Aula Magna

Sergius Gonzaga expõe dilemas e conflitos políticos sob ótica de escritores

Em atividade promovida pela Câmara, o professor também abordou a influência dos intelectuais na formação da opinião pública

  • Aula magna promovida pela Escola do Legislativo Julieta Battistioli, com o tema "Literatura, Política e Sociedade", ministrada pelo professor Sergius Gonzaga.
    Professor e escritor foi o segundo palestrante do ciclo AulasMagnas (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Aula magna promovida pela Escola do Legislativo Julieta Battistioli, com o tema "Literatura, Política e Sociedade", ministrada pelo professor Sergius Gonzaga.
    Nagelstein (c) abriu o evento, organizado pela Escola do Legislativo (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Na noite de terça-feira (22/5), foi realizada a Aula Magna Literatura, Política e Sociedade, no Plenário Otávio Rocha, da Câmara Municipal de Porto Alegre. Organizada pela Escola do Legislativo Julieta Battistioli (ELJB), a palestra foi ministrada pelo professor de literatura e escritor Sergius Gonzaga, que abordou a influência de grandes autores no campo político, além de relembrar a importância dos intelectuais na formação da opinião pública em épocas passadas.

Também compuseram a mesa da atividade o presidente da Câmara, vereador Valter Nagelstein (MDB), e o coordenador de cursos da Escola, Jorge Barcellos. Nagelstein abriu o evento ressaltando a atual conduta da Casa, que “atua no resgate da promoção da cultura no Legislativo”. Além disso, o vereador lembrou a vocação da Câmara de poder compartilhar conhecimento.

Ex-secretário municipal da Cultura de Porto Alegre, de 2005 a 2012, Sergius iniciou a palestra refletindo acerca das diferenças entre o escritor e o intelectual. Na sua opinião, enquanto o primeiro escreve relatos, romances e poemas, o intelectual estimula a reflexão em temas que transcendem sua área.

A seguir, o palestrante expôs a história de escritores nacionais e internacionais e o poder que exerciam seus discursos perante a sociedade. Citou o exemplo do escritor francês Émile Zola e seu texto J’accuse (Eu Acuso), em que acusou o presidente da República da época de fraudar um processo motivado pelo antissemitismo. Ainda se referiu a Erico Verissimo, que, por meio de uma carta pedindo votos ao candidato ao Senado Paulo Brossard, opositor à ditadura militar, foi fundamental para a eleição do político. Enriquecendo o plenário com fatos históricos da literatura brasileira, o professor salientou que, no período da ditadura houve tentativa de censurar os principais autores brasileiros, como Erico e Jorge Amado. 

Sobre os momentos de intolerância a ideias antagônicas, Sergius questionou as paixões de homens públicos: “Uma civilização não pode se construir dentro de radicalidades mútuas. A resposta será sempre a sangueira patriótica, a sangueira ideológica”, disse. Além disso, o professor defendeu a contribuição de pensamentos iluministas na defesa de ideais humanistas e lamentou a falta de repercussão dos intelectuais atuais, citando o escritor Rubem Fonseca. 

A próxima Aula Magna ocorrerá no mês de agosto, com convidado a ser confirmado pela EJBL. No mês de julho, será publicado o Informativo da Escola do Legislativo com uma matéria especial sobre o evento de ontem e a conferência do historiador Voltaire Schilling, a primeira do ciclo. Para mais informações sobre as próximas Aulas Magnas e eventos promovidos pela Escola, acesse: Facebook escoladolegislativocmpa e site https://escola.camarapoa.rs.gov.br/

Texto: Matheus Closs e Victor Leffa (estagiários de Jornalismo da ELJB)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)