Tribuna Popular

Sintect/RS defende manutenção dos Correios como empresa pública

Representante do sindicato, ao usar a Tribuna Popular, afirmou que empresa é autossustentável

Privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Na foto, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Alexandre dos Santos Nunes e vereador Reginaldo Pujol.
Nunes, do sindicato, e o vereador Reginaldo Pujol, que dirigiu trabalhos na tarde de hoje (Foto: Débora Ercolani/CMPA)

O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect/RS), Alexandre dos Santos Nunes, utilizou a Tribuna Popular durante a sessão da Câmara Municipal de Porto Alegre nesta quinta-feira (4/7) para manifestar posição contrária da entidade à privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Nunes destacou que os Correios são uma empresa pública com 350 anos de história, que “não depende de nenhum centavo do governo para seu funcionamento”, sendo autossustentável e prestando um serviço de relevância para a sociedade. 

O sindicalista citou que os Correios são a única empresa presente nos 5.570 municípios do Brasil, chamando a atenção para o fato de apenas 392 cidades serem responsáveis por 92% da sua arrecadação. O regime de solidariedade, onde a arrecadação maior de alguns municípios ajuda a financiar outros menores, faz com que a empresa possa garantir o atendimento em todo o território nacional. Conforme ele, essa não é a lógica do mercado, que funciona apenas onde existe possibilidade de resultados financeiros favoráveis. “A iniciativa privada iria garantir esse serviço nas cidades que não dão lucro?”, questionou.  

O secretário-geral do Sintect/RS ainda apresentou a Operação FNDE como exemplo do trabalho realizado pelos Correios, onde 150 milhões de livros didáticos são distribuídos em mais de 5 mil municípios. “Esse é um serviço prestado desde 94 pelos Correios. É a maior distribuição de livros didáticos do mundo”, ressaltou.

Corrupção

Sobre a possibilidade de diminuição dos preços com a privatização, devido à concorrência, Nunes apresentou o exemplo da entrega de encomendas, que em 2010 deixou de ser feita com exclusividade pelos Correios e hoje as multinacionais não conseguem competir com os valores cobrados pela empresa pública. “Hoje, uma carta sai do interior do Rio Grande do Sul e vai ser entregue no Amazonas por R$0,88”, citou, lembrando que essa correspondência faz um longo trajeto por caminhão, avião e até mesmo barco, se preciso, a um custo que a iniciativa privada não conseguiria administrar.

Sobre casos de corrupção ocorridos em estatais brasileiras, afirmou que estas empresas serviram apenas como "ferramenta" para um esquema que envolveu políticos e iniciativa privativa, que se utilizaram das estatais para desviar dinheiro público. "Também existe corrupção em países com poucas estatais. As privatizações não terminarão com casos de corrupção no país. Queremos diálogo para debater a privatização dos Correios."

Para o Sindicato, a privatização dos Correios não melhoraria os serviços postais, o atendimento da população ou o preço dos serviços. “A única forma de melhorar é pelo investimento no serviço público, com concurso público e novas contratações. Defendemos a manutenção dos Correios e Telégrafos de forma pública e de qualidade”, finalizou Nunes.

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

Tópicos:Empresa Brasileira de Correios e TelégrafosPrivatizaçãoCorreios