Plenário

Vereadores debatem privatização dos Correios

Privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Na foto, vereadores Prof. Wambert, Aldacir Oliboni e Roberto Robaina.
Vereadores Wambert (e), Aldacir Oliboni e Robaina (d) no Plenário Otávio Rocha (Foto: Débora Ercolani/CMPA)

Vereadores utilizaram espaço de Liderança durante a sessão desta quinta-feira (4/7) para debater a privatização dos Correios e Telégrafos, tema apresentado na Tribuna Popular pelo secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect/RS), Alexandre dos Santos Nunes. Os pronuncimentos dos vereadores sobre o tema foram:

AUTORITARISMO – Roberto Robaina (PSol) disse que o esforço de articulação que o Sintect tem feito contra a privatização dos Correios é fundamental. Ele citou a vanguarda da categoria em mobilizações e greves históricas para defender a empresa pública e melhores salários. “A privatização é o produto de um tipo de política econômica que ataca o serviço público e que quer quebrar qualquer organização dos trabalhadores. Esse governo autoritário, reacionário, despreparado e desqualificado do Bolsonaro – que tem que se explicar sobre uma série de escândalos de corrupção – tem o propósito claro de privatizar”, afirmou. Ao citar o vereador Professor Wambert (PROS) como defensor das Forças Armadas, disse que o presidente Bolsonaro lembra o ex-presidente Fernando Collor, só que “com mais autoritarismo”, fazendo alusão à demissão de um general por ele não ser favorável à “sua política de entrega e de liquidação dos Correios”. (ALG)

CLICHÊS – Professor Wambert (PROS) rebateu Roberto Robaina, dizendo que nunca havia elogiado as Forças Armadas na tribuna, mas que aproveitaria a oportunidade para “preencher essa lacuna: parabéns às Forças Armadas por ter nos livrado do comunismo”. Para ele, usar “clichês do século XIX”, como grande burguesia, é um “desserviço à história e à realidade”. O vereador manifestou-se favorável à privatização dos Correios e criticou a qualidade dos serviços prestados pela Empresa. Para ele, na atualidade, é uma atividade empresarial que não compete mais ao estado. “Hoje, pelo princípio de subsidiariedade, se licita um pacote em que as ações superavitárias compensam as deficitárias e o serviço chegue a todos os cantos”, argumentou. (ALG)

SERVIÇOS – Valter Nagelstein (MDB) lembrou que o Parlamento é composto por 36 vereadores com visões ideológicas diferentes e que não haveria unanimidade sobre o tema. “Mesmo no meu partido, o MDB, tem expoentes a centro-esquerda e outros a centro-direita”, citou. O vereador defendeu o direito do Sindicato em lutar pelos direitos de seus trabalhadores, mas afirmou que o foco do debate deve ser “o interesse da sociedade como um todo”, afirmando que o serviço dos Correios deixa a desejar. “Aquele que é o destinatário do serviço, que é o cidadão, esse vai ser prejudicado ou não?”, questionou. “Não sou daqueles que defende que tudo seja público ou tudo seja privatizado. O Estado tem que ser muito menor, sim, e muito mais eficiente, sim, e tem que responder àqueles que o sustentam”, argumentou. (ALG)

REGRADO - Adeli Sell (PT) disse que é preciso compreender o drama vivido pelos trabalhadores dos Correios. "Estão em meio a uma disputa na presidência da empresa. Tiraram um general para colocar outro general na presidência dos Correios." Salientou que o debate que pode ser feito não é escolha entre socialismo e capitalismo, mas a escolha entre um capitalismo regrado ou desregrado. "O socialismo democrático não defende que o capital terminou. O capital está cada vez pior, desregrado. Quem sonhava com uma sociedade libertária tem que se contentar em lutar por um capitalismo regrado." De acordo com Adeli, o PT defenderá que a empresa Correios continue pública e eficiente (CS)

POLÍTICA - Cláudio Janta (SD) criticou o discurso neoliberal "de que Brasil tem de vender tudo". Salientou que países europeus também possuem muitas empresas públicas e mencionou que a Vale, empresa brasileira privatizada, é responsável por dois grandes desastres ambientais no país. "O problema é a administração política das empresas públicas. Os partidos quebram essas empresas." Mencionou ainda que a Alemanha está fazendo processo inverso ao Brasil, criando um fundo e recomprando ações de empresas para que elas não sejam compradas por empresas estrangeiras. "É o governo (alemão) com maior participação em estatais e menor taxa de desemprego. É uma conversa de demagogo: os políticos quebram as empresas públicas e depois defendem privatizações." (CS)

VALORIZAÇÃO - Márcio Bins Ely (PDT) lamentou declarações de que os serviços prestados pelos Correios seriam "um lixo". Para Bins Ely, ao contrário do que havia sido dito pelo Professor Wambert (PROS), é preciso valorizar o serviço dos trabalhadores dos Correios. "A empresa tem prestado bons serviços. Tem inclusive um serviço de excelência no envio de correspondências." O vereador afirmou que "é legítimo que os trabalhadores da estatal se preocupem com a proposta de privatização da empresa e que se mobilizem. Disse ainda que o PDT se soma aos vereadores que se manifestaram contrariamente à privatização dos Correios, pois consdiera que a empresa é responsável por serviços estratégicos importantes para a sociedade. (CS)

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)