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Críticas ao desmonte do SUS marcam reunião da Cosmam

Ações para enfrentar as doenças de inverno. Na foto: Secretário Municipal de Saúde Fernando Ritter e vereadores Lourdes Sprenger e Jussara Cony
Fernando Ritter apresentou dados de ações da Prefeitura (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Na manhã desta terça-feira (5/7), a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) realizou uma reunião para tratar dos casos de gripe e da Campanha de Vacinação. O encontro na Câmara Municipal de Porto Alegre, contudo, foi marcado por críticas ao possível desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS). A presidente da Cosmam, Lourdes Sprenger (PMDB), iniciou a atividade relatando as mortes por Gripe A no Estado, que já chegam a 160 desde o início do ano. Porto Alegre lidera em casos confirmados (25,6%) e também em óbitos (28). “A quantidade de casos de internação aumentou de 885 para 972. São números que só perdem para 2009, quando ainda não havia a vacina, e um surto matou 298 pessoas em 12 meses”, ressaltou a vereadora.

O secretário da Saúde da Capital, Fernando Ritter, por sua vez, resolveu abrir sua fala destacando o momento crítico que o País enfrenta em relação ao SUS. “Estão matando o SUS aos poucos. E agora jogaram ladeira abaixo”, alertou.

Com relação aos casos de gripe, garantiu que a taxa de mortalidade em moradores de Porto Alegre é mais baixa do que a do Estado: 11% na Capital contra 17% no RS. “Isso porque a atenção básica tem prestado um atendimento de maior qualidade, atingindo 71,6% de cobertura atualmente.” 

Segundo ele, a Capital conta com 141 unidades de saúde e 211 equipes de saúde de família, sendo que mais de 100 profissionais fazem parte do programa Mais Médicos, do governo federal. “Nenhuma unidade está sem médico. Algumas têm menos do que a gente gostaria. Em função do contingenciamento de recursos, temos dificuldade na reposição dos profissionais”, explicou. “Mas quem critica o Mais Médicos deve lembrar que, se o programa não existisse, estaríamos numa situação muito pior.”

Também informou que houve um aumento de 15% das pessoas procurando a atenção básica, e de 20% acima da média na procura de emergências. “Nunca tivemos tanta gente de fora da Capital buscando atendimento, até porque os hospitais do interior estão sobrecarregados. Isso também envolve o setor privado”, comentou.

E cobrou mais empenho. “Precisamos que a União e o Estado assumam suas responsabilidades. Se não tivermos o suporte financeiro, provavelmente mortes evitáveis acontecerão.” Pediu o apoio também da Câmara. “Temos que unir forças em defesa do SUS, para que possamos prestar um atendimento digno à população. Essa crise não começou agora. Temos avançado bastante, mas ainda há muito por fazer”, concluiu.

A vereadora Jussara Cony (PCdoB) endossou as críticas ao desmonte da saúde pública. “Sou líder de oposição, mas tenho uma concepção de direitos da população, que pressupõe que tenhamos que fazer o que esta comissão está fazendo”, elogiou. 

Ressaltou, ainda, que o SUS está sendo destruído. “O ministro recomenda que se vá para planos privados. Quem pode pagar? Fora que, nos privados, não têm assistência integral”, comentou, fazendo referência a Ricardo Barros, que comanda o Ministério da Saúde no governo do presidente interino Michel Temer. “Ele disse que o GHC (Grupo Hospitalar Conceição) tem inchaço, o que não é verdade. Temos que valorizar nossos profissionais. Complexos públicos são estratégicos para o desenvolvimento de ciência e tecnologia”, exclamou.

A parlamentar pediu que a Cosmam marque uma visita ao prefeito para agilizar a contratação de novos farmacêuticos. “É importante esse investimento porque diminui custos quando temos um profissional para cuidar do uso racional dos medicamentos.” Além de Lourdes e Jussara, estiveram presentes o vice-presidente da Cosmam, Dr. Goulart (PTB), e os vereadores Kevin Krieger (PP) e Mario Manfro (PTB).

Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)