Restinga: SMS diz que Moinhos tem de cumprir acordo
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) exigirá o cumprimento do acordo firmado com o Hospital Moinhos de Vento (HMV) e que previa a continuidade do atendimento das equipes de Saúde da Família nos postos de saúde da Distrital Restinga e Extremo-Sul. A promessa foi feita pelo secretário interino da SMS, Jorge Cuty, durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizada nesta terça-feira (3/3).
Apesar de o convênio firmado entre a SMS e o Moinhos de Vento ter sido cancelado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) em função da terceirização dos serviços de saúde prestados pelo Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) , Cuty afirma que um acordo feito com o HMV previa que os profissionais de saúde da Distrital continuassem prestando atendimento até maio deste ano, a fim de que não houvesse descontinuidade nos serviços prestados à população. Com a inauguração do Hospital da Restinga, o Moinhos de Vento foi se retirando do Imesf.
O presidente da Cosmam, vereador Marcelo Sgarbossa (PT), solicitou que a SMS encaminhe aos vereadores a ata da reunião em que foi firmado o acordo entre o HMV e a Secretaria. É necessário que o Executivo municipal agende uma nova reunião com a direção do Moinhos de Vento e cobre o cumprimento do acordo.
Para José Carlos Vieira, do Conselho Municipal de Saúde, o Moinhos de Vento está traindo a própria prefeitura ao retirar profissionais dos postos de saúde sem prévia comunicação. Ele garantiu que a comunidade está satisfeita com o atendimento prestado e gostaria que os atuais funcionários permanecessem nos postos.
O médico Marcelo Rocha Garcia, da Gerência da Distrital Restinga Extremo-Sul, disse que, apesar do compromisso assumido, o HMV retirou, ainda em fevereiro, diversos profissionais que trabalhavam nos postos de saúde da região. Sem enfermeiros e técnicos de saúde, a atenção em saúde primária acaba. Com a terceirização dos serviços pelo SUS, fica prejudicada a permanência dos profissionais por longo prazo no mesmo posto de saúde. Estão faltando médicos (na Distrital), e o Imesf não tem condições legais de substituir os contratados pelo Moinhos de Vento, se eles saírem agora.
Descontinuidade
O promotor de justiça Mauro Luis Silva de Souza, do Núcleo Saúde da Promotoria Especializada dos Direitos Humanos em Porto Alegre, lembrou que o Ministério Público estadual firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com a SMS, como forma de sanar problemas nos serviços de atenção primária em saúde. Ressaltou, no entanto, que o MP prioriza garantir que o atendimento à população não seja prejudicado, mesmo em caso de haver precariedade na contratação de pessoal. O contrato entre o Moinhos de Vento e o Município precisa ser cumprido. Se for necessário, a Promotoria entrará em ação para garantir o atendimento da população.
Vice-presidente do Imesf, Marcelina Ceolin informou que o prazo médio para a contratação de um novo profissional para o Imesf varia entre 30 e 45 dias. Hoje, segundo ela, faltam agentes comunitários de saúde para a Restinga, mas novos profissionais só poderão ser convocados em maio próximo. Para a região das ilhas, novos agentes já foram convocados. É impossível para a SMS manter os profissionais contratados pelo HMV, pois todos os profissionais do Imesf são contratados por concurso público em regime celetista. Cabe ao HMV decidir sobre a forma de demissão desses profissionais.
Também participaram da reunião os vereadores Mário Manfro (PSDB), Paulo Brum (PTB), Alberto Kopittke (PT), Kevin Krieger (PP), Tarciso Flecha Negra (PSD) e Professor Alex Fraga (PSOL), além de outros representantes da SMS, do Tribunal de Contas do Estado e da comunidade da zona sul de Porto Alegre.
Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)