Pauta

Filme sobre Dercy Furtado será lançado na Câmara

A ex-vereadora e ex-deputada foi a primeira mulher eleita para a titularidade no Legislativo da Capital.

Dercy Furtado, na Câmara Municipal de Porto Alegre
Dercy Furtado, na Câmara Municipal de Porto Alegre (Foto: Josiele Silva/CMPA)

O lançamento do filme curta-metragem Dercy Furtado, que integra o Projeto Cinematográfico Memorial das Mulheres RS, ocorrerá às 17 horas desta quarta-feira (15/3) no Teatro Glênio Peres da Câmara Municipal de Porto Alegre. A exibição do documentário dá continuidade à série de ações da Procuradoria Especial da Mulher do Legislativo da Capital, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. A entrada é gratuita.

O Projeto Cinematográfico Memorial das Mulheres do RS apresenta a história de mulheres que tiveram participação destacada nas conquistas dos direitos e da valorização feminina. Entre as personagens do projeto, estão, além de Dercy, a socióloga Enid Backes e a professora Matilde Cechin. 

Filha de agricultores de Morungava, distrito de Gravataí, Dercy Furtado trabalhou na roça até os 12 anos e, aos 14, já em Porto Alegre, deixou de estudar, em função das dificuldades financeiras, para trabalhar como operária do Laboratório Geyer. Mais tarde retomou os estudos e conheceu Jorge Alberto Furtado, seu professor de português, que se tornou seu marido e incentivador. 

Mãe de seis filhos - Cláudio, Sérgio, Nina, Maria da Graça, Jorge e Thaís -, Dercy dedicou-se aos encontros e às atividades da igreja e da comunidade, com ideias em prol da valorização da mulher. Em 1972, ela concorreu pela primeira vez a uma vaga no Legislativo da Capital, sendo a vereadora mais votada e a primeira mulher a ser eleita para a titularidade na Câmara de Porto Alegre. A ex-vereadora Julieta Battistioli atuou na Casa antes de Dercy, em alguns momentos entre 1947 e 1951, mas ela era suplente. 

Em 1975, Dercy foi a terceira mulher a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, sendo reeleita por outros dois mandatos. Conhecida pelos discursos fortes, uma das suas primeiras conquistas em nome das mulheres foi aprovar uma mudança no Regimento Interno da Assembleia, derrubando a proibição da entrada de mulheres vestindo calças compridas no plenário. Antes, apenas saias eram permitidas. Ao longo da vida, Dercy ainda defendeu as bandeiras do planejamento familiar e dos direitos das donas de casa e das mulheres trabalhadoras, a exemplo da luta pelo direito das empregadas domésticas de terem salário mínimo, férias e horário fixo.

Em 1977, como autora do livro Cortando as Amarras, Dercy defendeu medidas em defesa das mulheres, tais como: a mudança na legislação trabalhista para que elas pudessem trabalhar à noite, a aposentadoria para a dona de casa, a criação de casas de estudantes femininas nas universidades e a retirada, do Código Civil, da prova de virgindade como justificativa para a anulação do casamento.

Texto: Angélica Sperinde (reg. prof. 7862)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)