Exposição

Moradores da Ilha dos Marinheiros exibem fotos na Câmara

A comunidade teme pelo seu futuro após a construção da Nova Ponte do Guaíba

  • Exposição "Minha Ilha Fotografo Eu" da CDES Direitos Humanos
    A comunidade mostra vistas e cenas do cotidiano no Bairro Arquipélago (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • Exposição EMEF Porto Alegre
    São 21 fotos de sete moradores, que podem ser conhecidas até dia 4 (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

Minha Ilha Fotografo Eu é a exposição que pode ser visitada até 4 de novembro na Galeria Clébio Sória, térreo da Câmara Municipal de Porto Alegre. Compõem a mostra 21 fotografias feitas por sete pessoas da comunidade da Ilha Grande dos Marinheiros, na Capital, em um projeto coordenado pelo Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES)

Os trabalhos são dos moradores Andréia Santiago da Cruz, Cristiane da Cruz Rodrigues, Jeânnifer Stephanie M., Kauê Giovane de Oliveira Meneghini, Marcos Antônio da Costa, Nádia Cristina Machado de Oliveira e Neusa Teresinha de Araújo Dias. Eles mostram as fundações da nova ponte nos fundos de casa, o pôr-do-sol nas águas do Guaíba, um avião que passa no céu azul, uma cerca colorida, ruas de chão batido, vasos de plantas, um jogo de piões no areão, barcos ancorados, árvores, cachorros, uma vista de Porto Alegre, a Lua no céu, um ensopado feito com animais da criação, a antiga Ponte do Guaíba e um galpão de reciclagem de lixo.

O CDES conta que a comunidade do Bairro Arquipélago tem enfrentado dificuldades com as obras da Nova Ponte do Guaíba. Por isso, a ideia central foi fazer com que os próprios moradores fotografassem a Ilha, suas casas, seu cotidiano e aspectos de sua identidade para mostrar o quanto aquele lugar pertence a eles. As imagens foram clicadas de maio a julho de 2016 com câmeras arrecadadas entre 12 amigos do CDES. 

Os ensaios fotográficos também resultaram em um livro, com o mesmo nome da exposição, que reúne as imagens e depoimentos dos moradores. A mostra na Câmara poderá ser visitada de segundas a sextas-feiras, das 8 às 18 horas, com entrada gratuita, na Avenida Loureiro da Silva, 255. No feriado de 2 de novembro, não haverá visitação. Apoio do gabinete do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) e da Seção de Memorial. Informações: (51) 3220-4318.

Luta por direitos

O CDES foi criado em 2001 no I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Desde o início, a organização não-governamental atuou na defesa e na promoção dos direitos humanos, realizando trabalhos e atividades de inclusão social e assessorando política e juridicamente iniciativas de luta pela moradia na capital gaúcha e no Estado, como movimentos sociais, cooperativas habitacionais, associações comunitárias e de bairros. 

Conforme o CDES, já é possível ver as bases da Nova Ponte do Guaíba, porém, até agora, não foi dada solução para as cerca de mil famílias que terão de ser reassentadas - residentes na Ilha Grande dos Marinheiros, na Ilha das Flores e nas vilas Tio Zeca e Areia. “As pessoas atingidas vivem, portanto, vendo a ponte ser construída e crescendo na sua direção sem que saibam qual será o seu destino, qual a política habitacional e até mesmo sem entender por que devem sair de suas casas”, lamenta a entidade em seu site 

Diante dessa realidade, o CDES, juntamente com os moradores atingidos pela Nova Ponte do Guaíba, decidiu contar um pouco como é a vida de quem vive em uma das comunidades atingidas pela mega-obra. Para o CDES, o livro e a exposição são, sobretudo, “um grito por direitos, um grito por existir, um grito por dignidade, um grito pelos filhos, um grito pelos pais, um grito pela cidade, um grito pela cidade, um grito pela Ilha”.

Texto e edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)