Novo bairro Pitinga pede mais infraestrutura

Moradores do novo bairro Pitinga, situado na Zona Leste, compareceram à reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta terça-feira (5/7), com o objetivo de pedir mais infraestrutura para a comunidade. Criado recentemente em lei municipal, junto à Lomba do Pinheiro, o Pitinga sofre com a falta de ônibus direto para o Centro, o esgoto a céu aberto e a demora na regularização fundiária. As famílias também reivindicam a mudança de local do posto de saúde, situado hoje em um terreno de difícil acesso. Além de vereadores da Cuthab e de líderes comunitários, participaram da reunião representantes de diversos órgãos da prefeitura.

A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), que solicitou a reunião, a pedido da comunidade, lembrou que um processo de regularização fundiária das vilas que formam o Pitinga tramita há mais de três anos na Procuradoria-Geral do Município (PGM), ausente na reunião, embora tenha sido convidada. Fernanda falou que o posto de saúde fica no fim de uma lomba íngreme, o que dificulta o acesso de cadeirantes, idosos e gestantes, e solicitou um estudo para a mudança de local. A vereadora ainda contou que os moradores querem mais ônibus com linha direta para o Centro, sem baldeação, inclusive nos finais de semana, e a instalação de um semáforo em frente à Escola Estadual Nossa Senhora da Conceição, afetada também pela falta de canalização de esgoto.

O carpinteiro Jocemar Fernandes dos Santos, morador do bairro, informou que o pedido de canalização foi feito ao Departamento Municipal de Esgotos Pluviais (DEP) há mais de 60 dias, mas não houve retorno. “Na hora do recreio, tem que ficar cuidando para que as crianças não caiam no esgoto”, lamentou. Jocemar também reclamou da carência de transporte coletivo aos sábados e domingos. “Isso é um desrespeito com quem paga impostos”, criticou. Ele ainda afirmou que o posto de saúde, além de mal situado, “não suporta mais” atendimentos. “E estão entrando no bairro mais dois condomínios com mais de 400 famílias cada.”

A professora Jane Rosa Escandiel, vice-diretora da Escola Nossa Senhora da Conceição, ressaltou a “situação precária” do colégio. “Este é um pedido de socorro. O esgoto está a céu aberto e escoa na via”, disse. Segundo Jane, as crianças, além de terem que estudar em um local nessas condições, ainda correm risco no trajeto para a escola, pois não há calçadas na avenida, e elas têm que caminhar junto ao trânsito de carros, ônibus e caminhões, tendo já ocorrido mortes por atropelamento.

Respostas do Executivo

A gerente distrital da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Rosana Meyer Neibert dos Santos, garantiu que, desde 2014, a pasta tenta resolver a situação do posto. “Estamos atrás de um terreno, mas ele precisa estar regularizado”, disse. De acordo com ela, há três terrenos cujas inscrições estão sendo procuradas em cartório. Rosana também informou que há 6.300 pessoas cadastradas para atendimento no posto. “Todas as ocupações da região estão cadastradas. Por isso o inchaço”, alertou. Conforme Rosana, há um projeto para a ampliação da equipe de atendimento. “Mas antes precisamos de um terreno”, ressaltou.

O gerente de Planejamento e Transporte da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Flávio Antônio Tumelero Júnior, informou que, por dia, mais de 100 viagens de ônibus (em cada sentido) passam pelo Pitinga, mas apenas uma delas, às 7h15min, vai direto ao Centro e de segundas a sextas-feiras. “Sabemos das dificuldades e trabalhamos para melhorar a situação”, garantiu. “Precisamos aumentar o número de viagens nos fins de semana, mas a grande dificuldade é com a linha direta.” Tumelero concordou com a necessidade de melhoras em frente à escola, mas apontou que o problema é estrutural, pois a via tem configuração de estrada. Sobre o pedido de semáforo, afirmou que ainda não tem retorno, mas que irá averiguar.

O engenheiro Enio Renato Alves Júnior, do DEP, contou que, na semana passada, o departamento fez a desobstrução e a limpeza de valas no Pitinga. “Mas o que vai resolver é uma obra, que tem de ser colocada como prioridade pela comunidade”, disse. Alves afirmou que o esgoto transborda porque a caixa da escola não está ligada à rede. “E não há previsão de o Município entrar na escola estadual e fazer a obra”, alertou. Ele acrescentou que a instalação de bocas-de-lobo e de meio-fio na avenida também é dificultada pelo perfil de estrada da via. “Então, enquanto não houver obras no local, vai continuar alagando.” Como informou, há 13 demandas ao DEP feitas pela comunidade do Pitinga, que incluem limpeza de arroio, para tirar até sofás, geladeiras e fogões. “A comunidade também tem que fazer a sua parte”, criticou. Por fim, o engenheiro afirmou que encaminhará as reivindicações à direção do DEP.

Encaminhamentos

Com base nas sugestões da comunidade e dos vereadores, o presidente da Cuthab, vereador Elizandro Sabino (PTB), anunciou os encaminhamentos da reunião. A comissão irá enviar ofícios para os seguintes órgãos: à PGM, solicitando informações sobre a regularização fundiária do bairro Pitinga; à SMS, para obter informação oficial sobre a situação de um novo local para o posto de saúde; para a EPTC, para pedir a instalação dos equipamentos de segurança junto à escola; à Secretaria Municipal de Obras e Viações (Smov), com o objetivo de solicitar a construção de calçadas na Avenida João Antônio da Silveira; e ao DEP, para o qual prometeu ligar ao diretor do órgão para reivindicar a solução dos problemas de esgoto. Sobre as obras dentro da escola, que é estadual, a Cuthab irá pedir ajuda ao governo do Estado via gabinete do ex-vereador e hoje deputado Pedro Ruas (PSOL). 

Também compareceram à reunião os vereadores Engenheiro Comassetto (PT), Delegado Cleiton (PDT) e Paulinho Motorista (PSB).

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)