Tribuna Popular

Liga pede conclusão do sambódromo e critica falta de verbas para o carnaval

Carnavalesco também reivindicou títulos de posse para quadras de escolas de samba

Propagação e Avanços da Cultura Popular. Na foto, o representante da Asssociação Quilombo sociocultural afrobrasileiro Liga Independente das Entidades Carnavalescas do Rio Grande do Sul (LIERGS), Alan Carlos Dias da Silva.
Alan Silva falou pela Associação Quilombo Sociocultural Afro-brasileiro na Tribuna Popular (Foto: Henrique Ferreira Bregão)

“Não consigo visualizar como um orçamento aprovado por essa Câmara não seja executado. Esse mesmo Legislativo não se impõe, não fiscaliza o Executivo que não executa”. Ao fazer estas afirmações, Alan Carlos Dias da Silva lamentou e criticou a falta de destinação de recursos financeiros e de cumprimento de projetos de infraestrutura ligados ao carnaval da Capital. Secretário de Organização e Administração da Associação Quilombo Sociocultural Afro-brasileiro Liga Independente das Entidades Carnavalescas do Rio Grande do Sul (Liergs), Silva ocupou a Tribuna Popular na sessão ordinária da Câmara Municipal na tarde desta segunda-feira (15/5).

O representante da Liga lembrou ao plenário que parte do sambódromo foi concluída em 2004, e entregue ao uso pelo então prefeito João Verle. “A partir daí tivemos três ou quatro promessas de conclusão. Então, porque não se concretiza”, questionou. “Mandaram buscar dinheiro na iniciativa privada, mas quem dá dinheiro neste mundo? Isso não existe sem isenção fiscal”. Além da conclusão do sambódromo, com a construção das arquibancadas, Silva reivindicou que sejam expedidos títulos de posse às quadras das escolas de samba. “São cedências há mais de 30 anos”, afirmou ao dizer: “Carnaval é cultura”.

Silva igualmente falou ser conhecedor dos problemas financeiros do Estado e da Cidade, contudo destacou o que isso representa para o carnaval.  “Enfrentamos anualmente imensas dificuldades de se conseguir construir um espetáculo mínimo”, revelou ao lamentar comparações feitas pela imprensa entre o carnaval de Porto Alegre e o do Rio de Janeiro. “São bizarras, o Rio é uma cidade sem preconceitos, uma cidade carnavalesca”. Ele, porém, afirmou que no Estado, Uruguaiana também é uma cidade carnavalesca: “as socialites de lá vestem camisetas de escolas de samba e desfilam, mas em Porto Alegre isso não acontece”.

O orador disse ainda que as entidades carnavalescas são agentes econômicos e sociais que trabalham nas periferias com setores de alta vulnerabilidade. “A sociedade que possui condições de contribuir com eles, para eles é invisível”, lamentou. “Temos só três dias por ano, e neste ano, não tivemos nenhum dia”. Silva pediu que os vereadores incluam no orçamento do Município verbas para revitalização de espaços culturais da cidade. “Não podemos continuar a ser uma parte invisível de nossa sociedade”, solicitou. “Queremos uma sociedade parceira, amiga e companheira, que contribua no resgate de crianças que estão indo para mãos do tráfico”, concluiu.

Texto e edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)