação ocorre por baterias fotovoltaicas alimentadas por energia solar. Conforme informou, 40 mil mudas já estão prontas para serem plantadas.

Oscar Pellicioli, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, assinalou que a Prefeitura é signatária do Pacto de Milão, um tratado sobre sustentabilidade, e tudo o que estiver ao alcance da Secretaria será mobilizado no sentido de tornar a iniciativa viável. Ele colocou as estruturas do DEP, DMLU, Dmae e Demhab à disposição como parceiros técnicos. O representante do Executivo disse ter conhecido, em visitas à Alemanha e Dinamarca, iniciativas semelhantes onde também são estimuladas as hortas e os pomares urbanos com a doação da produção às creches e aos asilos. De acordo com Pellicioli, o município tem como encontrar parcerias com proprietários de viveiros de plantas de Santa Catarina e Paraná, no sentido de adquirir mais mudas.

Parque linear

Já o representante do Projeto “Parque Linear do Arroio Passo Fundo”, João Manoel Feijó, da empresa Ecotelhado, quer transformar o manancial - que desce desde o Morro da Apamecor, em Teresópolis, até desaguar no rio Guaíba, entre o Jockey Clube e o Barra Shopping, no Bairro Cristal, em 3,6 quilômetros de extensão - em um parque linear ecológico. Para tanto, a empresa se vale de sua experiência na construção de jardins suspensos em prédios comerciais e paredes verdes. 

Feijó afiançou que, apesar de ser conhecido como um arroio, o Passo Fundo é, na realidade, um rio ainda vivo com peixes e pode ser recuperado, mas recebe esgoto cloacal. Ele garante ter condições de implantar um sistema de tratamento de esgoto ecológico, capaz de recolher o material orgânico e transformá-lo em compostagem. Depois dessa etapa, seria construído um parque com trilhas e área de educação ambiental para as populações ribeirinhas.

O representante da Secretaria de Assuntos Urbanos, Hélio de Almeida Coelho, por outro lado, alertou que grande parte do Arroio Passo Fundo passa por dentro de propriedades particulares. “É o esgoto do bairro há mais de 50 anos. Eu me criei ali”, advertiu.

Encaminhamentos

Para o vereador Mauro Pinheiro, esses projetos normalmente são difíceis de implantar em Porto Alegre por conta das questões legais, tais como a dificuldade em liberar terrenos públicos, mas sugeriu que a Prefeitura aponte terrenos de sua propriedade para servir de plano-piloto. “O Arroio é uma questão mais complicada por conta das ocupações e por percorrer propriedades particulares, reconheceu Pinheiro.”

Aldacir Oliboni (PT) questionou quais mudas estão em preparo para as microflorestas, pois não podem ser plantadas, por exemplo, árvores que ameacem a integridade física das redes subterrâneas de gás, energia e cabos de fibra ótica, bem como que possam danificar as redes de luz e de telefonia, instaladas em postes. Além disso, advertiu Oliboni, é preciso considerar a rede de monitoramento da cidade. No seu entendimento, as microflorestas não podem criar pontos cegos na rota das câmeras da prefeitura e da Secretaria de Segurança Pública.

O presidente da Cosmam, André Carús, reconheceu que os dois projetos são interessantes, porém demandam estudos mais aprofundados. Ao final da reunião, ele informou a criação de um grupo de trabalho (GT) para a implantação do projeto piloto das microflorestas. Sobre a proposta do parque linear, Carús reconheceu que, por envolver propriedades particulares, áreas de ocupação e regiões sob intervenção do Programa Sócio Ambiental (Pisa), a operação deveria começar por um amplo programa de educação ambiental das comunidades envolvidas. De qualquer forma, a criação do parque será incluída na pauta do GT.

Texto: Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)