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Rede Psoríase pede políticas públicas de diagnóstico e atendimento

No Brasil estima-se que 5 milhões de pessoas sofram com a doença

  • Reunião sobre rede municipal de atendimento à psoríase. Na mesa, vereadores José Freitas, Cláudia Araújo e Hamilton Sossmeier
    Reunião sobre rede municipal de atendimento à psoríase ocorreu nesta manhã (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Reunião sobre rede municipal de atendimento à psoríase. Na foto, a presidente da Psoríase Brasil, Gládis Lima
    Presidente da Psoríase Brasil, Gladis Lima (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal (Cosmam) realizou nesta terça-feira, (15/10) reunião para discutir a atual realidade das políticas públicas voltadas a prevenção e atendimento da psoríase na capital. Conforme o presidente em exercício da Cosmam, vereador José Freitas (Republicanos), que também é presidente da Frente Parlamentar de Psoríase na Câmara, já existe uma lei de sua autoria que institui a rede de atenção às pessoas portadoras da doença, com o intuito de trabalhar a questão da ampliação do diagnóstico e do tratamento. “A Psoriase Brasil há 20 anos atua nesta causa e através da presidente Gladis Lima temos trabalhado em parceria na luta de conscientizar médicos e pacientes para o esclarecimento correto. Trazemos a esta Casa o tema, pois julgamos importante a junção do executivo e legislativo para desenvolver esta causa e buscar mais alternativas de prevenção e atendimento”.

Gladis trouxe dados através da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a psoríase é uma doença autoimune e que no cadastro nacional existem cerca de 35 mil pacientes. Estima-se que no mundo existam 125 milhões pessoas com psoríase, e no Brasil aproximadamente 5 milhões. “O relatório global constatou que o diagnóstico na maioria das vezes é incorreto e tardio. Após os primeiros sintomas, demora de seis meses a dois anos para que seja recebido o diagnóstico”.

A representante do Psoríase Brasil relata ainda que a doença não é apenas uma questão de pele que causa lesões, mas também traz danos sociais e psicológicos. “Muitas pessoas se isolam da sociedade, e ainda existe a dificuldade de socialização no trabalho, na escola e nas relações afetivas. Falta o conhecimento dos médicos e especialização nas unidades básicas de saúde, existem poucos centros de atendimento e dificuldade de acesso ao tratamento”, explica Gladis. A artrite psoriática também é um agravo da psoríase que atinge as articulações e que pode até causar amputações.

Osvaldo Lucas relatou a dificuldade que enfrenta com seu filho, que desde os 16 anos sofre com a doença. Segundo ele, é necessária uma maior atenção do poder público. “Meu filho começou com uma pequena mancha no peito, mas até o diagnóstico preciso demorou quatro anos para ser identificado. Para o tratamento, só conseguimos medicá-lo através de judicialização, pois o remédio na época custava R$ 28 mil e durava 84 dias, fora o preconceito que ele sofria, pois seu corpo já estava tomado por 75% da doença”, desabafou.

Prefeitura

O médico Rudi Roman, responsável pelo Telessaúde na capital, reconhece que o perfil de atenção da saúde primária no Brasil está aquém do necessário. “São 6 mil médicos com 46 equipes em todo o Brasil, insuficiente para a população. Mas o Telessaúde foi criado em 2007 como ferramenta de saúde eficiente que desenvolve consultoria para todos os médicos do país”. Segundo ele, aqui na capital com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) existe a qualificação das listas de espera, com 1.500 consultas por semana através do 0800 6446543 e com 20% das consultas de dermatologia. E também iniciativas para ser desenvolvido o serviço de telediagnóstico onde são enviadas fotos aos profissionais de lesões de pele e que posteriormente recebem um laudo com esclarecimento e apoio.

O médico Thiago Frank, diretor de Assistência Básica da Saúde da SMS, que também tem psoríase, informou que em 2014 a estrutura da rede de saúde era precária, mas que em 2019, 35 mil pessoas conseguiram acessar as consultas médicas. “Isso se explica pela facilidade de acesso que vem ocorrendo, foram mais de 100 mil atendimentos em dois anos”, explica. Conforme Frank, existem mais diagnósticos por psoríase na atenção primária, 1.206 pessoas foram atendidas, cerca de 0,2% da população na capital. E esse percentual vem crescendo, de 2016 para 2017, 11% mais pessoas com diagnóstico e de 2017 para 2018, 25%. “Os médicos estão mais sensíveis e as nossas filas de espera diminuíram. Nos casos de maior urgência, a espera é de três dias. Isso é um avanço”.

Como encaminhamento, foi pedido pela presidente da Psoríase Brasil a criação de um vídeo para a rede de saúde como esclarecimento aos profissionais, para que saibam identificar e tratar a doença. “Precisamos de divulgação e envolvimento tanto dos médicos como da sociedade em geral e dos órgãos públicos para que a prevenção e o atendimento se ampliem”.

Também estiveram presentes os vereadores Hamilton Sossmeier (PSC) e Claudia Araújo (PSD).

Texto

Priscila Bittencourte (reg. prof. 14806)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)