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Cosmam debate políticas de saúde para idosos

Uma das preocupações é o aumento do número de suicídios e casos de HIV entre as pessoas acima de 60 anos

  • Reunião sobre a Saúde do Idoso.
    Vereadores receberam entidades e profissionais da área da saúde (Foto: Candace Bauer/CMPA)
  • Reunião sobre a Saúde do Idoso. Na foto, o coordenador de Atenção Primária da secretaria municipal de Saúde, Thiago Frank.
    Thiago Frank citou a dificuldade de acesso dos idosos ao atendimento (Foto: Candace Bauer/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu, nesta terça-feira (17/10) pela manhã, as políticas de atendimento em saúde ao idoso na Capital. A reunião foi coordenada pelo presidente da Cosmam, vereador André Carús (PMDB). A assessora técnica na área de saúde do idoso, Sibele Fuentes, disse que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) conseguiu garantir recursos para abertura de 54 vagas em instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Segundo ela, a SMS também promoveu curso de formação de cuidadores de idosos, com 22 alunos, em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), bem como tem desenvolvido um trabalho em relação à violência contra idosos e a capacitação de 80 equipes de Saúde da Família quanto a protocolos para atendimento aos idosos.

Sibele considerou preocupante o aumento do número de suicídios e de casos de HIV entre idosos e afirmou que é preciso formação multiprofissional em saúde para atender esta clientela. Ela lamentou que não existam ILPI públicas e que ainda sejam destinados poucos recursos para atendimento ao idoso. Segundo a assessora, a maioria dos projetos nesta área é realizado por meio de parcerias com outras instituições.

Coordenador da atenção primária em saúde na SMS, Thiago Frank disse que ainda há dificuldade de acesso da população idosa ao atendimento. “Se não houver mais investimentos, há risco de colapso no atendimento, pois esta população aumenta cada vez mais no Estado e no Brasil.” Ele também destacou a função importante que os enfermeiros exercem no atendimento ao idoso na rede pública, especialmente no tratamento das doenças crônicas.

Wilson Pastorini, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, defendeu o princípio da prioridade absoluta de atenção ao idoso no atendimento em saúde e destacou que a população de idosos em Porto Alegre é de cerca de 275 mil pessoas. Para Teresinha Borges, da Associação Brasileira em Defesa de Usuários de Sistema de Saúde (Abrasus), o idoso ainda é visto “como um estorvo” por parte da sociedade, sendo necessário “um olhar mais humano” em relação a eles.

Já o conselheiro Roberto Rodrigues da Silva, do Conselho Municipal do Idoso (Comui), observou que a velocidade com que se deu o aumento da população idosa no Brasil superou todas as expectativas. “É a primeira geração, no Brasil, de pessoas mais longevas, e ainda temos poucos dados sobre isso. A tarefa do Comui é fazer um diagnóstico da situação e identificar o perfil dos idosos de Porto Alegre.” Ele ainda alertou que há necessidade de maior enfrentamento da grande demanda por atendimento em saúde mental entre idosos, pois houve redução de recursos públicos para a área da saúde.

Assistência continuada

O vereador Aldacir Oliboni (PT) lembrou que a expectativa média de vida dos porto-alegrenses é de 77 anos. “O poder público, no entanto, não consegue garantir o fornecimento de medicamentos necessários aos idosos.” Ele considera que o Programa de Saúde da Família (PSF) foi uma importante conquista, mas a assistência continuada ainda é falha, sendo necessário ampliar as políticas públicas de assistência ao idoso. José Freitas (PRB) lamentou que muitos idosos estejam abandonados pelas famílias e pelo poder público em asilos, sem nenhuma atenção.

Já o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Idoso, vereador Alvoni Medina (PRB), destacou que Porto Alegre é a cidade brasileira com maior percentual de pessoas idosas no Brasil, havendo necessidade de mais capacitação de profissionais de saúde e de cuidadores para prestar atendimento qualificado aos idosos. Ele também defendeu que haja mais equipes de saúde para cuidar dos idosos em seus domicílios, diminuindo, assim, o número de internações hospitalares. “O poder público precisa olhar mais atentamente para o idoso.”

Também participaram da reunião os vereadores Paulo Brum (PTB) e Mauro Pinheiro (Rede), além de representantes da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), entre outras entidades.

Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)