Plenário

Projeto concede título de Cidadã a vítima de crime passional

Em 2013, Barbara Penna teve o corpo queimado e os dois filhos mortos pelo companheiro

Vereadora Fernanda Melchionna na tribuna.
Fernanda Melchionna (PSOL) (Foto: Leonardo Contursi/CMPA)
Está em tramitação na Câmara Municipal de Porto Alegre o projeto de lei do legislativo nº 038/18, de autoria da vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), que concede o título de Cidadã de Porto Alegre a Barbara Penna de Moraes Souza. O motivo alegado pela vereadora é “por seu exemplo de superação, de luta e de solidariedade para com todas aquelas que sofrem ou podem vir a sofrer violências semelhantes às que sofreu”.

Barbara Penna de Moraes Souza nasceu no Hospital da Mulher, em Goiânia, capital do estado de Goiás, no Planalto Central. Ao completar 4 anos de idade, sua família, com pai paranaense e mãe gaúcha, retornou para Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde firmou residência. Adolescente alegre, que sempre procurou fazer bem ao próximo, Barbara cuidava dos animais de rua e sonhava tornar-se veterinária

Porém, em novembro de 2013, com 19 anos, uma tragédia abalou sua vida e a cidade. Esse acontecimento é contado por Melchionna: “Na época, já mãe de duas crianças, Isadora, de 2 anos e 7 meses, e Henrique, de 3 meses, Barbara decidiu acabar com o relacionamento que mantinha, pois seu companheiro havia se tornado um homem obsessivamente ciumento e agressivo, espancando-a várias vezes. Não aceitando o fato, em determinado dia, enquanto as crianças dormiam, espancou-a até desmaiar e, acordando com o cheiro de álcool, Barbara teve tempo de percebê-lo acendendo um fósforo e jogando sobre ela. Com o corpo em chamas, correu até a janela pedindo socorro, quando o namorado a empurrou do terceiro andar do prédio. Barbara foi levada para o hospital em estado gravíssimo”.

Segundo a vereadora, Barbara passou por centenas de cirurgias e procedimentos, exames, transfusões de sangue, dores, coma, e muitas perdas. "Ela perdeu a vida que tinha antes, seus planos e sonhos, partes do corpo e seus dois filhos, a pior dor, que nada no mundo ameniza. Isadora e Henrique foram mortos na ocasião pelas mãos do próprio pai, assim como um vizinho, Ênio, que tentou salvar as crianças e também não foi poupado, falecendo aos 72 anos de idade”. 

Hoje, Barbara Penna é uma das representações femininas mais comentadas pelas redes sociais e pela mídia, por sua história trágica de vítima da tentativa de homicídio e superação inexplicável. Aos 24 anos, Barbara Penna realiza palestras abordando sua história e enfatizando como evitar que casos iguais ao dela aconteçam. Barbara está escrevendo um livro, que provavelmente será lançado no ano que vem, no qual tenta conciliar suas dores com a assistência a outras vidas.

Texto: Matheus Lourenço (estagiário de jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)