Comunicações

Vereadores discutem revitalização do Viaduto Otávio Rocha

Tema foi debatido no período de Comunicações durante a sessão desta quarta-feira.

  • Vereador Adeli Sell na tribuna.
    Adeli Sell (PT) sugere uma Parceria Público Privada para revitalizar o Viaduto (Foto: Josiele Silva/CMPA)
  • Vereador Valter Nagelstein na tribuna
    Valter Nagelstein (PMDB) defende que empresas possam adotar o Viaduto (Foto: Josiele Silva/CMPA)

O período de Comunicações Temáticas da sessão ordinária desta quarta-feira (7/12), na Câmara Municipal de Porto Alegre, abordou a Semana do Viaduto Otávio Rocha. Na ocasião, o proponente do tema, vereador Adeli Sell (PT), falou sobre a história do logradouro e propôs uma parceria público-privada para a revitalização do espaço. “Nosso viaduto completou 84 anos em 1º de dezembro”, lembrou Adeli, fazendo referência aos gestores que idealizaram o projeto. “O então governador do estado, Borges de Medeiros, e o então prefeito, Otávio Rocha, iniciaram o planejamento em 1926. A conclusão ocorreu seis anos depois, em 1932”, destacou, ressaltando a importância do equipamento na ligação do Cento Histórico com o bairro Cidade Baixa.

Em seguida, o parlamentar lamentou o atual estado do local. “É talvez o monumento mais importante de Porto Alegre, mas que vive um processo de deterioração, tanto de sua estrutura quanto do entorno”, disse, ponderando que as pessoas em situação de rua que se abrigam no viaduto devem ser respeitadas. “Os moradores de rua e as pessoas em drogadição não devem ser tiradas a ‘manu militari’, mas auxiliadas pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS)”, sublinhou.

Por fim, Adeli Sell lembrou que há muitas propostas sobre a recuperação do Viaduto Otávio Rocha, mas, segundo ele, a maioria é “demagogia pura”. Ele sugeriu que a prefeitura lance uma proposta de concessão para o logradouro. “A recuperação deve ser feita através de uma parceria público-privada (PPP), oferecendo como contrapartida ao investidor índices construtivos ou espaços da municipalidade”, disse o vereador, classificando a proposta como “ousada e inovadora”. “A cidade está sucumbindo diante de tanta demagogia”, finalizou.

Parlamentares

Reginaldo Pujol (DEM) elogiou a iniciativa do colega e lembrou da criação do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua, pelo Executivo municipal. “Tenho cobrado os resultados desse trabalho, que se esgota no final do ano; porém, suspeito que o comitê não tem trabalhado como deveria”, afirmou. O vereador ainda incentivou a proposta apresentada por Adeli Sell. “Pode-se fazer um trabalho sem cores partidárias, diretamente comprometido em atingir esse objetivo, a partir da próxima legislatura”, disse ele.

Na sequência, Valter Nagelstein (PMDB) disse que a última tentativa de revitalização ocorreu em sua gestão na Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic). “Fui procurado por um empresário, que me trouxe a ideia de duas empresas internacionais que gostariam de realizar a adoção do viaduto através de uma PPP”, afirmou. Segundo ele, a bancada do PT organizou movimentos de resistência ao projeto, realizando manifestações e propondo o tombamento da área. “Assim, aqueles que tinham interesse em investir foram embora, pois não havia segurança jurídica”, explicou. “Enquanto houver preconceito com a iniciativa privada, vamos continuar a assistir nossas cidades se degradando”, completou Nagelstein.

Em contraponto, a vereadora Sofia Cavedon (PT) manifestou-se contrária à proposta do colega de bancada. “Temos pequenas diferenças, mas tenho certeza de que o vereador Adeli não proporia algo que não respeitasse a história e a identidade do espaço”, garantiu. A parlamentar defendeu a constituição do viaduto em um condomínio entre os permissionários. “Tenho certeza de que, com uma gestão compartilhada, seria possível manter o viaduto de maneira segura, iluminada, e preservada”, afirmou. Sofia disse ainda que defende a “sustentabilidade com inclusão”. “O caminho da simples cessão de uso é muito fácil, pois se entrega para a iniciativa privada a possibilidade de gerar lucro com o bem público”, declarou. “Temos que preservar que o que é de todos mantenha-se de forma acessível”, finalizou a vereadora.

Nagelstein afirmou que as intenções de Adeli são boas, mas que ele precisava “consertar” a bancada do PT. “Se Sofia (Cavedon) continuar com isso de criminalização do lucro, não vai dar certo”, declarou o vereador, alegando que o Viaduto Otávio Rocha está em péssima situação. “O último esforço de revitalização do Otávio Rocha foi morto pela movimentação política que a vereadora Sofia fez, criando um cenário de instabilidade. Essas incoerências da esquerda devem ser evitadas”, finalizou.

Já o vereador Engenheiro Comassetto (PT) disse que, na última gestão do partido, não havia tantos moradores de rua como atualmente. “O viaduto já foi cartão postal de Porto Alegre. Hoje, se descermos as escadarias, temos que tomar cuidado com o horário, por causa da violência. Uma vez, passando por lá, contei 47 colchões de moradores de rua, e nem todos os moradores têm colchões”, declarou o vereador. Comassetto também questionou por que o viaduto não poderia ser, também, um espaço cultural, visto que isso acontece em outras cidades, como Buenos Aires e Amsterdã. “A cidade só é válida se exercitar cidadania, e não dá para fazer urbanismo expulsando as pessoas. Tem que agregar”, concluiu.


Texto: Ananda Zambi (estagiária de Jornalismo)
          Paulo Egidio (estagiário de Jornalismo)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)