Plenário

Grupos teatrais reivindicam reocupação de pavilhões do São Pedro

Manifesto do Condomínio Cênico foi lido no Plenário Otávio Rocha nesta quinta-feira.

  • Tribuna Popular: Grupo de Teatro do Hospital Psiquiátrico São Pedro – Condomínio Cênico. Na foto, a representante do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio Grande do Sul, Alessandra Beatriz Malheiro Barbosa.
    Adriana Barbosa leu manifesto pela reocupação de pavilhões do São Pedro (Foto: Luiza Dorneles/CMPA)
  • Tribuna Popular: Grupo de Teatro do Hospital Psiquiátrico São Pedro – Condomínio Cênico.
    Pronunciamento na tribuna teve acompanhamento nas galerias do Plenário Otávio Rocha (Foto: Henrique Ferreira Bregão/CMPA)

Representante do Condomínio Cênico que desde o ano 2000 vinha ocupando os pavilhões 5 e 6 do Hospital Psiquiátrico São Pedro, Adriana Beatriz Malheiro Barbosa pediu nesta quinta-feira (8/6) que estes dois prédios sejam devolvidos para o uso por parte dos cinco grupos de teatro que lá desenvolviam suas atividades. A reivindicação foi feita durante o espaço da Tribuna Popular, na sessão plenária da Câmara Municipal de Porto Alegre. “Retirar arbitrariamente os grupos do hospital é retirar do povo a possibilidade de uso daquele espaço. O prédio jamais voltará a ser um hospital, mas pode ser um grande centro cultural de referência em nosso país”, destacou Adriana ao ler manifesto elaborado por Giancarlo Carlomagno.

No texto apresentado ao plenário do Legislativo porto-alegrense, foi historicizada a ocupação destes dois pavilhões a partir do ano 2000, com a assinatura de vários termos de convênios e cessões de uso do espaço ao longo dos anos, sempre com intermediações das secretarias de Estado da Saúde e da Cultura. Contudo, em novembro de 2016, conforme lembrou Adriana, os grupos foram desalojados pela direção do hospital sob a alegação de que não havia um Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) para o local. Isso ocorreu às vésperas do grupo Falos & Stercus, uma das companhias que desenvolvia lá suas atividades, estrear um novo espetáculo. “Foi uma ardilosa expulsão que fere a livre expressão artística”, destacou.

“Os grupos cuidaram dos espaços por 17 anos ininterruptamente”, afirmou ainda a representante do Condomínio Cênico ao citar que, durante esse período, foram promovidas algumas benfeitorias nos pavilhões, incluindo reparos estruturais e elétricos, além de limpeza e manutenção, sempre às expensas dos artistas. “O laudo de interdição atingia a todos os prédios do São Pedro. Mas uma rasura no item total, passando para interdição parcial, demonstra a vontade de expulsar os grupos que trabalham diariamente para o sustendo de si e de suas famílias”. Segundo Adriana, 50 famílias foram diretamente prejudicadas. “O local, desde então, permanece vazio e voltou ao abandono”, lamentou ela.

Ainda no manifesto do Condomínio Cênico foi afirmado que a ocupação artística dos pavilhões sempre ocorreu de formas racionais e com diálogo entre os grupos, secretarias estaduais e direção do hospital. “Os blocos se tornaram um centro de produção e apresentação teatral da cidade”, ressaltou Adriana ao enfatizar que aqueles espaços estavam abandonados e ociosos. “Não viemos fazer uma solicitação, viemos fazer uma exigência, de que se cumpram desígnios da legalidade, que o espaço público seja para uso da população, que o patrimônio histórico e cultural de um Estado esteja de alguma forma nas mãos de seu povo”, finalizou o texto lido por Adriana.

Texto: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)