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Meio ambiente: ONG apresenta reivindicações na Cosmam

Vereadores ouviram reivindicações da Vida Viva nesta terça-feira Foto: Desirée Ferreira
Vereadores ouviram reivindicações da Vida Viva nesta terça-feira Foto: Desirée Ferreira
Presidente da Vida Viva, organização não-governamental com trabalho voltado à defesa do meio ambiente, Marcelino Pogozelski apresentou na manhã desta terça-feira (9/7), na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre, pauta de reivindicações e sugestões para estabelecimento de debates, políticas públicas e projetos na Capital. Conforme Pogozelski, estas mesmas propostas foram apresentadas em fevereiro ao vice-prefeito Sebastião Melo. Ele, contudo, lamentou não ter recebido ainda nenhuma resposta ou encaminhamento de parte do Executivo.

A lista da Vida Viva é formada por 10 pontos: podas e limpeza de parasitas, cicatrizações de árvores, cadastro das espécies nativas, adubação orgânica e compostagem, educação ambiental nas escolas, plantio de arvores frutíferas e nativas e resíduos orgânicos. Completam a lista os itens projeto ambiental de canalização de valos, risco de acidentes nas bordas destes canais de escoamento de águas pluviais e detritos e projeto de urbanização com restauração de plantio de árvores nativas. Pogozelski disse estar faltando planejamento para o futuro da Cidade. “Precisamos debater um projeto para Porto Alegre que inclua qualidade de vida”, destacou.

Riscos

Na questão específica de podas, Pogozelski criticou a situação de algumas árvores da cidade, as quais considerou terem sido trucidadas, bem como lamentou a falta de manutenção nestes serviços no que diz respeito à cicatrização dos ramos cortados. O presidente da Vida Viva argumentou que cortes em V, para passagem da rede elétrica, muitas vezes ocasionam infiltração nos troncos onde não é feito o tratamento de cicatrização, podendo então incorrer em riscos a cidadãos, ao trânsito e mesmo à rede elétrica, se houver queda de ramos. Também destacou a importância do acompanhamento permanente do ciclo de vida destes vegetais com a adubação.

Da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Vanessa Melgaré disse na reunião que a entidade vem recebendo muitas reclamações a respeito de podas em árvores em via públicas ou em terrenos privados. “Mas não temos retorno das questões que encaminhamos à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) e não conseguimos responder as reclamações que recebemos sobre o motivo de podas”, lamentou. Vanessa também criticou a realização de podas sem critérios ou conhecimento técnico e questionou a adoção de praças e parques, tendo exemplificado com a Praça Salvador Allende, entre as avenidas Loureiro da Silva e João Pessoa, que foi urbanizada seguindo projeto próprio da empresa que adotou este local.

Plano

Leo Antonio Bulling, supervisor de Praças, Parques e Jardins da Smam, afirmou na oportunidade que todas as podas realizadas pela secretaria são feitas após vistoria prévia de técnicos. Lembrou, porém, que algumas vezes este serviço é executado de forma terceirizada, devido à pouca disponibilidade de pessoal da Smam. Bulling recordou também que a questão das raízes em calçadas é um problema sério na Capital e disse que a Secretaria tem dificuldades em atender muitas das solicitações recebidas. Ainda conforme o supervisor, existem na Capital 1.300 árvores em vias púbicas e são plantadas anualmente entre seis e sete mil mudas como reposição às existentes, além dos plantios determinados por compensações ambientais.

Já o biólogo da Smam André Duarte Puente destacou o fato de que a arborização pública em Porto Alegre foi iniciada por volta de 1920 e intensificada nas décadas de 1930 e 1940. “Temos, por isso, árvores com mais de 90 anos.” Conforme o biólogo, nestas épocas o plantio utilizou cerca de 70% de espécies exóticas. “Isso hoje causa sérios problemas na área urbana”, afirmou. Lembrou, todavia, que atualmente cerca de 80% das mudas produzidas no viveiro municipal e utilizadas no replantio são de nativas, incluindo frutíferas. Puente destacou ainda que nesta área o instrumento de gestão na Smam é o Plano Diretor de Arborização Urbana e que, com sua aplicação, os problemas em calçadas devem ser minimizados, visto que ele estabelece que, nos passeios, 40% da área deve ser vegetada.

Encaminhamentos

A vereadora Jussara Cony (PCdoB), vice-presidente da Cosmam, lembrou que questões levantadas por Pogozelski, como os itens de adubação orgânica e de manejo de resíduos sólidos, devem fazer parte da pauta de discussões da Conferência Municipal de Meio Ambiente, prevista para agosto. A vereadora, contudo, reclamou não ter até o momento o conhecimento de nenhuma providência por parte da prefeitura para a realização deste evento. Conforme Jussara, a conferência municipal é prévia para a estadual e já deveria estar sendo encaminhada. Ela pediu aos técnicos da Smam presentes à reunião da Cosmam que encaminhassem a questão junto ao secretário titular do Meio Ambiente.

Mauro Pinheiro (PT) disse ser necessário saber qual a capacitação das terceirizadas para a realização de podas, bem como sobre a existência de sanções a respeito de podas mal feitas. O vereador também questionou a razão de valos que causam a proliferação de vetores e mau cheiro não serem fechados. “Precisamos saber por que isso não é feito”, disse Pinheiro. A vereadora Lourdes Sprenger (PMDB), que dirigiu a reunião, sugeriu a adoção de projeto desenvolvido pelo DMLU de educação sobre os arroios como forma de serem evitados os problemas descritos por Pogozelski. Também participaram da reunião os vereadores Paulinho Motorista (PSB) e Mario Manfro (PSDB).

Texto: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)