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Melhorias no tratamento de doenças reumáticas são debatidas na Cosmam

Reunião para abordar sobre conscientização sobre as doenças reumáticas.
Reunião virtual foi hoje de manhã (Foto: Martha Izabel/CMPA)

Nesta terça-feira (19/10), a reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre teve como tema principal a conscientização sobre as doenças reumáticas. No encontro, realizado de forma virtual, parlamentares, representantes de pacientes, médicos e demais convidados salientaram a importância de se debater o assunto, bem como a necessidade de políticas públicas na área da prevenção, estabelecimento de prontuário único e agilidade no atendimento de pacientes acometidos por doenças reumáticas.

A presidente do Grupo de Pacientes Artríticos de Porto Alegre (Grupal), Iara Cabreira, destacou as principais ações da entidade, que é a primeira ONG para portadores de reumatismo da América Latina. “Nossa luta é pelo direito dos pacientes, que precisam de atendimento o mais rápido possível. O ideal para ter mais qualidade de vida e reabilitação é que seja muito bem atendido na atenção primária, com acesso aos exames para comprovar o tipo de doença reumática e acesso aos tratamentos, medicamentos, fisioterapia e reabilitação como um todo. Precisamos unir as mãos para trabalhar no sentido de conscientizar sobre a gravidade das doenças reumáticas, que, sendo tratadas logo, os pacientes terão mais qualidade de vida para ter uma vida digna e não ficar à mercê do seu sofrimento”, afirmou. 

Roberta Reis, que também integra a ONG, também ressaltou a necessidade de prontuário único, em que onde o paciente for atendido, o médico possa ter mais detalhes sobre a doença. Disse, ainda, que a entidade tem 37 anos de atuação, com sede em Porto Alegre, mas atende pacientes do todo o RS. “Outubro é o mês de conscientização das doenças reumáticas. Recebemos pacientes com grandes incapacidades para o mercado de trabalho, dependentes de família e cuidadores, sabemos que isso não precisa ser a realidade do paciente reumático. Temos grandes médicos e precisamos que lá na atenção primária haja a atenção mesmo para esse paciente, fazendo o encaminhamento para o reumatologista. Temos grande procura, principalmente, por pacientes com artrose, que precisam de cirurgias”, contou. 

O reumatologista e chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital de Clínicas, Odirlei Andre Monticielo, contou que acompanha o tema há mais de 20 anos em todas as esferas e pontuou a necessidade de tentar de uma maneira organizadas oferecer a melhor assistência aos pacientes. “Tínhamos filas de espera gigantes. Elas diminuíram no município. Destaco a parceria do Telesaúde com a UFRGS, que contribuiu para isso. A pandemia ceifou de maneira significativa essa melhora e estamos retomando. Esses são pacientes para estarem nas assistências e não nas emergências, precisamos de uma rede. A telemedicina também pode ajudar na atenção primária”, sugeriu. 

A presidente da Comissão Especial da Saúde da OABRS, Mariana Diefenthäler, colocou a entidade à disposição e também fez referência à Agenda 2030 da ONU, quando trata o bem-estar e a saúde nos objetivos de desenvolvimento sustentável. “Com acessos mais efetivos, teremos menos judicializações. Esse é um problema que não é só legal, mas social, de diálogos disciplinares”, disse. Já o representante do Conselho Regional de Farmácia do RS, Everton Borges, sugeriu a análise da oferta de tratamentos não farmacológicos, especialmente, quanto às práticas integrativas complementares para essas patologias. 

Secretaria Municipal da Saúde

Ao responder questionamentos dos participantes, o médico da Secretaria Municipal de Saúde, João Marcelo Lopes Fonseca, relatou que as filas de espera para consultas com especialista reumatologista, tanto adulto, quanto pediátrico eram muito grandes. “Com advento do Gercon, sistema de regulação de consultas, e a reorganização da rede de prestadores, conseguimos melhorar muito o fluxo do paciente na rede. O tempo de espera na ordem de 30 a 40 dias para pacientes de baixa prioridade e os de alta prioridade, na aba da transparência, nos melhores tempos tínhamos menos de uma semana. Com o advento da Covid-19 essa realidade mudou. Em fevereiro deste ano, tínhamos 38 ofertas de primeiras consultas em reumatologia adulto e a média de 150 solicitações por parte da atenção primária por mês. Hoje, são 109 ofertas de primeiras consultas. Esperamos melhorar em curto prazo, isso também vai depender da oferta dos hospitais para equalizarmos oferta e demanda”. 

Vereadores e encaminhamentos

O proponente do debate, vereador José Freitas (Republicanos), lembrou duas iniciativas das quais é autor e que foram aprovadas pelos demais parlamentares: a Lei que institui no Calendário Oficial do município a Semana de Combate às Doenças Reumáticas, em 12 de outubro, e a Frente Parlamentar de Combate às Doenças Reumáticas. “Depois que começamos a ter consciência do tamanho das dificuldades que os pacientes passam no seu dia a dia, principalmente, a dor, mostra o quanto temos que lutar para que o poder público tenha olhar especial a eles”. A vice-presidente da Cosmam, Cláudia Araújo (PSD) e o vereadores Aldacir Oliboni (PT) e Lourdes Sprenger (MDB) enfatizaram a importância da integração da rede de atendimento aos pacientes, bem como a agilidade nas consultas. 

Como encaminhamento, o presidente da Cosmam, Jessé Sangalli (Cidadania), afirmou que será feito um Pedido de Informações referente à disponibilização de medicamentos a esse público e que, além das demandas levantadas no encontro, será levado ao secretário a questão do prontuário online ou de ferramentas técnicas para auxiliar na comunicação efetiva do paciente com o médico na hora das consultas. A vereadora Psicóloga Tanise Sabino (PTB) também esteve presente na agenda. 

Texto

Bruna Mena Bueno (reg. prof. 15.774)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)