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Raio-x em banco tem de ser operado por técnico, alerta Conselho

CCJ discutiu proposta na manhã desta terça-feira Foto: Francielle Caetano
CCJ discutiu proposta na manhã desta terça-feira Foto: Francielle Caetano
O Conselho Nacional dos Técnicos em Radiologia (Conter) se manifestou com neutralidade hoje (10/12) em relação a projeto que prevê a revista por raio-x nos pertences de clientes em agências bancárias. Conforme a diretora-presidente do Conter, Valdelice Teodoro, a entidade não é contra nem a favor, pois "a decisão cabe à comunidade porto-alegrense". Ressaltou, porém, que a medida, para ser adotada, precisa respeitar normas não previstas no projeto. "O Conter sugere que o projeto estabeleça que a operação dos equipamentos seja feita por técnico inscrito no conselho regional e que a fiscalização dos equipamentos seja realizada também pela entidade e não pelo Executivo, como consta no projeto."

Além da fiscalização dos equipamentos pelo conselho regional, Valdelice sugeriu que o projeto defina as responsabilidades dos bancos na contratação de pessoal qualificado para operar os scanners. "Tem de ser técnico com inscrição no conselho, com carga horária semanal máxima de 24 horas, com adicional de 40% no salário por insalubridade e com fornecimento dos equipamentos de proteção individual para a execução do trabalho. "O raio-x traz benefícios, mas traz consequências. Deve ser aplicado com responsabilidade."

Riscos à saúde

Laércio Carlos Tomaz, assessor do Conter, observou que o uso indiscriminado de equipamentos de raio-x traz grandes riscos à saúde. Citou o caso de presídio de alta segurança no Espírito Santo onde foi instalado um scanner corporal de alta resolução, mas operado por funcionário sem a devida formação. "O resultado é que 22 mulheres que visitavam periodicamente o presídio tiveram aborto suspeito de ser causado pela radiação a qual foram submetidas. Quatro casos já foram confirmados, o que levou ao indiciamento da diretora do presídio por homicídio."

No caso dos scanners de bolsas, que, de acordo com o projeto seria utilizado nos bancos de Porto Alegre, Tomaz disse que o mesmo equipamento já é usado pela Infraero nos aeroportos. "O problema é que há 3 mil pessoas operando estes equipamentos sem a devida qualificação. São pessoas de nível fundamental que fazem um curso de 28 horas para operar a máquina." Conforme ele, um curso para técnico ou tecnólogo em radiologia dura mais de 1,2 mil horas. "Não basta operar a máquina, tem de ter conhecimento sobre o tipo de imagem que aparece na tela."

CCJ

A manifestação do Conter ocorreu em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Porto Alegre. O convite ao conselho foi sugerido pelo vereador Bernardino Vendruscolo (PROS), autor da proposta. Segundo ele, a partir das informações apresentadas pelo Conter, vai avaliar a necessidade ou não de mudanças no projeto. "Se houver qualquer tipo de risco às pessoas com a implantação do sistema, a proposta não será levada adiante", assegurou.

A reunião foi presidida pelos vereadores Reginaldo Pujol (DEM) e Márcio Bins Ely (PDT) e contou com a presença dos vereadores Nereu D"Avila (PDT), Elizandro Sabino (PTB), Waldir Canal (PRB) e Alberto Kopittke (PT), além de Vendruscolo. 


Texto: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição: Helio Panzenhagen 9reg. prof. 7154)

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