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Cuthab visita a Casa de Passagem Carandirú

Crianças, jovens e adultos reclamam dos resíduos, fezes e ratos espalhados pela comunidade

  • Vereadores visitam casa de passagem conhecida como “Carandiru”, situada no bairro Navegantes.
    Esgoto aberto é um dos principais problemas da Casa de Passagem (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Vereadores visitam casa de passagem conhecida como “Carandiru”, situada no bairro Navegantes. Na foto, vereadores Roberto Robaina, Karen Santos e Marcelo Sgarbossa.
    Vereadores foram conhecer a realidade do local, na zona norte de Porto Alegre (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

“Aqui era para ser um local provisório, mas nunca tiram a gente”, relatou Sidiney Silva de Oliveira, pedreiro, 29 anos, que, por estar há três meses desempregado, precisou ir morar com a sua mãe (ela reside há 12 anos no local) na Casa de Passagem Carandirú. Localizada na Rua Frederico Mentz, zona norte da capital, vereadores da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre, conheceram pessoalmente, na tarde desta terça-feira (9/7), a realidade de dezenas de famílias.

Para o morador e cadeirante Maurício Baptista da Silva, 30 anos, desempregado, que precisa se locomover três vezes por semana em função de realizar sessões de fisioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a situação é ainda pior. A rua principal do Carandirú, assim como as travessas laterais, não são asfaltadas. “Em dias de chuva é complicado. Não consigo me locomover”, lamentou ao mencionar que “não só tudo fica alagado, como terra, fezes e ratos invadem as nossas casas”. Outro problema também citado por Maurício são os resíduos espalhados no chão da comunidade. “Falam que vão tirar o lixo, mas, como vocês podem ver, ele está aí”. 

Alexandre Lima, 33 anos, vigilante, abordou os resíduos espalhados pelo Carandirú. Mostrou a “praça infantil” com os brinquedos destruídos. Apresentou, atrás da praça, um dos depósitos onde os resíduos são largados (sem contar os resíduos jogados em outros pontos da comunidade e as fezes alastradas pelo chão). Segundo Alexandre, “não temos coleta seletiva”. O morador contou que as crianças “passam por cima do lixo”. Crianças, estas, que são várias; que se arriscam a brincar com o que ainda resta da praça; que andam de pés descalços; e que convivem com a enorme quantidade de animais - cachorros e gatos -, também habitantes do local. Além dos resíduos, o vigilante exibiu e falou sobre “a precariedade dos fios de luz”. 

Conforme Eliane Azevedo Pimentel, 17 anos, estudante da Educação para Jovens Adultos (EJA), não existem lixeiras no Carandirú. Eliane disse que os próprios moradores já tentaram desentupir o esgoto, “já que ninguém vem aqui, e não conseguimos. Continua o lixo, o mau cheiro, as fezes e a terra entrando nas nossas casas quando alaga”. 

Na oportunidade, a vereadora Karen Santos (PSol) e o vereador Roberto Robaina (PSol), ambos da Cuthab, participaram da visita. O vereador Marcelo Sgarbossa (PT), proponente da ação, observou que “a comunidade está abandonada”. O proponente, que já conhecia o local, falou sobre a importância de os vereadores saírem dos gabinetes e olharem a realidade com os próprios olhos. “Precisamos conseguir, no mínimo, uma raspagem nas ruas. Esse é um direito que já deveria ser atendido há tempo”, sublinhou.

Texto

Bruna Schlisting Machado (estagiária de Jornalismo)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)