ATA DA SEPTUAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.09.1993.
Aos dez dias do
mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e três, reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Septuagésima Terceira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária
da Décima Primeira Legislatura. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia
Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto,
Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson
Almeida, Artur Zanella, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja,
José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário
Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton
Araújo. Constatada a Existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da
Ata da Septuagésima Segunda Sessão Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios: 550, 551 e 558/93, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre, 013/93, do Clube Amigo Social e Cultural, 038/93, do Sindicato dos
Policiais Rodoviários Federais, 112/93, da Sociedade de Ginástica Porto
Alegre, 750/93, do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, s/nº,
da Sociedade de Ônibus Gigante Ltda. e Circular nº 88/93, da Câmara Municipal
de Restinga Sêca. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Airto Ferronato, 02
Pedidos de Providências; pela Vereadora Clênia Maranhão, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Divo do Canto, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 01
Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 116/93 (Processo nº
2273/93); e, ainda, foram apregoadas Emendas ao Projeto de Resolução nº 14/93
(Processo nº 1373/93) do Vereador Fernando Zachia, subscrita pelo Vereador João
Dib, Wilton Araújo, e outra subscrita por diversos Vereadores, bem
como, Requerimento do Vereador Airto Ferronato, solicitando que seja desarquivado
e retomada a tramitação regimental do Projeto de Resolução nº 45/93 (Processo
nº 1756/92). A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença na Mesa dos
trabalhos do Senhor Luiz Henrique de Almeida Mota, Secretário Municipal da
Saúde e Serviço Social, concedendo a palavra a Sua Senhoria, nos termos do
Requerimento nº 227/93 (Processo nº 2073) da Vereadora Maria do Rosário,
compareceu a esta Casa para prestar esclarecimentos sobre o andamento do
processo de Municipalização do Sistema de Saúde em nossa Cidade, falando sobre
os serviços prestados pelo Executivo à população de Porto Alegre e lembrando
que a questão da Municipa1ização foi objeto de discussão na Assembléia Nacional
Constituinte, que recebeu regulamentação por lei especifica em mil novecentos
e noventa. Registrou a criação no Estado de uma Comissão Bipartide, entre
Estado e Municípios, para encaminhar a efetivação dos processos de
Municipalização da Saúde, dizendo que já no ano passado o Executivo Municipal
apresentou um plano de Municipalização da Saúde ao Governo do Estado. A seguir,
o Senhor Secretário respondeu a questionamentos formulados pelos Vereadores
Clóvis Ilgenfritz, Maria do Rosário, Eliseu Santos, Nereu D’Ávila, João Dib,
Fernando Zachia, Jair Soares e Henrique Fontana. Logo após, o Senhor Presidente
agradeceu a presença do Senhor Luiz Henrique de Almeida Mota. Em PAUTA
estiveram, em lª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 27/93
e o Projeto de Lei do Legislativo nº 111/93; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nº 102 e 105/93 e o Projeto de Lei do Executivo nº 39/92. Em
continuidade, constatada e existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA,
sendo aprovado Requerimento do Vereador Nereu D’Ávila solicitando inversão na
votação de matéria constante nesta Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação
foram aprovados: o Projeto de Lei do Executivo nº 45/93, após ter sido
discutido pelo Vereador Antonio Hohlfeldt; o Substitutivo nº 01 aposto ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 04/93, por vinte e quatro Votos SIM, um Voto
NÃO e quatro ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato,
Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar
Machado, Eliseu Santos, Elói Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Helena Bonumá,
Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José
Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton
Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas, Não o Vereador
Fernando Zachia e optado pela Abstenção os Vereadores Guilherme Barbosa,
Henrique Fontana, João Dib e Luiz Braz. O referido Substitutivo foi encaminhado
à votação pelos Vereadores João Dib, Milton Zuanazzi, Airto Ferronato, Lauro
Hagemann, Jocelin Azambuja e Maria do Rosário. Às dez horas e cinqüenta e seis
minutos, o Senhor Presidente suspendeu a Sessão para realização de Reunião
Conjunta das Comissões de Constituição e Justiça; Finanças e Orçamento;
Urbanização, Transportes e Habitação, nos termos do artigo 143, III do
Regimento Interno, reabrindo os trabalhos às onze horas e quatro minutos.
Constatada a existência de “quorum”, em Discussão Geral e Votação, foi aprovado
o Projeto de Lei do Legislativo nº 05/93, com ressalva dos Destaques e das
Emendas, por vinte e três votos SIM e dois Votos NÃO, tendo votado Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz,
Dilamar Machado, Décio Schauren, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando
Zachia, Geraldo de Matos Filho, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares,
João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas, e
tendo votado Não os Vereadores João Dib e Luiz Braz, após ter sido discutido
pelos Vereadores João Dib, Luiz Braz, Artur Zanella, Milton Zuanazzi, Dilamar
Machado, José Gomes, Clóvis Ilgenfritz, Eloi Guimarães e Pedro Ruas. Foram,
ainda, rejeitados os Destaques da expressão “que terá a finalidade de elaborar
estudos de viabilidade” do artigo 4º, “caput”, e do artigo 7º; e aprovadas as
Emendas nº 01 e 03, apostas ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 05/93, tendo sido prejudicada a Emenda nº 02.
Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº
39/93. Em Discussão Geral e Votação Nominal - Urgência, esteve o Projeto de Lei
do Legislativo nº 100/93, que foi retirado da Ordem do Dia na Sessão anterior.
Foram, ainda, aprovados os seguintes Requerimentos de Votos de Congratulações:
do Vereador Antonio Hohlfeldt, com a Empresa Jornalistica Caldas Júnior, pela
promoção do Troféu “Destaque Unibanco - Correio do Povo na XVI Expointer” e com
a Associação dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul pelo
transcurso de seu quadragésimo segundo aniversário; da Vereadora Clênia
Maranhão, com a Associação Cristã Feminina do Brasil, pela passagem da
septuagésima primeira reunião do Conselho Nacional dessa Associação; do
Vereador Eliseu Santos, com o Senhor Francisco Bernd, por ter assumido a
diretoria administrativa do Grupo Hospitalar Conceição e com o Senhor Carlos
Grosmann, por ter assumido a direção técnica do Grupo Hospitalar Conceição,
com o Hospital Banco de Olhos, pela inauguração do Auditório “Ir. Nicolina
Corvata” e pela passagem de seu vigésimo terceiro aniversário; do Vereador Luiz
Braz, com a Senhora Jurema Oliveira Prado, por receber o título “Mãe do Ano de
Cachoeirinha”; do Vereador Pedro Ruas, com o Senhor Roberto Pandolfo Pauletti,
por sua nomeação para Diretor Comercial da Rádio Guaíba, com Jornalista Lauro Quadros,
pela passagem do oitavo aniversário de seu programa da Rádio Gaúcha. Foram,
também, aprovados os seguintes Requerimentos solicitando dispensa de
distribuição em avulso e interstícios para as Redações Finais dos seguintes
projetos, considerando-as aprovadas nesta data: do Vereador Milton Zuanazzi,
relativo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 04/93; do Vereador João Verle,
relativos aos Projetos de Lei do Executivo nºs 39 e 45/93; do Vereador José
Gomes, relativo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 05/93. Do Vereador José
Gomes, foi também aprovado Requerimento solicitando seja o Projeto de Lei do
Legislativo nº 98/93 considerado em regime de urgência e submetido à reunião
conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, e Educação e Cultura. Ainda,
foi aprovado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, solicitando informações
ao Governo do Estado acerca das escolas estaduais situadas no município de
Porto Alegre que praticam o sistema do calendário rotativo no corrente ano.
Após, o Vereador Airto Ferronato procedeu a consulta à Mesa sobre a
possibilidade de se realizar, na próxima semana, ato relativo ao transcurso dos
trinta e quatro anos da FRACAB, Federação Riograndense de Associações de
Moradores, tendo o Senhor Presidente informado que seria buscada uma
alternativa para a realização da homenagem solicitada pelo Vereador Airto
Ferronato. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal, em nome da
Casa, congratulou-se com os jornalistas pelo transcurso do Dia Nacional da
Imprensa, analisando a forte relação existente entre esse setor e os
parlamentares. Discorreu sobre a origem da data em questão, salientando a
influência dos meios de comunicação em nossa sociedade, lembrou que mesmo sendo
o rádio e a televisão meios de comunicação mais sofisticados é através do
jornal que fica registrado o fato histórico. O Vereador Lauro Hagemann disse
ter trabalhado toda sua vida junto aos meios de comunicação, cumprimentando os
jornalistas pelo transcurso do Dia Nacional da Imprensa. Também, saudou o
reconhecimento, por parte do Estado de Israel, da OLP - Organização para
Libertação da Palestina, bem como o reconhecimento desta pelo Estado de Israel.
Disse ser esse acordo um sinal concreto e positivo sobre a possibilidade de
regulamentação territorial da região do Oriente Médio. O Vereador Jocelin
Azambuja, acompanhou os pronunciamentos feitos na Casa sobre o Dia Nacional da
Imprensa, registrando a veiculação pelo Jornal Zero Hora, hoje, do suplemento
“Ler”. Ainda, declarou-se preocupado com a situação das escolas municipais,
analisando a política da Administração Municipal para a área e comentando a
visita feita à Casa pelo Secretário Nilton Fischer. Após, o Senhor Presidente
convidou todos os Vereadores para que compareçam à programação relativa ao
aniversário deste Legislativo, a qual se iniciará com o hasteamento da bandeira
, segunda-feira, às oito horas e
trinta minutos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Airto Ferronato lembrou
propostas que já encaminhou a esta Casa visando o incentivo do setor turístico
do Município. Neste sentido, discorreu sobre sugestão feita ao Executivo
Municipal de “adoção” dos paredões e prédios da área próxima ao viaduto da
Conceição para o uso dos mesmos através da colocação de chamadas aos turistas
em visita à Cidade. A seguir, o Vereador Clóvis Ilgenfritz registrou a
homenagem da Bancada do Partido dos Trabalhadores aos jornalistas, pelo
transcurso do Dia Nacional da Imprensa. Às doze horas e quarenta e quatro
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Wilton Araújo, Luiz Braz e Clóvis Ilgenfritz e
secretariados pelos Vereadores Airto Ferronato e Clênia Maranhão. Do que eu,
Airto Ferronato determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída
em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Hoje, para satisfação da Câmara Municipal de
Porto Alegre, já está, conosco, à Mesa, o Ilmo. Sr. Secretário Municipal da
Saúde e Serviço Social, Sr. Luiz Henrique de Almeida Mota, que, a convite desta
Casa, por Requerimento aprovado pelos Srs. Vereadores, de autoria da Verª Maria
do Rosário, vem prestar esclarecimentos sobre o andamento do processo de
Municipalização do Sistema de Saúde do Município de Porto Alegre. Sr.
Secretário, inicialmente daremos alguns minutos para a sua exposição inicial,
logo após os Vereadores farão os questionamentos atinentes ao convite feito a
V.Exª.
O SR. LUIZ HENRIQUE MOTA: Inicialmente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria de agradecer a oportunidade que a Verª Maria do Rosário nos coloca de poder prestar alguns esclarecimentos sobre essa questão tão importante, tão fundamental para o destino da saúde em Porto Alegre. Eu vou dividir a minha exposição em duas partes. Primeiro, dar um quadro geral sobre o serviço de saúde prestado pela Prefeitura, em Porto Alegre; e, depois, entrando especificamente no processo de municipalização de saúde, em que estágio ele está, em que pé ele está, para que V.Exªs possuam fazer as perguntas que acharem necessárias.
Nós, em Porto Alegre, temos, entre os serviços de
nível básico e o Hospital de Pronto Socorro, uma atenção que se estende pela
Cidade toda, embora uma pequena parcela de efetiva implantação no atendimento
na Cidade. Os serviços da Prefeitura de Porto Alegre dão conta, hoje, de
aproximadamente 20% do total de atendimentos realizados na Cidade, tanto em
nível básico como em nível secundário. Porto Alegre tem 11 unidades de
periferia e uma unidade de atendimento ambulatorial que se localiza no próprio
prédio da Secretaria, que é uma unidade de referência, onde temos especialistas
de todas as áreas médicas, além de odontologia. Fora isso, temos no PAM-3, na
Unidade Cruzeiro do Sul, que se localiza na Restinga, um serviço de urgência 24
horas, com um atendimento odontológico 24 horas, clínica médica, pediatria, e
recentemente inauguramos traumatologia e radiologia. Nossas unidades prestam
basicamente serviços em nível de clínica, pediatria e ginecologia, e temos em
algumas unidades, também, serviços de saúde mental, com psicólogos em 3 delas,
além dos programas de saúde da criança, saúde da mulher, saúde do adulto,
programas do SINASC, que é a recuperação dos nascidos vivos na Cidade e outros
programas relativos ao atendimento primário nessas unidades. Além dessas
unidades, temos um centro de atendimento de saúde mental, que também funciona
no PAM-3, para atendimento ambulatorial e atendimento de urgência para
pacientes problemas mentais, temos uma pensão protegida, que são pacientes que
vieram da Clínica Pinel, pacientes crônicos, que estavam na Clínica Pinel
quando esta rompeu o convênio com o INAMPS e passaram para os hospitais da
Prefeitura, num convênio com o Governo do Estado. Nós mantemos hoje cerca de 40
pacientes, com um sistema de atendimento que tenta resgatar neste tipo de
paciente a volta dele para a sociedade, com resultados muito interessantes.
Além disso, temos o centro de Referência ao
Trabalhador - que funciona junto ao Hospital Pronto Socorro - que faz, além do
atendimento das doenças ocupacionais e das doenças do trabalho, vigilância
sanitária nos locais de trabalho. Nós, hoje, temos várias intervenções nos
ambientes de trabalho, tentando garantir aos trabalhadores uma nova forma de
intervenção nos ambientes de trabalho, junto com a Delegacia Regional,
proporcionando para estes trabalhadores a condição de fiscalização necessária
para que as suas atividades se desenvolvam.
Esta é uma ação nova. Nós estamos montando esta
equipe. Já temos tido várias intervenções em empresas aqui da Capital com
resultados muito satisfatórios, porque além da fiscalização, se presta um
atendimento aos trabalhadores.
Na Prefeitura, temos o Programa de Saúde da Mulher,
que tem uma casa de apoio - Casa Viva Maria - onde nós atendemos mulheres
vítimas de violência no lar. As mulheres são encaminhadas a esta casa a partir
das Delegacia de Mulheres ou dos hospitais que tratam urgências - Pronto
Socorro, Santa Casa, Hospital de Clínicas - e a Casa Viva Maria procede ao
atendimento das lesões corporais a que elas foram submetidas, e posteriormente
um atendimento mais amplo psicológico e institucional, no sentido de fazer com
que elas voltem à atividade produtiva e tentando refazer um novo lar para estas
mulheres. Este albergue tem atendido, em média, 30 a 40 mulheres por mês na
cidade.
Além disso, desenvolvemos programas de prevenção ao
câncer ginecológico e o de mama nas nossas unidades sanitárias, programas de
planejamento familiar nas unidades sanitárias e outros programas sobre doenças
sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS e toda uma gama de intervenções
que dizem respeito à saúde da mulher.
Eu não vou entrar em detalhes, com relação ao Hospital de Pronto Socorro, que todos conhecem as suas atividades. Nós, durante o Governo anterior, aumentamos a capacidade do Pronto Socorro e nesse Governo estamos possibilitando, inicialmente, um aumento da capacidade da UTI Clínica deste Hospital. Vamos inaugurar, provavelmente no mês que vem, mais onze leitos na UTI, pois a mesma vive permanentemente lotada. Temos uma capacidade de doze leitos na UTI, tendo uma necessidade média de ocupação de dezoito a vinte leitos permanentemente. Então, estaremos inaugurando esta UTI provavelmente no mês que vem e reinaugurando uma sala de politraumatizados com uma capacidade maior de atendimentos. No Pronto Socorro na área de pediatria seria mais uma questão a abordar. Eu vou entrar nas questões que são mais importantes em relação à municipalização, porque o objeto de ter vindo, aqui, é o pedido da Vereadora Maria do Rosário.
Então, rapidamente, vou dar um quadro de como está,
em nível nacional, a questão da municipalização. Ela foi objeto de discussão da
Constituinte de 1988, faz parte da Constituição e, posteriormente, foi
regulamentada por uma Lei específica, que é a Lei Orgânica da Saúde, de número
8080, isso em 1990. De lá para cá vários municípios no País avançaram com o processo
de municipalização, mas na verdade a grande maioria dos municípios ainda não
concretizou este processo de descentralização do serviço de saúde, porque as
condições oferecidas para que, efetivamente, esta descentralização se desse,
não proporcionaram que o quadro se completasse a nível nacional. O atual
Governo Federal, através do Ministro Jamil Hadad, tentou de alguma forma
apressar o processo de municipalização, criando para isso uma série de
mecanismos que colocavam os governos municipais e o Governo do Estado com a
possibilidade efetiva de implementar a municipalização do serviço. Para isso,
criou uma norma operacional, que coloca requisitos para que os municípios façam
a opção pela municipalização imediata.
No Estado do Rio Grande do Sul foi criada,
recentemente, a comissão bipartite entre municípios e o Estado, que é a
comissão que vai gerenciar os processos de municipalização que chegarem até o
Governo do Estado, a partir deste mês de setembro ou outubro.
Porto Alegre, já no ano passado, apresentou vontade
de municipalizar, num plano de municipalização entregue ao Governo do Estado já
em 92. Com essa nova norma operacional, a discussão sai do âmbito exclusivo do
Governo do Estado, e passa para esta comissão bipartite e para o Conselho
Estadual de Saúde que fiscaliza a intervenção do Estado nesta comissão.
Apresentamos, então, no ano passado esse processo
de municipalização, agora a comissão está revendo todos os Municípios que já
estão municipalizados e os que apresentaram novas propostas. Foi dado um prazo,
que é o mês de outubro, para que os Municípios se reorganizem com essa nova
norma operacional, e Porto Alegre deve apresentar, dentro desses critérios,
novos dados da municipalização para o mês de outubro, novembro no máximo.
O Governo do Estado, portanto, perde um pouco da
hegemonia no sentido de decidir quem vai municipalizar ou não. Agora, o
processo se dá em duas mãos. Precisa que os municípios também opinem e se
posicionem. Isso é dado positivo, porque coloca, de fato, outros elementos para
serem contemplados nesse processo de municipalização.
Porto Alegre, como eu estava dizendo, apresentou no
ano passado, e nós agora, nesse processo de discussão, estamos reapresentando a
nossa proposta que se divide, basicamente, no seguinte: temos em nível de Porto
Alegre, sessenta e duas Unidades Básicas de Saúde; mais doze PAMs com maior ou
menor complexidade; equipamentos de saúde que eram do Governo Federal, e que
hoje são administrados pelo Estado. Nós propomos, inicialmente, que o Município
de Porto Alegre comece a incorporar, para a sua gerência, unidades periféricas
- unidades básicas de saúde, começando também de forma progressiva e
descentralizada a nível do Município. Temos consciência de que seria, além de
temerário, incontrolável, uma dificuldade muito grande para a sua implantação,
se absorvêssemos a rede toda da cidade de Porto Alegre. Portanto, a proposta
que Porto Alegre faz, hoje, é de que comecemos por distritos. A proposta
inicial é de que o Distrito 4 - Grande Glória, Cruzeiro e mais a Restinga -
sejam absorvidos e num cronograma rápido de implantação se possa absorver os
outros nove Distritos na [T1]Cidade.
Para isso achamos que não é necessário somente absorver essas unidades. É
necessário que se implante um modelo de assistência e que seja um modelo que dê
conta da necessidade que a população tem. O modelo que o Governo do Estado
utiliza hoje para o atendimento de Porto Alegre é um modelo que privilegia o
atendimento médico. Achamos que devemos aumentar a participação de outros
profissionais e implementar um modelo que dê ênfase maior na prevenção e
promoção de saúde, com uma busca ativa de problemas a nível de comunidade etc.
Além da absorção das Unidades, a idéia é
municipalizar imediatamente o controle e a avaliação das AIHs, ou seja, dos
atendimentos hospitalares e dos atendimentos ambulatoriais, tanto do serviço
público, quanto do serviço privado. Hoje, Porto Alegre carece de um controle e
avaliação mais efetiva. Nós temos muitos dados que nos dão conta que existe
muita dificuldade, em nível dos hospitais, no controle e avaliação. Há, também,
muitos problemas em relação à efetiva implantação desse sistema.
Gostaria de terminar, colocando em que condições
nós estamos discutindo com o Governo do Estado para que se possa, efetivamente,
municipalizar Porto Alegre. Acho que é uma questão importante.
Em primeiro lugar, a questão do financiamento. Nós
entendemos que não é possível, isso é obvio, com os recursos advindos só da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, municipalizarmos a Cidade.
Nós temos destinado para a saúde em Porto Alegre,
aproximadamente, 13% da nossa receita. O Governo do Estado destina 2,7% do seu
orçamento para a saúde. Nós estamos em campanha para que o Governo do Estado
destine, no mínimo, 10%. Essa não é uma campanha nossa, interna. É um desejo em
nível nacional e uma recomendação em nível do Governo Federal, para que todos
os Estados façam isso.
Portanto, essa questão do funcionamento é
fundamental. A nossa realidade, hoje, na Cidade, é que gastamos desse nosso
orçamento 70%, basicamente, com o Hospital de Pronto Socorro. É uma estrutura
extremamente cara. É cara para nós, pelo que ela representa para a Cidade, mas
é cara para os cofres públicos, principalmente por que o Município arca quase
que sozinho com essas despesas.
O Hospital consome, hoje, em torno de um milhão e
trezentos mil dólares por mês, entre pessoas e material de consumo. O que
retorna do Sistema Único de Saúde com a cobrança que se faz, em nível federal,
é em torno de trezentos mil dólares; quatrocentos a quinhentos quando nós
fizemos a fatura. Mas quando chega, são dois meses de atraso no mínimo, em
torno de trezentos mil dólares.
Então, nós achamos que temos de encontrar formas
para que o Hospital, também, tenha outro tipo de receita. Estamos fazendo um
convênio com o Governo Federal, que possibilita o aumento de 50% dessas
receitas. Achamos que temos que ter outro tipo de participação.
O Ver. Eliseu Santos está com um projeto que possibilita a cobrança de outras entidades privadas que são atendidas no Hospital de Pronto Socorro e nós achamos que temos que fazer também um consórcio com o Governo do Estado e com os Municípios no sentido de que exista uma participação de outros Municípios na receita do Hospital de Pronto Socorro, porque em torno de 40% dos atendimentos que nós fazemos em nível de hospital são da Grande Porto Alegre e de cidades do interior do Estado. Essa é uma questão importante em relação a nós podermos alcançar à municipalização. Outra questão são os recursos humanos e nós temos que ter bem claro que para municipalizar precisamos ter os recursos humanos repassados pelo Governo do Estado, em número suficiente, para que se possa implantar esse modelo assistencial senão não teria nenhum sentido. A outra questão é a recuperação física da rede estadual. Nós temos hoje uma realidade não muito alvissareira, que coloca que a grande maioria dos Postos que são administrados pelo Governo do Estado são Postos que estão em condições físicas muito ruins. Nós achamos que esse programa de absorção das unidades tem que vir com a necessária recuperação física para que, imediatamente, nós possamos começar a trabalhar.
Só para terminar, a questão da Vigilância Sanitária
é um outro assunto fundamental. Já falamos com o Ver. Zachia, em outra
oportunidade, que nós também temos o projeto de municipalizar imediatamente. O
Governo do Estado ainda detém a vigilância em todas as áreas, com exceção das
zoonoses que é feito pela Prefeitura e a vigilância nos locais de trabalho que
nós já começamos a desenvolver no Centro de Referência ao Trabalhador. Nós
queremos avançar nisso, para isso estamos propondo, ainda para este ano, se
tudo correr bem, a vinda para a Câmara do nosso Código de Saúde que permite ao
Município atuar na área da Vigilância Sanitária. Nós estamos montando um
projeto com uma equipe que começa na Vigilância Sanitária na questão dos
alimentos e depois avançamos para outras áreas da Vigilância que são
importantes. Porto Alegre não tem, hoje, nenhuma cobertura em nível da
Vigilância Sanitária. Isso é muito constrangedor dizer porque o Governo do
Estado, ao longo tempo, foi perdendo a sua possibilidade de intervenção e os
Municípios não foram tendo a capacidade de fazer esta absorção. Por isso esses
requisitos que são colocados são fundamentais, porque senão nós não vamos
conseguir avançar processo.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Meu caro Secretário Municipal de Saúde e Serviço Social, Luiz
Henrique Mota, é uma satisfação recebê-lo. O convite que esta Casa fez foi pela
preocupação, que todos nós temos, com o Serviço Municipal de Saúde voltado aos
interesses da maioria da população e pelo desejo de que se implemente,
verdadeiramente, um processo de municipalização. Para municipalizar a saúde é
preciso garantirmos mecanismos que operacionalizem isso. O Secretário tocou
nesta questão quando falou no sucateamento da rede estadual e nas dificuldades
que temos com o Pronto Socorro, que presta um atendimento universal a todos,
mas que necessita de uma parceria a fim de que o Município não pague a conta
sozinho. Um ponto fundamental da municipalização é a questão do repasse
financeiro. Não vamos poder municipalizar as unidades de saúde sem que os
recursos cheguem ao Município. Como isso está sendo tratado, inclusive com o
Estado e com o Governo Federal, no sentido de definir qual a verba que chega no
Município com a municipalização da saúde? Além disso, outra questão essencial é
a gestão efetiva do serviço de saúde que deve ser uma gestão social com base no
coletivo, que traga para o cidadão aquele atendimento que ele necessita no seu
cotidiano, inclusive com a participação dele na determinação deste atendimento.
Como estamos avançando neste sentido? Em que momento do processo de
municipalização nós estamos? Acho muito importante que esta Casa tivesse acesso
ao Plano de Municipalização. Além desse Plano, chegou alguma proposta? Gostaria
que o senhor abordasse a questão, no serviço de atendimento básico, nos postos
de saúde, a questão do atendimento integral à saúde da mulher, particularmente,
uma reivindicação que todos nós ouvimos, que é a idéia de no planejamento
familiar existirem programas de atendimento específico às adolescentes. Existe
esta possibilidade de os postos de saúde do nosso Município desenvolverem uma
ação integrada, inclusive, com outras secretarias, com outras iniciativas de
governo, no sentido da orientação da sexualidade das meninas adolescentes e dos
meninos também?
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: Inicialmente, há a questão do financiamento, que é uma pedra
que dificulta toda a discussão da municipalização. A nossa realidade é esta:
Porto Alegre tem, hoje, 70% dos recursos para o Pronto Socorro, precisamos
avançar nisso. Eu já coloquei alguns elementos que permitem isso. Há pouco
tempo, há cerca de dois meses, assinamos um protocolo de intenções com os
Municípios da Grande Porto Alegre, que prevê formas de encaminhamento de
pacientes para o Hospital de Pronto Socorro, para não acontecer de o hospital
ficar, permanentemente, superlotado e, na maioria das vezes, com pacientes que
não necessitariam ir ao Pronto Socorro. Nós temos que entender, cada vez mais,
que o Pronto Socorro é um hospital para atendimento de pacientes gravemente
enfermos, e não para atender doenças que podem ser absorvidas em outros locais.
Isso deu um resultado positivo, porque dos vinte e dois Municípios da Grande
Porto Alegre que estiveram aqui, quinze assinaram, e diminuiu
significativamente o número de remoções de pacientes para cá. Isso só não
basta, temos que ter uma forma de contrapartida financeira também. Mas isso
também é complicado, pois não queremos oficializar um êxodo de pacientes para o
Pronto Socorro. O nosso receio, e estamos trabalhando nisso, é de como nós
teremos mecanismos que possibilitem que se tenha algum tipo de cobrança, mas
que não coloque aos municípios, que mandam os pacientes, uma prerrogativa de
dizer que há um convênio com Porto Alegre e que poderão mandar todos os
pacientes para serem atendidos pelo Pronto Socorro, porque com isso pioraria a
situação que nós temos hoje.
A idéia é trabalhar com essa possibilidade, talvez
com um percentual fixo já descontado, que venha do Governo Federal para este
Município. Além disso, o financiamento hoje tem basicamente três esferas: o
orçamento das prefeituras, o orçamento do Estado e o orçamento da União. Da
Prefeitura já destinamos o que é possível para o Município de Porto Alegre
arcar na área da saúde; mais do que isso teríamos que sacrificar outras áreas
de atuação, o que não teria sentido. E já que aqui há muitos Vereadores com
influência no Governo do Estado, essa discussão tem que se dar. A própria
Secretaria de Saúde do Estado já manifestou a intenção de que fossem 10% do
orçamento do Estado para a saúde, que é o mínimo necessário para que aconteça.
O Secretário do Estado encaminhou o projeto à Assembléia Legislativa, houve um
veto do Governador que será votado no dia 14. Estamos mobilizados no sentido de
que esse veto seja derrubado e que os 10% permaneçam na saúde. Sem isso, a
contrapartida que o Estado tem que dar para a saúde fica muito difícil e a
questão da recuperação da rede física e tudo mais fica praticamente inviável, o
Governo do Estado não tem recursos para isso.
O Governo Federal, que também tem problemas, que
também deveria estar aplicando os 10% do seu orçamento na saúde, não definiu um
orçamento específico para a área da saúde. Entra tudo na securidade social, 30%
deveriam ir para a saúde, só que quem pode mais infelizmente leva. Há pouco
tempo, tivemos essa discussão pública entre o Ministério da Saúde e o
Ministério da Previdência que repassa os recursos financeiros e que acabou
ficando com eles, e para a saúde não foram repassados. Portanto, houve um
atraso de mais de três meses para o pagamento das contas hospitalares e
ambulatoriais, tanto para o serviço público como privado.
Estamos querendo que aquilo que seja destinado para
a saúde não seja simplesmente aquela verba que não é garantida. Para dar um
exemplo, hoje o que é destinado dentro do orçamento da securidade social é
basicamente o antigo Finsocial, hoje Cofins. Muito dessa verba do Finsocial
está sendo depositado em juízo. Em torno de 9 ou 10 bilhões de dólares
depositados em juízo, não sendo repassados. Nós queremos que tenha uma verba
específica para a saúde. E essa é uma luta para a revisão constitucional a ser
definida. Mesmo com isso, nós achamos que é possível avançar na municipalização
e, por isso, nós apresentamos o processo. Achamos que, não só é possível, mas é
necessário que gente vá absorvendo essas unidades básicas para nós podermos
oferecer esse atendimento mais global à população. Em relação à gestão social,
nós temos um Conselho Municipal de Saúde atuante em Porto Alegre, que participa
efetivamente da gestão da saúde na cidade. Participa, não só da fiscalização,
mas também do próprio processo de implantação da política em nível de município,
e os conselhos locais, que são divididos nos 11 distritos que temos na cidade,
também com atuação importante. Em relação ao atendimento de saúde da mulher na
periferia, nos nossos postos, nós temos em todas as unidades, com exceção do
Lami, que é muito longe, e pela própria característica da comunidade, e que
inicialmente não foi possível colocar, mas temos nas outras unidades médicos
ginecologistas ou geral-comunitário que prestam atendimento em nível clínico às
mulheres e também na área da prevenção e do planejamento familiar. Há pouco
tempo, criamos uma estrutura para atendimento de adolescentes, que é o Projeto
Jovem Cidadão. Na área da saúde, nós criamos cinco equipes, uma localizada no
centro e as outras quatro em unidades da periferia para o atendimento de
adolescentes. Temos um convênio com a Santa Casa para atendimento ambulatorial
em nível da adolescência e nós encaminhamos pacientes para lá. Estamos, agora,
apresentando um projeto para o Banco Mundial. Um projeto em que nós vamos
receber 2 milhões de dólares para aplicar em AIDS e doenças sexualmente
transmissíveis. Estamos apresentando, entre vários projetos que irão utilizar
esta verba, dois especificamente para atender D.S.T e um que é o Disque
Sexualidade - uma orientação em nível de sexualidade para adolescentes, por
telefone, com uma equipe. Para o ano que vem, já pretendemos ver implantado
aqui na Cidade.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Queria, inicialmente, cumprimentar o Sr. Secretário da Saúde
Luiz Henrique Mota, que vem abordando os assuntos de forma tranqüila e
objetiva, embora saibamos que a maioria das questões são quase que
emergenciais. Gostaria de saber com relação a um aspecto do que chamo de saúde
urbana, que foi comentado pelo Sr. Secretário, quando afirma que dá ênfase à
medicina preventiva. Tenho consciência de que nós, na atual administração e na
passada, fizemos um grande investimento que a rigor não estaria diretamente
ligado com a área de saúde, que é o investimento em saneamento básico. Esta
visão de saúde urbana, ou seja, de existir água, esgoto e recolhimento de lixo,
estas questões mais graves sendo saneadas representam, no nosso entender, uma
diminuição de doenças etc. A Prefeitura estaria com interesse de fazer uma
avaliação - que não precisa ser feita agora - da repercussão que este
saneamento está tendo na diminuição de doenças nas vilas, principalmente nas
crianças - hoje, já não dá mais para dizer menor abandonado, existem os maiores
abandonados, velhos, mulheres de programa e assim por diante. Então, essa é uma
questão; a outra é que em 89 nós tínhamos um encaminhamento, em 1989, início de
90, e foi falado aqui também nessa exposição sobre o convênio hospital-escola
com o Ministério da Saúde. Infelizmente, o Governo Collor, sem muitas
explicações, acabou cortando esse convênio. Eu me lembro, na época em que era
ordenador do orçamento, nós fazíamos a execução do orçamento municipal, o
Pronto-Socorro recebia do SUS em torno de seiscentos mil cruzeiros, na época,
por mês, enquanto o orçamento do Pronto-Socorro era de onze milhões. Vejam os
Srs. Vereadores como há uma distorção nisso e o convênio hospital-escola
estaria suprindo, de certa forma, e com muita vantagem, essa deficiência. Hoje,
ele não existe. A perspectiva da sua existência ainda é remota? São estas as
duas questões que eu faria dentre outras que a gente concorda que foram
colocadas pela Verª Maria do Rosário.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Eliseu Santos.
O SR. ELISEU
SANTOS: Eu fico muito satisfeito com sua presença aqui e quero
parabenizá-lo pelo seu trabalho, o qual tenho acompanhado e foi muito bem
explicado aqui hoje. Eu só tenho um senão, mas esse eu acho que independe do
seu trabalho. É sobre a paralisação das obras dos postos no Município. Eu recebi uma notícia alvissareira e
gostaria que o senhor confirmasse de que deverão ser iniciadas as obras dentro
de 60 dias no máximo. Eu gostaria que o senhor confirmasse se essa notícia é
verdadeira.
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: Quanto à Restinga, que ficou paralisada, a licitação deve
sair agora na segunda-feira, ou seja, se abre o processo de licitação. A Rubem
Berta, estamos, ainda, num processo de discussão com a empresa que saiu. Eu
posso, agora, quando responder, dar maiores detalhes sobre o que realmente
aconteceu com cada uma dessas obras. Eu acho que são obras importantes para
nós. Nós temos obras, do ano passado, como o posto da Bom Jesus, é um posto
grande, com 1050 metros quadrados para pronto atendimento e atendimento de
nível básico também. A empresa, no final do ano passado, rompeu com o contrato
e abandonou a obra e tivemos que refazer todo esse processo de licitação.
Entramos na Justiça, foi necessário, e isso foi feito pela PGM e também estamos
aí para lançar um edital para uma nova licitação e, quando íamos fazer no final
de julho, houve esta nova Lei de Licitações que dificultou um pouco. Na
Restinga foi a mesma coisa, a empresa faliu durante a execução da obra, nós
tivemos que iniciar novamente e está saindo agora e, recentemente, a Rubem
Berta que nós estamos com a obra sessenta por cento concluída, e a empresa
abandonou a obra e entramos na justiça para tentar garantir a conclusão, mas
não estão garantindo e por isso nós estamos rompendo o contrato e acionando
essa empresa no judicial e vamos licitar novamente. Achamos que até o final do
ano a gente estará com essas obras em andamento. São, na verdade, três obras da
Secretaria da Saúde e que tiveram esses problemas de andamento. Não teve nada
haver com a Prefeitura que estava em dia com as suas obrigações, mas nessa
relação que se dá do setor público e setor privado nessas condições. É uma
coisa complicada.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Fernando Zachia.
O SR.
FERNANDO ZACHIA: Cumprimentando o Secretário, Dr. Luiz Mota, ele,
parcialmente, já respondeu à colocação feita pela Verª Maria do Rosário. Nós
sabemos que o HPS consome setenta por cento do orçamento da Secretaria
Municipal. E se nós teríamos o percentual de utilização do HPS por cidades que
não são Porto Alegre.
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: São trinta e seis a quarenta por cento.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jair Soares.
O SR. JAIR
SOARES: Sr. Presidente, Sr. Secretário. É um prazer muito grande, mais uma
vez, esta Casa contar com a sua presença. Se eu não pergunto nada, vai parecer
para alguns que eu estou cometendo uma indelicadeza, pois tendo exercido o
cargo de Secretário de Estado da Saúde, durante oito anos, tendo sido Ministro
da Previdência durante quatro anos e tendo acompanhado a saúde pública do Rio
Grande do Sul durante dezesseis anos, não é possível que eu não tenha alguma
indagação a fazer. Mas se falo, outros podem pensar que eu queira dar alguma
aula. Longe disto.
Quando V. Exª, Sr. Secretário, fala nessa luta dos
10% do orçamento estadual para ser aplicado na saúde, lamentavelmente, desde
logo, veremos que isso é uma utopia. Por quê? Ora, 65% do orçamento, pela
Constituição, é para pessoal. E este teto os Estados - e o Rio Grande do Sul
não foge à regra - já ultrapassam, face ao problema salarial que existe no
País. Outra norma legal diz que o Estado tem que aplicar 25% em educação.
Somados os percentuais, teremos 90%. Como, então, o Estado vai tirar 10%? O que
sobrará para a segurança, para o saneamento, para a habilitação, enfim. A gama
de ações do Estado é muito grande e ele se expandiu de uma forma que, a meu
juízo, ele não pode atender.
Minha opinião é que há um problema sério no serviço
público brasileiro: o Estado não pode deixar de fazer aquilo que a Constituição
determina, como direito e um dever, ou seja: saúde, educação e segurança. No
resto, ele pode ser parceiro, porque nunca terá recursos.
A Prefeitura Municipal, ao consignar 13% do seu
orçamento, dá a demonstração da vontade política de fazer saúde e de atender à
norma legal, o que não acontece com o Governo Federal.
O que eu gostaria de saber é quanto já foi
repassado, do Ministério da Saúde, em números, este ano, mesmo que não sejam
corrigidos? Isso seria importante, porque se temos doze PAM’s federais,
sessenta e dois federais e onze municipais e eles têm dificuldade com os 13% -
e eu sou favorável à implantação da municipalização não só da saúde, mas também
de outros programas - é muito difícil que se faça um programa sério de
prevenção de doenças, atacando realmente a doença antes que ela se instale,
através de agentes imunizantes. Então, Sr. Secretário, eu gostaria de saber
exatamente quanto o Governo Federal, através do Ministério da Saúde, repassou
depois que foi assinado o protocolo? Por outro lado, enquanto o Governo Federal
não definir recursos para a área de saúde, vai ser difícil. Porque toda vez que
a assistência hospitalar precisa, eles vêm com um paliativo. Hoje, o Ministério
da Previdência, que teria que repassar os recursos e não repassou, criando uma
crise na área hospitalar, está devendo para o FAT aqueles trinta e nove trilhões
de cruzeiros - antigos. Isso é um problema seriíssimo, porque esse dinheiro tem
um outro destino e o Ministério da Previdência vai ter que repor. E se já não
teve recursos suficientes no primeiro semestre, é certo que não os terá no
segundo. Por isso, Sr. Secretário, eu quero que leve, à Administração
Municipal, os meus cumprimentos, porque vejo a vontade política do governo em
fazer saúde.
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: Inicialmente, gostaria de dizer que temos o maior respeito
pela sua trajetória na área da saúde, acho que se avançou em muitas coisas
durante a sua gestão no governo do Estado. Gostaria de colocar uma questão em
relação ao percentual destinado para a área da saúde. V. Exª sabe que a grande
maioria dos recursos é gasta com o pessoal. Saúde se faz com pessoal, com
profissionais. Nós precisamos muito pouco de valores nominais para consumo ou
para investimentos, principalmente porque a atuação é uma atuação com ênfase a
nível de atendimento básico. Então, quando nós falamos em 10%, aí está incluído
pessoal entra desses 65% dos custos com pessoal, portanto, nós não queremos 10%
fora desses 65%, mas incluído também o pagamento de pessoal dentro destes 10%.
Todo o recurso que vem é gasto dessa forma. O Governo do Estado gasta esses 2.7
praticamente com o pagamento do pessoal da saúde, muito pouco ele investe em
medicamentos, na recuperação da rede. Nós queremos que esse percentual de 2.7
seja aumentado, se nós dobrássemos aquilo que é destinado para a saúde, se
chegássemos a 5,6% do que é hoje destinado para saúde, nós teríamos um avanço
significativo para que pudéssemos ver concretizada a municipalização. É uma
luta, precisa vontade política, garantido isto, é possível encaminhar essas
questões de forma definitiva, um modelo de assistência que privilegie a questão
de prevenção e promoção da saúde. Nós estamos lutando por isso, que se inclua
aí a questão do pagamento do pessoal no orçamento. Não tenho os dados do que o
Governo Federal nos repassou neste ano. O Governo Federal repassa sempre com um
ou dois meses de atraso, nunca num cronograma definido previamente, geralmente
vem aleatoriamente na conta. Às vezes, entra na conta e temos que ver o que ele
está mandando. Hoje não vem mais para os Municípios e para os Estados um
percentual fixo para a saúde. Nós recebemos do Governo Federal mediante
procedimentos como era feito com a rede privada, aquilo que nós faturamos, nós
cobramos do Governo Federal e ele nos repassa. Dos custos do Pronto Socorro 1/5
mais ou menos, se cobre com o que é repassado pelo Governo Federal não mais do
que isso.
Desculpe, mas eu não respondi à pergunta do Ver.
Clóvis Ilgenfritz, naquele momento.
Em relação ao convênio universitário. Foi feito em
90 ou 91, não tenho certeza, mas foi rompido unilateralmente pelo Governo
Federal que rompeu com todas as instituições de ensino e agora eles estão
refazendo os convênios universitários: primeiro para os hospitais
universitários e, posteriormente, para os hospitais de ensino, aqueles que têm
algum tipo de atividade de ensino. Nós já encaminhamos um pedido para o
Ministro da Saúde, quando ele esteve em Porto Alegre, entregamos em mãos, e, eu
estou indo a Brasília, porque deve ser votado numa Comissão entre o Ministério
da Saúde e o Ministério de Educação, este convênio que é chamado FIDAE, que é
um incentivo aos hospitais prestadores de ensino, que dá 50% a mais da receita
que hoje estamos recebendo. Cobre alguma coisa mais, não é o suficiente para
que a gente possa equacionar a questão dos custos do Pronto Socorro.
O SR. JAIR
SOARES: Sr. Presidente, permita-me concluir a pergunta que eu não quis
fazer em dois tempos.
Mas, Sr. Secretário, em matéria de medicamentos,
agentes imunizantes e medicamentos, toda aquela gama que a unidade básica
precisa ter, a CEME e o LAFERGS têm feito a distribuição na área do Município
de modo a manter os estoques para o atendimento?
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: Nós não recebemos durante o ano de 93 nada do Governo
Federal e nem do Governo Estadual a nível de medicamentos. Nós estamos bancando
com recursos próprios da Prefeitura de Porto Alegre a distribuição de
medicamentos em nossas unidades e estamos sofrendo um problema muito sério, que
é o seguinte: como estamos comprando a medicação, as pessoas que são atendidas
em outras unidades e até em outros municípios têm vindo para as nossas unidades
em busca de medicamentos. Nós estamos agora restringindo, pelo menos, para
Porto Alegre não podemos estar dando remédios para Alvorada e Cachoeirinha,
estamos restringindo para Porto Alegre. Mas como atendemos universalmente,
temos imensas dificuldades para restringir, por exemplo, para pessoas que não
são atendidas nas nossas unidades. Mas muitas farmácias que temos nas unidades
do Município estão-se transformando em farmácias mesmo, porque as pessoas
consultam em outros lugares e vão para buscar os remédios.
Isto é um problema sério, estamos levando para
discussão no Conselho Municipal de Saúde nas próximas reuniões, vai ser uma
decisão importante, porque é insuportável do ponto de vista do Orçamento da
Prefeitura nós ficarmos bancando essa medicação, não temos como, é muito caro.
Os remédios têm aumentado significativamente esse ano, acima da inflação,
inclusive, e temos muita dificuldade para manter isto aí.
Na última reunião bipartite se acertou com o
Governo do Estado um repasse para as prefeituras, também. A partir do próximo
mês o Governo do Estado deve repassar para as prefeituras. Acontece que aí
entramos na mesma questão do Orçamento: como o recurso é pequeno o LAFERGS está
parado, está em obras há quase dois anos, não está produzindo, o Governo do
Estado está gastando o seu Orçamento para medicação, basicamente, com
medicamentos excepcionais que o Governo Federal não têm mandado. Para dar um
exemplo, o Governo do Estado comprou para um mês, 50 milhões de cruzeiros reais,
só com ciclosporina, que é uma droga usada em pacientes transplantados renais.
E é uma minoria, em relação ao conjunto da população.
Então, essa dificuldade o Governo do Estado também
tem.
Estamos tentando equacionar. O LAFERGS deve estar
com sua obra terminada até o final do ano. E aí estamos pensando em uma
parceria com o Governo do Estado, em que as prefeituras possam entrar com
insumos e o laboratório produzir a medicação para ser repassada para nós.
A situação hoje é muito séria em relação a essa questão.
O SR. JOÃO
DIB: Queria cumprimentar o Secretário pela simplicidade e pela objetividade
na exposição e nas respostas. Isso só faz quem sabe.
Mas quero fazer um apelo ao Secretário: na Ilha das
Flores, o Lyons da Zona Norte está pretendendo fazer um ambulatório médico e
odontológico com 33m², está sendo obstaculizado na SMOV desde o início deste
ano. Eu pediria o apoio, porque eles vão colocar médico, remédio, para uma
comunidade muito carente. Muito obrigado.
O SR.
HENRIQUE FONTANA: Inicialmente eu também gostaria de cumprimentar o nosso
Secretário e companheiro Mota. E principalmente colocar, não por um dever de
protocolo, mas realmente da minha satisfação de ver a clareza com que ele
conseguiu expor, nos poucos minutos que teve, as dificuldades para administrar
o setor de saúde dentro do Município de Porto Alegre. E aproveitar este momento
onde nós, Vereadores, estamos discutindo a questão da saúde em Porto Alegre,
para efetivamente fazer um apelo aos Vereadores dos mais diversos partidos das
outras bancadas de que se assuma a idéia de que nós não conseguiremos resolver
o problema da saúde dentro de Porto Alegre sem uma parceria efetiva com outras
forças políticas e sem o compromisso principalmente do Governo do Estado. Nós
temo-nos debatidos freqüentemente, porque esse é um assunto, a saúde, que não
pode ser resolvido pelos Vereadores, pelos responsáveis da área da saúde, pelo
próprio conselho que luta para resolver sem que tenhamos uma garantia da
participação do Governo do Estado, do Governo Federal na solução desse
problema. E eu cito como exemplo, talvez o mais emblemático de todos que é a
responsabilidade que o Município tem hoje pelo financiamento do Hospital de
Pronto Socorro. Diz claramente a estrutura do sistema de saúde que os
municípios deveriam garantir, principalmente a rede básica de atendimento, as
unidades básicas de saúde e jamais ter a responsabilidade de ver o seu
orçamento em 70% comprometido, por exemplo com atendimento hospitalar de alta
complexidade como é um hospital de emergência de trauma como o HPS. Mas Porto
Alegre tem uma tradição histórica com o seu Hospital de Pronto Socorro e deve,
obviamente, mantê-lo funcionando da maneira eficiente como mantém hoje e,
inclusive, na medida do possível ampliar esse funcionamento. Agora, nós
precisamos com urgência fazer essa parceria com o Governo do Estado e não
existe uma proposta concreta, mas eu tenho a certeza de que o Governador será
sensível a isso. Se hoje o Município coloca dentro do Hospital de Pronto
Socorro na média de 12 a 14 milhões de dólares por ano, nós sabemos que 40% dos
pacientes atendidos dentro do Hospital são de cidades vizinhas, de todo o
interior do Estado. Ou seja, é um hospital do Estado e não do Município de
Porto Alegre. Só para dar um exemplo, se o Estado contribuísse com 40% desses
recursos, seria aproximadamente cinco milhões de dólares por ano, o que nos
permitiria manter funcionando de 15 a 20 unidades de saúde na periferia de
Porto Alegre, dessas que estão paralisadas, hoje, que não estão funcionando. E,
portanto, fica claro que o desafio da saúde em Porto Alegre passa por uma
negociação com o Governo do Estado e com o Governo Federal porque o Município
está no seu limite, investe 13% do seu orçamento em saúde e não pode, sob pena
de inviabilizar outras áreas, ampliar esse investimento. E nós que temos a
responsabilidade de solucionar o Plano de Saúde de Porto Alegre e, aqui, não se
trata de uma disputa partidária entre Município, Estado e o Governo Federal, se
trata, sim, que Porto Alegre precisa de um Sistema de Saúde eficiente e que
precisa da contribuição de todos os setores e, portanto, a luta imediata pelos
10% em aplicação do orçamento do Governo do Estado é fundamental e necessária
para que possamos solucionar esses problemas.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Sr. Secretário, na mesma linha rápida do Ver. João Dib, também
quase a mesma questão é que há um ambulatório, mas esse na Ilha dos
Marinheiros, do Rotary, já começado que também foi obstaculizado pela SMOV. É
verdade que já existem negociações para a sua conclusão, só que, ontem, o
Presidente do Rotary me ligou dizendo que estão apodrecendo as maneiras e falta
concluir a cobertura e a população está desesperada porque realmente faz falta.
Ontem mesmo a Fundação Zoobotânica liberou através de um ofício, por ser área
de uso restrito, portanto, permissível em relação ao Delta do Jacuí, que era o
que o Prefeito Tarso Genro necessitava. Então, já que V. Exª é da área, eu
apelaria para que V. Exª agilizasse para conclusão daquele ambulatório que não
preciso dizer o porquê das razões porque todo mundo sabe o que a Ilha dos
Marinheiros necessita nessa área. Portanto, é esse o apelo e agradeço à
possível interferência de V. Exª.
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Secretário para as respostas derradeiras e
a conclusão da sua estada entre nós.
O SR. LUIZ
HENRIQUE MOTA: Inicialmente, gostaria de agradecer a oportunidade de expor
a questão da saúde em nível de Porto Alegre. Acho que é fundamental que nós
possamos, enquanto Executivo, travar essa discussão aqui na Câmara de
Vereadores. Não vamos avançar seguramente na implantação do sistema, com a
complexidade que ele tem, se não tivermos unidos no mesmo objetivo,
independente da questão partidária.
Achamos que Porto Alegre merece um sistema de saúde
diferenciado. Hoje temos um sistema que tem que ser sustentado, basicamente,
pelo atendimento em nível dos hospitais. Felizmente, senão seria mais
catastrófico ainda, Porto Alegre tem uma rede hospitalar que absorve toda essa
demanda que não é atendida em nível da periferia da Cidade. Se por um lado isso
é bom, porque diminui as possíveis complicações da falta de um atendimento
desses, por outro lado nos mostra com clareza que a nossa rede periférica não
funciona. Essas filas todas que temos em nível dos hospitais não é por outra
razão senão a quantidade e a qualidade do atendimento prestado em nível das
unidades periféricas de Porto Alegre, que deixa muito a desejar.
Estamos fortemente imbuídos em mudar este quadro,
achamos que é possível e estamos trabalhando para isso. Também estamos à
disposição dos Srs. Vereadores para qualquer esclarecimento posterior, pois
certamente, precisamente, em muito da intervenção dos Vereadores em algumas
questões essenciais para nós (sic). Cito um exemplo: temos hoje na Secretaria
da Saúde um quadro de pessoal esgotado, não temos possibilidade de nomear, a
não ser por regime de urgência, por cartas-contrato, o que seria uma exceção.
Acredito que até o final deste mês, início de outubro, esteja vindo um projeto
do Executivo para criação de cargos para a área da saúde. Precisaremos da
intervenção dos Vereadores no sentido de viabilizar a criação desses cargos,
pois sem eles não teremos condições de encaminhar as questões.
Além disso temos a questão da vigilância sanitária,
do Código de Saúde que também precisará de uma intervenção, para que em sendo
aprovado, possamos começar a intervir na Cidade.
É isso. Meus agradecimentos e minhas desculpas por
alguma coisa que eu tenha deixado de responder, e eu estou à disposição para
voltar, quando acharem necessário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A Câmara Municipal agradece o comparecimento de V. Exª. A
Sessão foi para elucidar e bem informar a nossa Casa, e tenha a certeza de que
nós vamos mais vezes convidá-lo a comparecer, pois este assunto é muito
importante, e está sendo tratado diariamente na Câmara, por isso as nossas
dúvidas e as nossas intervenções. Muito obrigado pela sua presença.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2105/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO Nº 027/93, do Ver. Décio Schauren, que modifica a redação do
art. 2º da LC 294/93, sobre a obrigatoriedade dos estabelecimentos varejistas
afixarem em suas fachadas o preço da cesta básica e dá outras providências.
PROC. 2168/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 111/93, do Ver. Eliseu Santos, que domina Praça Romeu Ritter
dos Reis um logradouro público localizado no Bairro Rubem Berta.
2ª SESSÃO
PROC. 2050/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 105/93, do Ver. João Dib, que revoga a Lei nº 7276, de 09 de
julho de 1993, que denominou Travessa José Carlos Dias de Oliveira um
logradouro púbico.
PROC. 2008/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 102/93, da Verª Clênia Maranhão, que institui o Fundo
Municipal de Proteção ao Consumidor.
PROC. 1576/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 39/92, que dá nova redação e modifica, quanto ao prazo, o disposto no
artigo 3º da Lei nº 5942, de 17.09.87.
O SR.
PRESIDENTE: Não há oradores inscritos em Pauta.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada
nominal dos Srs. Vereadores, para verificação de “quorum.”
O SR.
SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores, para
verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Há “quorum” para a votação.
O SR. NEREU
D'ÁVILA (Requerimento): Eu requeriria que fosse colocada em primeiro lugar
na votação o Processo 1697 de folhas 8.
O SR.
PRESIDENTE: Requerimento do Ver. Nereu D'Ávila.
Vamos submetê-lo ao Plenário. Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam como estão. APROVADO.
Passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO
PROC. 1697/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 45/93, que declara de Utilidade Pública a Associação Restauração Templo
Nossa Senhora das Dores - ARTE.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator, Vereador Isaac
Ainhorn: pela aprovação;
-
da CEC. Relator, Vereador Décio
Schauren: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 45/93. Com a palavra, o Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Requerimento do Ver.
Nereu D’Ávila, contra o qual não tenho nada contra, apenas me pegou um pouco de
surpresa, e não me permitiu o Vereador responder a uma dúvida que me assaltou,
que é a seguinte: é pela designação social da Entidade - restauração do templo
Nossa Senhora das Dores - me parece que não existe uma previsão de ser uma
entidade permanente, eterna, ou seja, espero que um dia possamos terminar a
restauração da Igreja das Dores, com a participação, inclusive, do Município,
Estado, Governo Federal, entidades particulares, etc. A minha dúvida é se cabe
nós transformarmos uma entidade que é eminentemente provisória, a não ser que
eu esteja equivocado, porque entendendo que ela deve concluir sua tarefa em
seguida; se caberia transformarmos esta entidade, que é provisória, em entidade
de reconhecimento público, porque, realmente, se é coisa que tem uma tarefa
específica... Quer dizer, se fosse uma espécie de Associação de Amigos da
Igreja das Dores; eu sou francamente favorável, sem a menor dúvida, porque aí
teria um trabalho, permanente, de longo prazo, mas, aqui, assim como é a
designação da entidade, que é dar restauração. Porque espero que esta
restauração um dia se conclua. Fico na dúvida se realmente cabe. Aqui,
portanto, a crítica não é ao Vereador Nereu, mas sim ao próprio Executivo, no
sentido de talvez não ter examinado concretamente. Por isso, Vereador Lauro
Hagemann, fui pego de surpresa, porque o nome de repente não fecha com aquilo
que, talvez, ela esteja fazendo. O Vereador Lauro mostra, aqui, e é justamente
isso que eu estava procurando que são os Estatutos da entidade, até que ponto
ela tem uma previsão de largo prazo ou não. Não tenho nada contra; a minha
preocupação é se cabe, enquanto tal designação. Vereador Nereu, eu vi que V.
Exª conversou com os representantes da entidade e gostaria que isso ficasse
registrado em nossos Anais, para não haver dúvidas.
O Sr. Nereu
D'Ávila: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Realmente,
e consta no processo, nós não tivemos tempo de examinar, mas consta que além de
restauração, de conservação e está consignado nos estatutos, portanto tendo um
caráter permanente, não havendo nenhum óbice.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Então não há nenhum óbice à aprovação, apenas me
preocupou, porque parece que a provisoriedade não justificaria o reconhecimento
público.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Não havendo mais quem queira discutir o presente
Projeto, está encerrada a discussão. Em votação (Pausa.) Não havendo quem
encaminhar, em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle,
solicitando seja o PLE nº 45/93 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0268/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 04/93, do Ver. Milton Zuanazzi, que estabelece a
obrigatoriedade, por parte dos empregadores, de fornecerem equipamentos ou
produtos de proteção solar aos trabalhadores que executam suas tarefas expostos
ao sol. Com Substitutivo nº 01.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator, Ver. Elói
Guimarães: pela aprovação do Projeto e do Substitutivo nº 01;
-
da CFO. Relator, Ver. Airton Ferronato: pela rejeição do
Projeto e pela aprovação do Substitutivo nº 01;
-
da COSMAM. Relator, Ver. Dilamar
Machado: pela rejeição do Projeto e pela aprovação do Substitutivo nº 01.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. Com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nada contra a idéia de proteger os
trabalhadores, mas fazermos leis que não serão cumpridas e de difícil
aplicação, fazermos, como a nossa Constituição determina, um salário mínimo
capaz de satisfazer as necessidades de uma família de quatro pessoas, em
matéria de educação, lazer, saúde e habitação e, que na verdade, não serve para
coisa nenhuma. Eu realmente, sou obrigado a me posicionar contrariamente ao
Projeto do Ver. Milton Zuanazzi.
Eis que vai ser difícil ser cumprida, mas até se
fosse cumprida, eu vou dar um protetor solar para que o operário use ao sol,
mas se ele vai trabalhar na poeira. Vai ser uma complicação danada. E, esse
protetor solar vai ter que ser renovado de hora em hora, ou de meia em meia
hora, dependendo do tipo. Vai ser outra complicação.
Então, me parece que não sendo esta medida, esta
proteção ao trabalhador, e até tenho dúvidas, se a Câmara tem condições, ainda
que a auditoria diga que sim, eu vou encaminhar contrariamente, e vou votar
contrariamente ao Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Para encaminhar pela Bancada, o autor do Projeto, Ver. Milton
Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É evidente que eu tinha
consciência até porque é a minha área de atuação, eu sou perito da Justiça do
Trabalho, muito antes de ser Vereador, que toda a legislação de defesa do
Direito do Trabalho, de proteção do trabalho, é uma legislação federal.
Acontece que o mundo, Ver. João Dib, move-se também
pelas vanguardas. Há que se iniciar em determinados momentos, determinados
procedimentos para que se tome consciência desses procedimentos.
O problema que anteontem vi no jornal Zero Hora,
técnicos da Universidade de Santa Maria e da Universidade do Chile, de Buenos
Aires, se reunirão a partir dessa semana em Santa Maria para discutir novas
pesquisas sobre os efeitos da camada de ozônio; sobre as pessoas expostas ao
sol. Esse é um problema que diz, essencialmente, à Região Sul do mundo ou à
Região do extremo norte do planeta, já que o buraco de ozônio inicia pelos
pólos. E há toda uma explicação técnica que justifica isso. E ele certamente
está comprovado, Srs. Vereadores, já atingiu Porto Alegre a partir do ano
passado, mais Buenos Aires e outras grandes cidades.
Eu me inspirei neste projeto em dezembro, sequer
era Vereador, quando vi a Secretaria Estadual da Saúde do Estado do Rio Grande
do Sul, fazendo uma campanha na mídia dos perigos da exposição ao sol, que todo
mundo sabe, independente de ozônio, com ou sem ozônio. Mas, nessa campanha de
dezembro do ano passado, justificavam pela abertura da camada de ozônio na
Região Sul do Brasil.
Há, também, comprovação de ordem médica do aumento
substantivo do câncer de pele nas pessoas que trabalham ao sol, não só nos
veranistas. E, como as nossas secretarias, a nossa imprensa, as nossas
instituições, preocupam-se com os veranistas que estão no sol por opção, eu
resolvi me preocupar com quem tem que trabalhar obrigatoriamente, quebrando o
asfalto, seja funcionário da SMOV, da CRT, ou de qualquer empresa que trabalhe,
diariamente, ao sol no verão. Essa é a minha preocupação.
Dizem os técnicos que o problema do ozônio nunca
atingirá o Equador, nunca será um problema nacional; será, sempre, um problema
nosso, regional. Ora, poderiam me dizer que teria que ser uma lei do Estado.
Bom, estaríamos na mesma questão da inconstitucionalidade. E a saída foi me
dada pela Auditoria da Casa, basta ler o processo. A auditoria diz: “a
preocupação do Vereador é com o morador de Porto Alegre, aquele que está
laborando sob os raios do sol”.
A única discussão que eu aceito, contrária ao meu
projeto, é que os raios do sol não prejudicam quem trabalha ao sol. Se alguém
me provar isso, eu retiro o projeto.
Agora, a legislação, conforme pertinente Parecer da
nossa Auditoria, vem em defesa do cidadão de Porto Alegre, de forma que, não
sendo isso um problema nacional, neste Brasil tropical, certamente é um
problema desse Brasil Meridional. Montividéo está legislando sobre isso e
Buenos Aires também.
Então, acho que nós, de Porto Alegre, poderíamos
“vanguardear”, e iniciar essa legislação. Não sei se não será cumprida, Ver.
João Dib; pode ser, sim. Afinal, a saúde pública tem que ser um problema muito
mais de consciência, do que do próprio cumprimento da lei.
Agora, é bom que esteja na lei. Dizia-me o Ver.
Mário Fraga que tem uma pequena empresa com trabalhadores: “então, quer dizer
que eu vou ter que dar um “Sundown”, ou qualquer outro produto”. É, vai ter que
dar. Não custa nada para o empregador e protege o trabalhador dos raios
solares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato, para encaminhar.
O SR. AIRTO FERRONATO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou fazer uma observação rápida, é
relativa ao orçamento. Diz-se com muita freqüência que Porto Alegre consome 65%
das suas verbas com pessoal. Nós sabemos que temos, por Lei Orgânica, no mínimo
30% com saúde dá 95%, aliás, com educação. Nós temos 10% com a saúde, dá 105% e
nós temos mais 14% relativamente a aplicações na Cidade, está faltando dinheiro
nesse orçamento. Outro aspecto a se dizer relativamente ao processo. Toda vez
que se fala em situação social do País, melhoria, solução para este País, se
fala que a solução é gerar emprego, e eu concordo. Só que gerar emprego não
basta dado o valor irrisório do salário que se paga. Então nós para melhorarmos
este País precisamos de mais emprego e, antes disso, de melhores salários.
Enquanto este salário não vem é extremamente positiva a proposta do Ver. Milton
Zuanazzi no sentido de que se busque, no mínimo, orientar o nosso trabalhador,
eu vi e todos nós vemos, principalmente no verão, quando se faz intensas campanhas
de saúde alertando para o veranista no sentido do perigo da exposição de raios
solares. Ora, se se faz isso para o veranista, por que não se fazer para o
nosso trabalhador da Cidade?
O objetivo básico pelo qual venho à tribuna diz
respeito ao meu parecer que tive a satisfação de ter sido o Relator da Comissão
de Finanças e Orçamento e está claro neste Projeto, pela própria Ementa, onde
diz o seguinte: “estabelece a obrigatoriedade de fornecimento de equipamento de
proteção solar aos trabalhadores”, e quando se diz “trabalhador” estamo-nos
referindo ao trabalhador da iniciativa privada e também ao trabalhador do setor
público. Portanto eu entendo que esse projeto deve alcançar, uma vez aprovado,
o trabalhador do Poder Público do Município de Porto Alegre, aquele que se
expõe aos raios solares. Está é a nossa proposição. Vamos votar favoravelmente,
dizendo que deve ser aplicada tanto na iniciativa privada, quanto no poder
público. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, manifesto, desde já, a minha
intenção de acompanhar a votação do Projeto do Ver. Milton Zuanazzi, quanto
mais não seja, por um efeito didático. Não sei qual será a repercussão disso em
nível econômico e laboral para o aperfeiçoamento da legislação trabalhista.
Acho que podemos contribuir com alguma coisa para a melhoria das condições em
que se desenvolve o trabalho desses companheiros que ficam expostos aos raios
solares. A questão científica da camada de ozônio, teremos que discutir com
mais profundidade. O fato é que o mundo avança, e nós teremos que estar
caminhando, paralelamente, a esse avanço. Hoje, a legislação não prevê essas
coisas, se prevê é em nível federal e este País é muito vasto, existem
diversificações de regiões. Isso não impede que Porto Alegre legisle nesse
campo com previsão do futuro. Quero acompanhar o Projeto do Ver. Milton
Zuanazzi. Repito: quanto mais não seja, por um efeito didático, para que outras
esferas do poder se preocupem, também, com essa situação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estivemos
analisando por longo tempo, o projeto do Ver. Milton Zuanazzi e vimos que ele
tem um conteúdo político extremamente positivo de levantar a discussão, de
buscar formas com que o Município de Porto Alegre se preocupe com esta questão
que envolve as pessoas que trabalham expostas aos raios solares. Mesmo pelo
aspecto legal, é evidente que temos situações a serem analisadas nas nuances de
inconstitucionalidade, ou não, do projeto, mas, em verdade, como Casa política,
a Câmara de Vereadores deve buscar, também nas suas votações, vislumbrar a
possibilidade de levantar questões polêmicas como esta. Eu que tenho uma
atuação na área trabalhista, como Advogado, sei das dificuldades que esses
trabalhadores passam no exercício das suas atividades laborais diárias, entendo
que seria muito importante, para eles, que esta legislação viesse a ser
implementada. Por isso é que o Partido Trabalhista Brasileiro, apesar de ter
liberado a bancada, a tendência é de votarmos, de forma positiva, o projeto. É
nesse sentido, Ver. Milton Zuanazzi, o aspecto que nós consideramos positivo na
votação desta matéria de sua autoria, e que mostra que esta Casa também tem que
ter decisões políticas importantes, e o Projeto tem esse mérito, e é por esse
mérito que nós votaremos favoravelmente ao Projeto de Lei do Ver. Milton
Zuanazzi. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero, em nome da Bancada
do PC do B, cumprimentar o Ver. Milton Zuanazzi. Acho que a preocupação do
Vereador em legislar sobre este assunto é uma preocupação moderna, é uma
preocupação de tratar, na legislação, de um problema concreto, de um problema
prático, de um problema real daquelas pessoas que trabalham, que têm o seu sustento
a partir de uma atividade profissional sob o sol. Nós sabemos dos males que
isto pode causar. E eu digo que esta preocupação é moderna, porque, há alguns
anos atrás, nós não estaríamos discutindo isto. Vivemos em período em que os
problemas, particularmente os problemas de pele da nossa população é uma
realidade, e o Vereador busca legislar em proteção àquelas pessoas que não têm
outra alternativa que não seja um tipo de trabalho dessa natureza. Quero dizer,
ainda, Srs. Vereadores, particularmente à bancada do PT, que nós acabamos de
ouvir o Secretário Municipal de Saúde e Serviço Social, e, na explanação do
Secretário, uma das questões que mais chamou a atenção é a indicação, no
trabalho da Secretaria, de se buscar um modelo de atendimento de saúde para a
população, preocupado com programas de prevenção à doença, preocupado com
programas que viabilizem, principalmente nos locais de trabalho, uma vigilância
tal que previnam situações de doença. O nosso país não vive essa condição. A
verdade é que a saúde como um todo, é tratada como um problema de resultado no
tratamento de moléstias e o povo raramente tem acesso a programas para qualquer
tratamento. Nesse sentido, acho que reside o principal mérito da proposta do
Ver. Milton Zuanazzi. É uma proposta de prevenção. Ela se coloca ao lado deste
modelo que nós ouvimos explanar, há poucos instantes, pelo Secretário Municipal
de Saúde e Serviço Social. Um modelo de prevenção à doença, que nós queremos
ver implantado a partir, principalmente, dos locais de trabalho. É nesse
sentido, Srs. Vereadores e Vereadoras, que é injustificável que esta Casa
busque qualquer argumento de ordem legal para se impedir de legislar sobre o
assunto. A verdade é que a preocupação do Ver. Milton Zuanazzi é uma
preocupação dos trabalhadores, das pessoas que estão vivendo esta situação, e a
aprovação deste Projeto deve servir como a regulamentação de uma proposta para
a nossa Cidade e que chame a atenção, em nível nacional, inclusive, para este
problema, e a possibilidade de leis e de programas de prevenção às doenças de
pele, advindas da longa permanência ao sol, por todo o território nacional,
dadas as peculiaridades do País e a situação da camada de ozônio. Ver. Milton
Zuanazzi, pela sua iniciativa, V. Exª está de parabéns, e esta Casa deve
aprovar este Projeto. Qualquer vacilação neste sentido não serve aos interesses
das pessoas que trabalham, no seu cotidiano, ao sol. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, estão encerrados os
encaminhamentos.
O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr.
Presidente, requeiro que a votação seja nominal.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa defere seu Requerimento. Primeiramente, colocaremos em
votação o Substitutivo nº 1, que, se não for aprovado, colocaremos em votação o
Projeto.
Em votação o Substitutivo nº 1 aposto ao PLL nº
04/93. O Sr. Secretário está com a palavra para proceder à chamada nominal dor
Srs. Vereadores.
O SR.
SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Sr. Presidente, 24 votos “sim”, 1 voto “não” e 4 abstenções.
O SR.
PRESIDENTE: APROVADO o Substitutivo aposto ao PLL nº 04/93.
(Votaram
SIM os Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Dilamar Machado, Eliseu Santos, Elói Guimarães, Geraldo de Matos
Filho, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Motta, João Verle,
Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário,
Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas.
Votou NÃO o Ver. Fernando
Zachia. ABSTIVERAM-SE de votar
os Vereadores Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib e Luiz Braz.)
O SR.
PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do Ver. Milton Zuanazzi, solicitando
que o Substitutivo nº 1, recém-aprovado, seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Suspendemos os trabalhos da presente Sessão, para a
reunião conjunta das Comissões - CCJ, CFO, CUTHAB -, nos termos do art. 143,
III, do RI.
(Suspende-se a Sessão às 10h56min.)
O SR.
PRESIDENTE (às 11h04min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
PROC. 0332/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO Nº 05/93, do Ver. José Gomes, que torna obrigatória a
instalação de dispositivo eletro-eletrônico de segurança nos ônibus do sistema
de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências Com Emendas nºs
01, 02 e 03.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator, Ver. Fernando
Záchia: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
-
da CFO. Relator, Ver. Airto
Ferronato: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
-
da CUTHAB. Relator, Ver. Clovis
Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
-
CONJUNTO da CCJ, CFO e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Airto Ferronato, às Emendas nºs 02 e
03.
Obs.:
-
Discussão adiada por três Sessões.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 05/93. Com a palavra, o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós somos um País maravilhoso. Qualquer problema que ocorra nós imediatamente propomos um decreto ou uma lei. Nós resolvemos problemas por leis e por decretos. Leis complementares ou não complementares e até a própria Constituição deste País que diz no seu art. 7º que o salário mínimo há de satisfazer todas as necessidades do trabalhador e sua família. Agora, temos um problema de segurança, então vamos fazer uma lei e aí todos os brasileiros serão seguros. Vamos fazer uma outra lei dizendo que não pode haver seqüestro, outra dizendo que não pode haver estupro, mas todas essas leis existem; como há uma lei maior que é a Constituição que determina que o povo brasileiro deve ter segurança, mas não segurança por lei. E o Ver. José Gomes preocupado com a população, lhe dou cobertura nessa preocupação, mas não na sua lei. Vejam V. Exªs que o artigo 2º diz: “As empresas concessionárias e municipais que participam do serviço de transporte urbano deverão instalar em suas sedes os mecanismos e aparelhos para recepção dos sinais de alarme, além de sistema próprio de comunicação com os órgãos de segurança pública respeitada a legislação especial”. Ora, as empresas que estão distribuídas longe das suas próprias linhas na maior parte das vezes. Ocorre um incidente, um assalto, e o ônibus está colocado no percurso da Restinga, que tem trinta quilômetros. Como é que a empresa que recebeu o sinal de alarme, o pedido de socorro, vai situar onde está o ônibus naquele momento? Não tem como saber, a não ser que tenha um serviço computadorizado que acompanhe a movimentação da frota e isto nós não temos em Porto Alegre, nem recurso para isso. Portanto, o sinal vai até a empresa, a empresa recebe o sinal, comunica à Brigada Militar e só não saberá dizer onde está o ônibus. Sabe que está na linha “x” porque ela tem o mapa de distribuição de seus veículos, mas não sabe onde está. Ora, se alguém pensa que um assalto a um ônibus vai demorar dez minutos, está completamente equivocado; aí o assaltante é um idiota, e ele não é tão idiota assim; ele vai assaltar em dois ou três minutos e olhe lá. Então, não tem razão da instalação do equipamento de proteção, proteção entre aspas.
Eu fui assaltado, baleado e eu vi o meu assaltante,
anos depois, depois de ter matado algumas pessoas, na televisão e ele
recomendando que, aquele que é assaltado, fique quietinho, não reaja - e eu
reagi - porque o assaltante está mais nervoso que o assaltado. Então, vai
entrar um assaltante no ônibus, a primeira coisa que ele vai dizer: “motorista,
não te mexa porque eu te mato”. O motorista, por reflexo, já se mexeu e será
morto. O que nós precisamos, em matéria de segurança, é colocar a polícia nas
ruas, é trazer a Brigada Militar para as ruas, como o Governador Jair Soares
colocou em todos os bairros, em todas as vilas, a polícia estava nas ruas aos
pares. Havia policiamento ostensivo. Hoje nós temos menos, mas ainda temos,
estão equipados. Ontem, eu observava, na 24 de Outubro, na Independência, no
Parcão, mulheres fazendo policiamento com walk-talk. Então, a coisa funciona e
vai funcionar com segurança acintosa, não é ostensiva, tem que colocar gente na
rua. Outra proposição do Vereador é o artigo quarto, que a implantação do
sistema deverá ser acompanhada pela Secretária dos Transportes, pela Brigada
Militar, pela Polícia Civil, Conselho Municipal de Segurança Pública, Sindicato
dos Trabalhadores e pela ATP. Não seria talvez mais interessante reunir essas
entidades e buscar, juntamente com elas, uma solução? E daí, a Secretaria dos
Transportes pressionaria a Brigada Militar e a Polícia Civil e nós teríamos,
imediatamente, condições, dentro do próprio conselho, dentro do próprio grupo,
de fazer a segurança que hoje não está sendo feita.
Mas não há de ser por lei, por decreto, por ato ou
portaria de alguém, que vai-se resolver a falta de segurança. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É claro que temos que elogiar o
Ver. José Gomes por querer legislar nessa área de segurança do transporte
coletivo, porque, afinal de contas, todos nós estamos assistindo a um aumento
da violência dia após dia em assaltos que são realizados no transporte
coletivo, colocando em risco, não apenas o motorista e o cobrador, mas também
os passageiros. Só que, na verdade, acredito que a providência sugerida através
desse Projeto do Ver. José Gomes, tornando obrigatória a instalação de
dispositivo elétrico e eletrônico de segurança nos ônibus do sistema de transporte
coletivo de Porto Alegre, ao invés de diminuir a violência, o perigo a que
estão expostos motorista, cobrador e passageiros, vai aumentar essa
insegurança. O Ver. José Gomes, acredito, deve ter-se baseado no sistema de
segurança bancário. Nos bancos, tem o cidadão que é responsável pela segurança
e que está protegido por uma cabine à prova de balas e, quando acontece o
assalto, aperta o dispositivo de segurança, o alarme, que vai chamar a atenção
da delegacia mais próxima, para que os policiais acorram ao banco para fazer
com que aquele assalto possa ser reprimido. Agora, no caso do transporte
coletivo, no caso do ônibus, o que acontece? O motorista ou o cobrador, que
seriam as pessoas responsáveis por acionar esse alarme, não estão protegidos
por nenhuma cabine, eles estão completamente expostos. E eu ouvi o Ver. João
Dib dizendo que esse tipo de assalto é relâmpago, é para acontecer rapidamente,
para que os assaltantes possam fugir em seguida. Então, o que vai acontecer? Os
assaltantes, sabedores de que o motorista ou o cobrador poderão, a qualquer
instante, apertar o botão para chamar a delegacia, vão tentar anular essa
possibilidade, o que vai fazer com que o perigo, para motorista e cobrador,
cresça.
O Sr. Eliseu
Santos: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Existe uma
ordem, nas empresas, para que os funcionários, motoristas e cobradores, não
reajam, devido a problemas futuros até de vingança. Imagine se um motorista
desses dá o sinal e aconteça o milagre de a polícia prender os ladrões. Pode
ter a certeza de que o ladrão não vai ficar preso por muito tempo e algum tempo
depois ele vai buscar a desforra.
O Sr.
Antonio Hohlfeldt: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Luiz Braz, sem querer me antecipar às eventuais colocações do Ver. José
Gomes, eu penso numa lógica um pouco diversa da de V. Exª. A simples divulgação
da instalação de um equipamento vai funcionar como prevenção à tentativa de
assalto. Ou seja, o eventual ladrão, sabendo que existe um equipamento no
ônibus, não vai praticar o assalto. Por exemplo, há uma pesquisa da Secretaria
Municipal de Transporte da cidade de São Paulo de que a partir do momento em
que foram instaladas aquelas caixas de segurança para recolher o dinheiro de
cada viagem, diminuiu o índice de assaltos, porque, efetivamente, o ladrão sabe
que dificilmente vai ter um acesso imediato ao dinheiro na medida em que o
dinheiro foi colocado naquela caixa e que só tem uma chave-mestra que pode
abri-la após o expediente. Então, a eventual colocação do equipamento pode
funcionar preventivamente no sentido de diminuir a intenção do assalto.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Antonio Hohlfeldt, o que coloca V. Exª da caixa especial que
dificultaria que os ladrões tivessem acesso imediato ao dinheiro, realmente
afasta os ladrões, porque sabem que não adianta assaltar, porque não vão ter
acesso àquele dinheiro. Neste caso proposto pelo Ver. José Gomes é um pouco
diferente, porque neste caso vamos ter uma pessoa que vai ter que apertar o
dispositivo, o botão. Esta pessoa será a mais visada. Os ladrões quando
entrarem no ônibus vão visar, exatamente este elemento que será o cobrador ou o
motorista. Por isso acredito que seja extremamente perigoso adotarmos este
sistema tal como ele foi proposto.
O SR.
PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, seu tempo está concluído. O Ver. Eliseu Santos
inscreve-se e cede o tempo a V. Exª que tem mais cinco minutos.
O SR. LUIZ
BRAZ: Agradeço ao Ver. Eliseu Santos.
O Sr. Nereu
D'Ávila: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Respeito
muito a inteligência do Ver. Antonio Hohlfeldt, mas o argumento que ele
expendeu nesta discussão assemelha-se muito ao argumento dos favoráveis à pena
de morte, que a simples instauração da pena de morte assustará e por
conseguinte diminuirá os crimes hediondos, é um argumento, mas não tem a mesma
validade. Em segundo lugar, V. Exª disse bem que quem acionará o dispositivo
logo será descoberto e quem acionará o botão? Então fica como aquela história
conhecida dos ratos que estavam revoltados com o gato, resolveram colocar no
pescoço do gato uma campainha, pois quando se aproximasse, os ratos notariam a
sua presença, mas quem colocará no pescoço do gato?
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Nereu, acredito que V. Exª não tenha ouvido todo o aparte do
Ver. Antonio Hohlfeldt, uma parte dele foi extremamente inteligente, que foi a
posição adotada por São Paulo. Até acredito que se nós aqui em Porto Alegre,
adotássemos a mesma posição de São Paulo para tentarmos inibir os assaltantes
estaríamos no caminho certo. Eu só acredito que a forma que está sendo proposta
pelo Ver. José Gomes é que não se enquadra totalmente na idéia de buscarmos um
pouco mais de segurança para cobradores, motoristas e também para os
passageiros do transporte coletivo de Porto Alegre. Outra, o argumento que foi
defendido pelo Ver. João Dib, de que o ônibus não é algo imóvel, é algo móvel e
dificilmente ele seria localizado a tempo de poder coibir o assalto, também é
perfeitamente lógico. Acho que até que se a polícia pudesse chegar ao ônibus,
já que ele é alvo móvel, o assalto já teria acontecido há muito tempo e o que
estivesse para acontecer já estaria acontecendo.
Outro fato que eu acho que deve ser levado em
consideração, para colocar este dispositivo é que, nós vamos ter um aumento de
despesa e esse aumento de despesa vai ser repassado para tarifa e como na
verdade tudo reflete na tarifa, o usuário do transporte coletivo sem ter sua
segurança melhorada teria, sim, a tarifa do transporte coletivo alterada para
maior. Então, por esses argumentos, pelo menos enquanto não tiver uma
explicação mais lógica para combater estes argumentos que são muito claros, eu
estarei votando contra este Projeto de Lei, muito embora eu tenha plena
convicção de que nós realmente devemos seguir essa linha, que foi iniciada
aqui, de pensamento do Ver. José Gomes, de tentarmos encontrar algum
dispositivo, alguma forma de fazermos com que haja uma maior segurança dentro
do transporte coletivo, talvez, quem sabe, a forma seja esta adotada por São
Paulo - e dito aqui pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Acho que seria uma forma,
talvez, até bem mais adequada do que simplesmente colocar este dispositivo
eletrônico dentro do transporte coletivo - que teria que ser acionado - e que,
ao invés de melhorar o problema de segurança, iria, sim, piorar o problema de
segurança. Por essas razões estarei votando contra, mas pedindo ao mesmo tempo
para aqueles que estiverem a favor do Projeto que possam oferecer razões
contrárias àquelas que foram expostas da tribuna. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Governador do Amazonas, que
não é o meu paradigma para assuntos ecológicos, ele dá um conselho simples para
aquele caçador que for surpreendido com um animal que ele tenha caçado, um
jacaré, por exemplo. Ele disse que se um dia um caçador for surpreendido com um
jacaré, carregando-o nas costas e for surpreendido por um fiscal do IBAMA ele
tem que matar o fiscal do IBAMA, é o conselho que ele dá, porque a morte do
fiscal é um crime afiançável, a morte de um jacaré não é. Claro que eu vou
elogiar o Ver. José Gomes, todo mundo chega aqui e elogia o Ver. José Gomes,
elogia o seu projeto. Mas passando para a prática eu creio que se um assaltante
invadir um ônibus, a primeira coisa que ele vai fazer é tentar matar o
motorista e o cobrador, porque são duas pessoas que podem acionar o tal alarme
que o Ver. José Gomes quer colocar.
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu já disse
que quando um Vereador apresenta um Projeto ele já deve ter consultado a
secretaria correspondente, a Secretaria dos Transportes, no caso, a
Procuradoria-Geral do Município e eu acho também que está trazendo para o
Município uma responsabilidade que, hoje, o Município não tem. Porque se o
motorista for assassinado mexendo no aparelho - esse que o Ver. José Gomes quer
instalar -, eu tenho a impressão de que até o Município pode ser acionado
porque, na verdade, criou-se mais uma atribuição para o motorista. O motorista
tem que dirigir e ficar cuidando para quando o assaltante entrar para acionar o
aparelho para chamar a polícia, para que a polícia possa invadir o ônibus,
coisa que nem nos bancos tem.
Então, eu vou dar um crédito de confiança ao Ver.
José, porque eu tenho a impressão de que aqui ele fala em nome da prefeitura,
em nome do SMT, eu vou me abster de votar, porque a favor de um projeto desse
eu jamais vou votar, porque é uma responsabilidade que a Prefeitura está
puxando para si, é um risco maior para o cobrador, para o motorista que, de uma
hora para outra, de condutor de veículo se transforma em agente de segurança,
que não é. Mas eu imagino que tanto a bancada do PT como o Ver. José Gomes já
consultaram os órgãos competentes da Prefeitura, e a Prefeitura aprova esse
Projeto, pois que faça bom proveito do mesmo; só que saiba, tranqüilamente, por
aqueles Vereadores que já se pronunciaram, que está trazendo para cá e para as
atribuições da Prefeitura e dos condutores de veículos das empresas, um
problema que não é deles. E, mais ainda, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, cria
um grupo no Executivo, com pessoas de fora do Executivo, a Prefeitura, sem
consultá-los, então, está ali, a Brigada, um monte de gente que tenho certeza
de que não foi consultado, para entrar nesse grupo aí e, se for consultado,
tenho certeza de que não entra. Mas, em todo o caso, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o alerta será feito, de quem, efetivamente, foi Secretário dos
Transportes por um ano e pouco e que enxerga e identifica nesse projeto do Ver.
José Gomes, inteligentíssimo Vereador, atento, etc, que interpreta e identifica
nesse projeto mais um problema que a Prefeitura está puxando para ela sem ter
nada a ver com o assunto, mas se quiserem aprovar, o PT que aprove. E depois a
Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes se responsabilizem pelo
cumprimento dessa lei que só vai trazer problemas para os motoristas, para as
empresas e para a própria Prefeitura. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Milton Zuanazzi.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em especial, Ver. José Gomes, eu
acho que a preocupação do Nobre Vereador é a mais elogiável possível em fazer
um projeto que é uma preocupação da cidade e, principalmente, dos trabalhadores
do transporte coletivo, motoristas e cobradores. Só por esse motivo, qualquer
legislação, nas palavras anti-regimentais do Ver. Pedro Américo Leal, eu também
sou a favor da segurança, como tenho contatos também na área dos rodoviários,
de muito tempo e essa preocupação chegou até mim há bastante tempo. Está
tramitando na Casa, Ver. José Gomes, um projeto meu que obriga a instalação de
cofres nos ônibus. Eu, inspirado em cobradores e motoristas que contataram
comigo, procurei, por exemplo, a Souza Cruz, que era a vítima do maior número
de assaltos, aos trabalhadores da Souza Cruz, naqueles caminhões da Souza Cruz,
esses que vendem cigarros pelo Interior, eram assaltados, lembram, há 5, 6 anos
atrás. Com a instalação dos cofres acabaram os assaltos aos caminhões da Souza
Cruz. Outro exemplo, é a questão de São Paulo. E neste meu projeto, tem que
estar escrito no ônibus bem grande “este ônibus é dotado de cofre”, e o
cobrador, portanto, não tem acesso a abertura daquele cofre. E nessa legislação
do cofre, como o cobrador trabalha com o vai e vem do dinheiro, a lei do troco
do Ver. Pedro Ruas, teríamos que fazer adaptações para que o cobrador não
tivesse dificuldades na execução do troco. Também foi pensado nisso, no meu
projeto, em colocar em cada final de linha a recepção do cofre, que é muito
mais fácil ser feita pela empresa e com muito mais segurança, pois a própria
Brigada pode dar segurança para esse caminhão que receberá o cofre no final da
linha.
De forma que a preocupação que o Ver. José Gomes
tem demonstrado com a segurança pública entendo como válida. Mas vejo
dificuldade na sua implantação e o Líder do PT pediu, através de uma emenda do
Ver. João Verle, para 365 dias. É um dispositivo que entendo como razoavelmente
caro. Os ventiladores para os motoristas até hoje não foram colocados, que não
é uma coisa cara, não foram colocados.
O Sr. Luiz
Braz: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não conheço o
projeto de V. Exª que está tramitando na Casa, mas vem na mesma linha do que
dizia o Ver. Antonio Hohlfeldt. Mas não pode ser alguma coisa que não seja fixa
no ônibus, porque se assim não o for, vai lá o ladrão, assalta o ônibus e leva
o cofre embora. Então, essa providência que V. Exª está propondo, de que o
cofre seja entregue para a Brigada no final da linha, tem que ser algo
diferente disso.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: É evidente que está se falando aqui na abertura do cofre e que
ele tem que ser fixo. Os caminhões da Souza Cruz têm cofres e muitos hoje que
transportam dinheiro, e que não são transportadores de segurança, têm esses
cofres e isso é comum em qualquer empresa que transporte valores razoáveis.
Igual, Ver. José Gomes, acho difícil a implantação,
por isso a Emenda do Ver. João Verle com um prazo extremamente longo para a
implantação de algo que me parece ser caro, de difícil implantação. É a
impressão que nos dá, porque não precisariam 365 dias para tanto. Acho que a
questão do cofre vem solucionar definitivamente. Não adianta o ladrão assaltar,
porque não terá acesso ao cofre. O cobrador não é o responsável por não ter a
chave do cofre. Está escrito no ônibus. De qualquer forma, Ver. José Gomes, eu
quero dizer que voto a favor do Projeto, no sentido de que estaremos tentando
melhorar a questão da segurança nos ônibus, que é um problema sério em Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, eu
gosto de ver o Ver. José Gomes tratando de um assunto da cidade. Isso me
alegra. É um assunto sério. O Ver. José Gomes hoje age como Vereador de Porto
Alegre e de forma inteligente.
Eu vou votar favoravelmente ao seu Projeto e vou
dar uma razão. Vou lhe pedir apoio para uma correção.
É indiscutível que a preocupação de quem foi
integrante da força pública do Rio Grande do Sul com a segurança pública tem
que merecer o apoio desta Casa. Nós não podemos esconder a realidade de que
ocorrem assaltos em ônibus. O objetivo do assalto do ônibus não é motorista nem
o cobrador. Na realidade, a maioria do eventual recurso são fichas de
vale-transporte, não é dinheiro vivo. Quando os bandidos entram no ônibus, eles
assaltam os passageiros. Roubam jóias, relógios, estupram, matam.
O Projeto é meritório, mas chamaria a atenção dos
senhores Vereadores para o art. 4º, aparentemente seria uma incongruência, V.
Exª está criando uma lei, que se aprovada, gera um estudo de inviabilidade. Mas
eu quero, exatamente neste aspecto, apoiar a iniciativa de V. Exª.
Diz o art. 4º:
“A implantação do sistema de alarme eletrônico será
acompanhada por um grupo executivo que terá finalidade de elaborar estudo de
viabilidade composto pelos seguintes Órgãos: Secretaria Municipal dos
Transportes, Brigada Militar e Polícia Civil, Conselho Municipal de Segurança
Pública, Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande
do Sul” - é óbvio, são os motoristas que estão ali expondo suas vidas -,
“Associação dos Transportadores de Passageiros”, está correto. Eu acho, Ver. José
Gomes, que V. Exª abre com esse projeto, com essa lei, que há de ser criada
pela Câmara, uma ampla discussão em torno de uma questão de segurança
importante da cidade de Porto Alegre. Mas eu quero sugerir a V. Exª e até pedir
o seu apoio nesse sentido, que aprovemos o Projeto do Ver. José Gomes porque
ele abre a possibilidade de um estudo de viabilidade e aí, Ver. João Dib, eu
acho que até V. Exª vai concordar, fica correto, se reúne esses órgãos, vamos
estudar a questão a fundo e vamos criar ou não esse sistema eletrônico. A
viabilidade é que vai dizer se ele é possível. Agora, nesse sentido, eu quero o
apoio do Ver. José Gomes, como autor da lei, para que se retire através de uma
exclusão pura e simples, o próprio Vereador pode requerer destaque, para o art.
7º. Porque o artigo 7º da lei de V. Exª diz que “as empresas de transporte
coletivo urbano, submetidas às presentes regras, terão o prazo de 180 dias para
instalação do sistema, após a publicação desta lei”.
Poderia ser substituída por um artigo, dizendo que
após o estudo de viabilidade a lei entrará em vigor, 30 dias ou imediatamente,
porque nós colocaríamos uma camisa de força.
O Sr. Pedro
Américo Leal: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ilustre Ver. Dilamar Machado, nós podemos pedir ao Ver. José Gomes tudo, que
ele aperfeiçoe e que até recue. Mas não podemos deixar de aprovar nesta Casa
qualquer medida, que não seja ridícula, visando dar uma contribuição de
segurança pública. Seria até uma charge, é irônico para nós, nós temos que
fazer sempre qualquer coisa em termos de segurança. Por isso eu vou aprovar.
Ele é sensível. Ele vai melhorar, ele está pronto a dar uma melhor roupagem a
tudo isso. Agora nós sairmos daqui e não votarmos favoravelmente a um Projeto
exeqüível sobre segurança pública, não é possível.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Agradeço a V. Exª.
O Sr. José
Gomes: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador
Dilamar Machado, eu acho que isso já está contemplado na Emenda nº 3, só que
houve um equívoco na redação, quando fala de 180 dias. A Emenda nº 2 passa para
360 dias.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Eu confesso a V. Exª que não tinha me atido à questão das
emendas. Mas de qualquer forma eu acho que haveria um prejuízo à iniciativa de
V. Exª, se mantivermos os 360 dias, que daria um ano. Eu acho que nós
poderíamos substituir por um artigo, eu consulto a Mesa se é possível, a essa
altura, excluirmos o art. 7º e incluirmos um artigo dizendo que essa lei ou a
aplicação da lei será imediatamente após a finalização do estudo de
viabilidade. Digamos que esses organismos compostos no artigo 4º se reúnam
imediatamente, face à gravidade da situação de assaltos em ônibus. Em 15 dias,
digam que é viável e pode ser implantado, aí vão ter que esperar um ano! Então,
de qualquer forma quero dizer a V. Exª que tem o meu apoio e me congratulo com
o Ver. José Gomes que, efetivamente, nesta data, age como Vereador de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Gomes.
O SR. JOSÉ
GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiros dirigentes do
Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário, na realidade tudo o que
foi discutido em relação a esse Projeto, na visão de alguns, nas suas posições,
nós temos que respeitá-las. Mas, ao mesmo tempo, nós temos que nos contrapor,
até para poder esclarecer melhor o que é o Projeto. Eu estava conversando com
alguns Vereadores, em “off”, e a preocupação dos vereadores é a de que
equipamento é esse. Bem, o equipamento foi desenvolvido por uma empresa, depois
que nós consultamos várias empresas que têm esse “know how”, e uma empresa
gaúcha se prontificou em desenvolver um “know how” mais sofisticado, que era a
localização exata aonde o ônibus estava sendo assaltado. E nós fizemos um teste
na Empresa Carris, acompanhado pelos dirigentes do Sindicato, onde foi
constatado que o equipamento daria essa informação. E pasmem, Srs. Vereadores,
a tecnologia está tão avançada, não que se tenha inventando algo de novo, pelo
contrário, houve aperfeiçoamento da tecnologia, da eletrônica, hoje se pode
acionar esse equipamento até por controle remoto. A empresa desenvolveu, mas é
preocupação do Ver. João Dib, do Ver. Luiz Braz, do Ver. Artur Zanella, que
isso vai fazer com que os motoristas e os cobradores sejam assassinados pelos
assaltantes. Só isto não seria o suficiente, e o Ver. Dilamar Machado deixou
bem claro que os ladrões querem o produto do roubo, que é o dinheiro e não a
vida do cidadão. Com relação a este equipamento, podem ser colocados dois
simples botões, tanto ao lado do cobrador, como do motorista e aqui o artigo
4º, quando fala da criação de um grupo de executivos, para a viabilidade do
Projeto, nada mais é que reunir todas estas pessoas e chegar à conclusão de uma
melhor colocação para este equipamento. Completando a posição do Ver. Dilamar
Machado, o Ver. João Verle, através de pedido nosso, apresentou a Emenda nº 2,
alterando para trezentos e sessenta dias. O Ver. Artur Zanella achou tudo muito
confuso, mas na verdade os trezentos e sessenta dias que estamos pedindo é para
que o Projeto Soma, que é o serviço de monitoração do sistema viário, passe a
ser incorporado a este dispositivo, também, para que não fique muita desordem
dentro dos ônibus. Um equipamento só, pequeno, que poderá dar todas as
informações que a SMT quer sobre o controle viário e também conciliar no
combate a assaltos nos ônibus.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, recebi uma
correspondência do Sindicato, que me deixou chocado; diz o seguinte: “de
janeiro de 1992 a dezembro do mesmo ano, aconteceram trezentos e dezessete
assaltos” e ele refere, aqui, uma série de vítimas; dado estatístico que o
Sindicato traz desde 1987, sendo várias pessoas que foram assassinadas. O
relatório refere que em 1993 nós já tivemos um motorista, Senhor Argemino
Fransisco dos Santos, 62 anos, morto por um tiro, após assalto ao cobrador na
linha de ônibus do SESI, sendo que roubaram só as fichas. Nós estamos querendo,
na realidade, é fazer com que este tipo de assalto seja coibido, porque no
momento em que o ladrão sabe que este equipamento está dentro do ônibus,
automaticamente este número vai ser diminuído, e aí não é justificativa, Nereu
D'Ávila, para o mesmo argumento de quem defende a pena de morte. Nós temos é
que dar a nossa parcela de contribuição, nós temos que fazer com que a
sociedade colabore, os empresários devem participar. Para concluir, quero dizer
que o equipamento custa em torno de 1000 dólares. O prejuízo por assalto em
cada ônibus é de 1500 a 2000 dólares. Ora, se a empresa perde de 1500 a 2000
dólares, em cada assalto, e o seu maior patrimônio é o seu funcionário, o homem
que dirige, o homem que cobra, então tem que proteger. Mil dólares ele deverá
tirar num assalto que será evitado por aquele equipamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): O Ver. Clóvis Ilgenfritz está com a palavra.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores...
O Sr. João
Dib: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Foi falado que a
colocação do alarme nos ônibus diminuiria o número de assaltos. Eu lembraria
que os ônibus são móveis e os bancos comerciais são fixos e têm um sistema de
alarme que a viatura policial já sabe onde é que está o problema, e, de
repente, temos num mesmo dia três ou quatro assaltos a bancos.
O Sr.
Antonio Hohlfeldt: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Clóvis, peço perdão a V. Exª, mas eu não segui todo o discurso do Ver.
José Gomes, e eu queria chamar atenção do Ver. Dib, e peço licença para fazê-lo
neste aparte, no sentido de que o processo que está previsto pela Secretaria no
Projeto Soma faz com que haja um acompanhamento da mobilidade do ônibus, ou
seja, de imediato e de maneira permanente a SMT sabe onde está o ônibus. Se o
ônibus é móvel, os veículos da Brigada também são móveis e estão espalhados em
toda a Cidade. O que vai ocorrer é uma organização dos veículos da Brigada,
para estarem, ao longo das rotas de maneira a poderem atender em seguida.
Então, eu embora concordando com a preocupação de V. Exª da diferença de uma
mobilidade e uma imobilidade, na verdade está coberto pela intervenção de um
projeto conjunto, do qual a Brigada tem participado nessas discussões. Ou seja,
não vai haver a localização do ônibus apenas no momento do assalto, do ser
acionado, Ver. Braz, V. Exª também havia levantado, eu não quis adiantar-me
porque o Ver. Gomes é o autor do projeto, e não eu. Mas na verdade o processo
que está prevista a implantação, o projeto SOMA, é um acompanhamento permanente,
através de divisor. A SMT, permanentemente, está sabendo em que rua, em que
quadra, em que pedaço da rua está circulando aquele ônibus. Então, não há esse
problema de não poder fazer o acompanhamento. Perdoe-me, Ver. Clóvis.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: A nossa inscrição, após os debates que já aconteceram, e eu me
inscrevi antes desses debates, seria, no meu entender, quase que desnecessária.
Mas há um argumento usado pelo Ver. Luiz Braz que acho que deve ser contestado
aqui, de forma mais respeitosa.
O Ver. Luiz Braz disse que era perigoso avisar que
estavam roubando, porque aí é que haveria o problema. O que nos preocupa
Vereador, eu queria deixar clara uma coisa, é um assunto que não gosto de
tratar é esse da segurança, acho que é um problema muito sério, angustiante
para nós. Sou contra grades nas janelas, grades nos edifícios, dispositivos de
alarme, etc. Mas, quem está no serviço público, como nós, como Vereadores, ou
no Executivo Municipal e não mostrar nenhuma saída, nenhuma preocupação com
relação a um problema que é reclamado diuturnamente, que é o da segurança, e
naquilo que o Município, na sua competência pode fazer, se nós não fizermos nem
esse tipo de gesto, estaremos nos omitindo.
E eu concordo com o experiente Ver. Pedro Américo
Leal, nesta área, nosso mestre, doutorado em segurança, de que nós não podemos
deixar passar a oportunidade para que esse problema seja colocado. Inclusive
porque no art. 4º, que foi emendado, existe uma Comissão, que durante um ano
deveria viabilizar esse processo em conjunto com projetos que estão sendo
desenvolvidos pela Secretaria de Transportes, que é o Projeto SOMA. Inclusive
este Projeto tramitou normalmente não está em regime de urgência, não houve
correções, existe um aperfeiçoamento do Projeto. Eu acho, Ver. Luiz Braz, que é
pertinente que tomemos uma atitude. Se o equipamento, inicialmente, pode
parecer um pouco caro, é importante que tenhamos em vista também uma
perspectiva de que estamos prevenindo, através de um equipamento moderno, uma
questão de salvamento de vidas e do próprio patrimônio das empresas, que estará
sempre em jogo.
Apoiamos o Projeto. Achamos que é difícil que um
projeto em si resolva o problema de segurança, mas ele vai no rumo de criar as
condições para que se estabeleça, inclusive, para todos os possíveis
assaltantes, essa dificuldade. Eles saberão que os ônibus estão munidos de
equipamentos contra roubo - diferente do que disse o Ver. Nereu D'Ávila - e com
isso nós já estaríamos diminuindo - como disse o Ver. Antonio Hohlfeldt - a
incidência de roubos nos ônibus.
Os assaltos não são só contra as empresas, são
contra os usuários dos ônibus. Isso nos importa também. É o patrimônio da
empresa. É o patrimônio público. É a vida humana e o patrimônio das pessoas que
andam nos ônibus.
Então, nós achamos que V. Exª poderá ainda mudar o
seu ponto de vista e nos acompanhar votando a favor desse projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito é o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nós estamos vivendo a síndrome
do medo, da violência. A violência e a discussão sobre a violência tem ocupado
a pauta nacional.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esse
Projeto, em que pese, devesse vir com alguns encaminhamentos, é uma
manifestação que representa a necessidade de se fazer alguma coisa para esta
área vital, para uma cidade, que é o transporte coletivo. Não há transporte
coletivo, sem que ali estejam pessoas que são motoristas e cobradores. É um
trabalhador especializado, e que precisa de segurança.
Nós tivemos a oportunidade de tratar diretamente
com estas categorias, motoristas e cobradores do transporte coletivo e, também,
com motoristas de táxi. Essa questão da segurança é item primeiro, é uma
preocupação que bate forte nos transportadores, nos operários dessa área e, de
resto, nas suas famílias.
Então, é uma manifestação que se impõe. Mesmo
havendo dificuldades no projeto, devemos superar, arrostar essas dificuldades
e, no meu entender, aprovar.
Evidentemente, há dificuldades porque, ainda, tem
que se ouvir, criar grupos de trabalho. Mas nós temos que deixar de lado essas
dificuldades e enfrentar a matéria que reclama solução.
É bom que se diga que a maioria das ocorrências que
envolvem, Ver. João Motta, a questão da segurança não são registradas nas
Delegacias de Polícia. E, sabe muito bem o Ver. José Gomes, que teve a
oportunidade de trabalhar, o Ver. Jocelin Azambuja, também, é um homem dedicado
a esta área - tiveram a oportunidade de trabalhar com transporte, sabem muito
bem - também, o Ver. Antonio Hohlfeldt que foi Secretário dos Transportes
conhece bem essa realidade que a todos agride, que é a necessidade de se dotar
a sociedade, Ver. Pedro Américo Leal, de segurança.
Nós, outro dia, recebíamos aqui na Comissão de
Justiça um grupo de trabalho, uma verdadeira comissão que foi constituída e é
liderada nacionalmente pela teatróloga Glória Peres, aquela teve a filha morta
pelo colega, há um movimento nacional e nós estamos nos engajando no sentido de
se reexaminar a denominada Lei Fleury. Esta lei, sabemos todos, permite que,
condenado por uma sentença do juiz, aquele cidadão que cometeu hediondo crime,
mas primário, responda o processo em liberdade. Então, todos esses mecanismos,
na minha opinião Ver. Leal, estão reforçando a convicção da impunidade. O
delinqüente está às soltas e a sociedade está indefesa. Então, é preciso um
conjunto de medidas práticas e efetivas, não só de ação imediata, como
mecanismos desta ordem que protejam e colaborem com a segurança, porque nós
precisamos mudar a concepção de segurança. A segurança é uma questão global, a
segurança não é uma competência privativa dos órgãos que, ostensivamente, fazem
segurança. A segurança é uma questão que envolve o conjunto da sociedade e as
pessoas. Então, nós temos que nos engajar nesta luta. Este projeto, com
dificuldades, é bem verdade, expressadas nas suas disposições, eu acho que
devemos arrostar e votar favoravelmente para que na frente se aperfeiçoe. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a manifestação, não vejo o autor do
projeto mas ele saberá, é muito rápida, Sr. Presidente, apenas no sentido de
lembrar que nós somos legisladores, exercemos o mandato de Vereadores como
legisladores do Município e a questão da legislação, principalmente a que tange
ao nosso trabalho, ela deve assumir sempre o caráter prioritário da nossa
atividade. O Projeto do Ver. José Gomes, independentemente de outras discussões
- não há projeto que seja pacífico - cumpre o objetivo do trabalho de cada um
de nós: o de legislar em favor da Cidade. Nesse sentido o trabalho do Ver. José
Gomes na medida em que coloca em todos nós a possibilidade de auxiliarmos nessa
criação. O nosso auxílio é o voto favorável ao Projeto, que é, também, um voto
de confiança ao trabalho do legislador porto-alegrense, porque, para todos nós,
é sempre motivo de orgulho poder acrescentar ao povo de Porto Alegre um
elemento a mais na garantia das prerrogativas do Cidadão. O Projeto do Ver.
José Gomes tem, entre outros, este mérito. É um trabalho legislativo, com
criatividade e que nos coloca uma possibilidade concreta de alteração na
segurança pública no transporte coletivo. Faço essa manifestação para dizer que
voto favorável ao Projeto, como pretendo votar sempre em projetos que tragam em
si uma perspectiva de melhoria de vida à nossa Cidade e, em especial, numa área
tão carente como é a segurança pública, em geral, e nos transportes coletivos,
em especial. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Em votação o PLL 05/93.
Solicito à Sra. 2ª Secretária que proceda à chamada
nominal para votação.
A SRA. 2ª
SECRETÁRIA: (Procede à chamada para a votação nominal.) Sr. Presidente, 23
votos “sim” contra 2 votos “não”.
O SR.
PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 05/93.
(Votaram
SIM os Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Dilamar
Machado, Décio Schauren, Eliseu Santos, Elói Guimarães, Fernando Zachia,
Geraldo de Matos Filho, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João
Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas.
Votaram NÃO os Vereadores João
Dib e Luiz Braz.)
O SR.
PRESIDENTE: Em votação a expressão destacada no art. 4º do PLL nº 05/93.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA, com abstenção dos Vers. João
Dib e Luiz Braz.
Em votação o destaque do art. 7º. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO.
Em votação as Emendas nº 1 e 3 ao Proc. nº 0332/93
- PLL nº 05/93. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADAS, com abstenção
dos Vers. João Dib e Luiz Braz. E, prejudicada a Emenda nº 2.
Requerimento, de autoria do Ver. José Gomes,
solicitando seja o PLL nº 05/93 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
PROC. 1491/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 39/93, que declara de utilidade pública o Serviço Social da Indústria
(SESI) - Departamento Regional do Rio Grande do Sul.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator, Ver. José Gomes:
pela aprovação;
-
da CEC. Relator, Ver. Geraldo de
Matos Filho: pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 39/93 permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle,
solicitando que o PLE nº 39/93, recém-aprovado, seja dispensado de distribuição
em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos
constantes na Ata.)
O SR.
PRESIDENTE: O PLE nº 100/93 foi retirado da Ordem do Dia, dado que a
Comissão de Justiça ainda não procedeu ao estudo do Parecer.
Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Não seria bem um requerimento e, sim, uma consulta. A FRACAB
comemora na segunda-feira trinta e quatro anos de existência. Eu havia
apresentado uma proposta para que na segunda-feira fosse utilizado o período de
Grande Expediente para homenagear essa Federação. A informação que nós temos é
que tanto o Período de Grande Expediente quanto o das Comunicações, na
segunda-feira, já estão preenchidos. Consultamos a Mesa sobre a possibilidade
de fazermos, na semana que vem, uma manifestação aqui, na Câmara, convidando,
oficialmente, aquela instituição para registrar a passagem dos trinta e quatro
anos da FRACAB.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador, no dia treze, segunda-feira, o período das
Comunicações está preenchido a requerimento do Ver. Jocelin Azambuja, o Grande
Expediente não está, mas há um dispositivo regimental onde somente dois Grandes
Expedientes por mês podem ser utilizados para homenagens. Nesse sentido, neste
mês, os dois Grandes Expedientes estariam ocupados para homenagens. A outra
alternativa é a Tribuna Popular, mas nós acabamos de ser informados que está
preenchida pela Associação de Cabos da Brigada Militar. Nós gostaríamos de ter
uma alternativa. Podemos estudar, não para segunda-feira, porque seria muito açodado,
mas talvez no decorrer da semana que vem ou no início da próxima. Com a
palavra, o Ver. Clóvis Ilgenfritz.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ: Eu gostaria de sugerir ao Ver. Airto Ferronato que nós
fizéssemos uma Moção de felicitações pelo trabalho da FRACAB. Eu acho que seria
uma forma de homenagear e teria uma repercussão maior.
O SR.
PRESIDENTE: É uma das alternativas a Moção, onde as Bancadas poderiam se
manifestar, dado que há um Requerimento e há encaminhamentos.
Com a palavra, o Ver. Pedro Américo Leal em
Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Exmo Sr. Presidente. Srs. Vereadores. Não podíamos
deixar encerrar a Sessão de hoje, sem que nos dirigíssemos aos nossos
companheiros da imprensa. O Sr. Presidente da Casa, Ver. Wilton Araújo,
adicionando o pedido que lhe havia feito o Ver. Jair Soares e vários outros
Vereadores, principalmente o meu líder, Ver. João Dib, haviam me recomendado
que falasse por esta Casa para a imprensa que hoje está aqui representada por
nossas queridas jornalistas Otília e Rita Daudt.
Nem precisaria fazer-se Sessão Solene e nem
tampouco fazermos um destaque maior, dizia-me o Presidente, porque somos
companheiros de luta. A imprensa e o parlamentar são irmãos univitelinos,
idênticos. O parlamentar, no meu entendimento, é um jornalista frustrado e o
jornalista não deixa de ser um parlamentar frustrado, tendo como frustração
aquele ato latente que não logra ser manifesto; fica dentro da gente, tentando
vir à tona e a gente não deixa. Nem por isso é um defeito. Ora, o que é a comunicação
se não tendo à frente o carro-chefe que é a imprensa escrita. E lá de
Guthemberg, dos linotipos, dos textos de chumbo, sujando mãos e sujando
ambientes, vieram os mais sofisticados aparelhos diante de exímios digitadores.
A imprensa é a comunicação, é a fala, na verdade, o primeiro direito de
liberdade da criatura humana: poder falar, poder dizer. O jornal é o condutor
da comunicação, é o carro-chefe e nós, parlamentares, como somos agradecidos a
vocês, que ficam nessa retaguarda a colher tudo o que proferimos e que, na
verdade, não é o que vocês concordam - permitam-me que os trate com essa
intimidade, em nome dos 33 Vereadores. Dos tempos da Gazeta do Rio de Janeiro,
circulando lá por 10 de setembro de 1808, com as notícias da corte, até agora, em
que nós presenciamos, repentinamente, o desacoplamento da nave-mãe do módulo
lunar e o Neil colocar o pé na lua. Isto é imprensa; é comunicação. Tudo é uma
coisa só. O gol do Bebeto. Que alívio! Espero que tenhamos esse alívio agora,
frente o Uruguai, não pelo Bebeto, mas pelo Romário. Então, vejam que o nosso
discurso para vocês, da imprensa, tem que ser diferente de todos os destaques
daqui, porque somos companheiros, uma coisa só. Quando a ARI - Associação
Riograndense de Imprensa - se ocupa com os avanços da técnica e,
principalmente, com o exercício da comunicação, destacando a ética, é preciso
cumprir-se a ética. Isso nos diz bem das intenções, do caráter das criaturas
que povoam essas diferentes fortificações, que é a imprensa, quer seja no
jornal, quer seja no rádio, quer seja na televisão. E me dizia, uma vez, o
Maurício Sirotsky, já que hoje também faria aniversário o Breno Caldas, por
coincidência - me assoprou o João Dib, que sabe de tudo, sabe de tudo da
Prefeitura e de tudo dado pelos jornais - que a televisão, o rádio, na verdade,
são coisas mais sofisticadas, mas o que fica mesmo, é o jornal. A gente
embrulha a carne com ele, a gente embrulha gêneros, a gente o esquece no chão;
ele parece que nos relembra tudo o que já houve. Se a televisão mostra, se o
rádio diz, o jornal fixa. Então, meus queridos amigos da imprensa, jornalistas,
na pessoa de Antônio González, do Executivo, da ARI e do eterno Alberto André -
o Dib deles - nós abraçamos vocês e só não fazemos entrar no recinto um bolo
não sei com quantas velas porque, na cautela que tem o nosso Presidente, para
não dizer que é miserável, não me deu esse recurso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PPS, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero cumprimentar o Ver. Pedro
Américo Leal por ter-me antecedido a homenagem à imprensa no dia de hoje. Isso
não diminui em nada a oração que ele produziu e também apenas quero
complementar os cumprimentos aos companheiros de imprensa. Vivi toda a minha
vida neste setor, conheço este meio nos variados escaninhos em que se esconde o
processo de comunicação, que é um verdadeiro processo civilizatório, que é o
acúmulo de informações que produziu a história do homem.
Quero apenas deixar registrado este dia 10 de
setembro como a homenagem que os jornalistas brasileiros, os comunicadores
prestam à imprensa. Aliás, uma data controvertida. Há muitos companheiros
nossos que não querem mais admitir o dia 10 de setembro como dia da imprensa.
Porque ela remonta a um acontecimento fortuito, é o aparecimento do Correio
Brasiliense que foi em Londres e não no Brasil, pelas condições peculiares da
época, pela censura imposta pela Coroa Portuguesa ao processo de comunicação no
Brasil.
Mas não deixa de ter um significado histórico, o
aparecimento do Correio Brasiliense. Ele foi editado por um conterrâneo nosso,
Hipólito José da Costa, cuja ascendência ou descendência foi relativamente
contestada, não se sabe se era de Jaguarão ou de Montevideo, mas de qualquer
sorte era das bandas do sul. Em função disso, se questiona a data do dia 10 de
setembro. Mas, enquanto este questionamento não se resolve, nós permanecemos
com o dia 10 de setembro. Hoje, para todos os efeitos é o Dia da Imprensa.
Cumprimentamos daqui os nossos companheiros que têm
trazido este processo até os nossos dias, e ainda deverão levá-lo por muitos e
muitos anos.
A outra parte do meu discurso, nesta manhã, nesta
comunicação de liderança do Partido Popular Socialista, é saudar um feito
internacional que não pode passar despercebido, que é o fato do reconhecimento,
por parte de Israel, da OLP, como condutora do processo de libertação dos
palestinos, e, de outra parte, o de reconhecimento pela OLP do Estado de Israel
como uma nação. Este acordo está sendo assinado em Washington e é um sinal
muito positivo de que se pode presumir de que aquela conflagrada região do
mundo está caminhando para um processo de regularização. E esta Casa deve-se
regozijar com este acontecimento, porque tem abrigado aqui, em sucessivas
Sessões, em sucessivas manifestações as aspirações da colônia palestina no Rio
Grande do Sul e dos judeus que habitam Porto Alegre. São duas contribuições que
vieram se somar aos nossos esforços, para produzir, aqui, neste longínquo
rincão do mundo, uma convivência fraterna e sadia entre estas duas facções que
se digladiam há muito tempo, mas que, nos últimos anos, estava assumindo um
caráter de verdadeiro fraticídio.
Então, a Câmara Municipal, eu pessoalmente e o meu
Partido saudamos este evento que significa um novo vislumbre no mundo, nos
tempos de hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja, que faltará pela
Bancada do PTB.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Partido Trabalhista
Brasileiro, em primeiro lugar, se solidariza com a homenagem ao “Dia da
Imprensa” e, em especial, com a publicação encartada, hoje, nos jornais de todo
o País, feita pela Associação Nacional dos Jornais, presidida pelo Jorn. Jaime
Sirotsky, que se intitula o expediente “Ler”. Acho fundamental a leitura, e
especialmente porque envolve aqui a manifestação de um processo de educação, e
também do uso dos veículos de comunicação para a implementação de projetos que
visem levar aos estudantes em geral, neste País, maiores conhecimentos e
contribuições no campo da educação.
O segundo aspecto do nosso pronunciamento é
justamente a questão da educação. Nós estamos sumamente preocupados com a
situação hoje enfrentada dentro da Secretaria Municipal de Educação de Porto
Alegre.
Já éramos para ter-nos manifestado a respeito aqui nesta Casa, já tivemos algumas manifestações em relação ao Sr. Secretário Municipal de Educação, que entendemos começou muito mal a sua administração, não teve um comportamento adequado como Secretário no início do seu trabalho. Enfrentou, já de início, uma discussão, com a comunidade escolar, desnecessária, fazendo um enfrentamento com o Círculo de Pais e Mestre, instituição tão importante na vida da comunidade escolar, que acabaram sendo dissipadas com a sua presença aqui. E depois vimos este rumo que circula nas escolas municipais, trocas de informações que tivemos com professores, com membros da comunidade escolar, das preocupações com relação, hoje, à política que vem sendo adota pela Secretaria Municipal de Educação em relação às nossas escolas municipais de Porto Alegre. Culminou também, aí, com a demissão solicitada pela Diretora da Escola Municipal Jean Piaget, alegando que esta experiência do construtivismo que foi iniciada nesta escola e que já demonstra estar sendo desenvolvida em um trabalho positivo, levou esta diretora a fazer o seu pedido de demissão e agora foi nomeada nova diretora; o Município tem uma interventora. E esta nova direção diz que vai dar continuidade a esse processo, mas na verdade as coisas estão mal direcionadas na Secretaria Municipal de Educação. O Secretário esteve aqui e disse que tinha mandado fazer uma série de obras na Escola Municipal Leucádia Felizardo Preste. E aí eu recebo um ofício do Sr. Presidente do CPM dizendo que nada foi feito na escola. Nem o fogão que o Secretário disse que tinha mandado trocar foi trocado. À noite a escola sofre problemas de segurança grave, não foi resolvido o problema.
Então, as informações que o Secretário prestou, aqui
não foram corretas. O Sr. Secretário da Educação está faltando com o
compromisso assumido, aqui, perante os Srs. Vereadores - e vejam que nós
transformamos a convocação do Sr. Secretário em convite -, mas ele não cumpriu o
que disse aqui aos Srs. Vereadores. Eu tenho cópias do discurso do Sr.
Secretário, mandei cópias para a escola. Então, nós estamos sentido que as
coisas não estão andando bem na Secretaria Municipal de Educação. E é
interessante que o Sr. Prefeito Municipal reflita sobre isso. Nós vemos que
dentro do próprio grupo que administra a Secretaria de Educação, onde existe
uma grande divisão, e quando essas coisas começam a acontecer, só existe um
prejudicado, que são sempre os alunos, que é sempre a educação. Não podemos
manter a educação, no lugar que for, cingida a disputas políticas e a más
administrações. Acho que está na hora de o Sr. Prefeito Municipal tomar uma
atitude forte, radical e contundente para resolver o problema da Secretaria
Municipal de Educação. Na nossa maneira de ver o Secretário não tem tido boa
postura e que é muito teórico, pouco prático; mas deve ter boa formação pois
está na Universidade Federal. Mas entre ser um teórico e exercer na prática um
cargo como esse de Secretário de Educação, vai uma grande distância e é isso
que está preocupando a comunidade, os pais e a educação em Porto Alegre.
Por isso, Srs. Vereadores e Senhores membros da
Bancada do Governo nesta Casa, reflitam bem. Nós queremos do Sr. Secretário de
Educação medidas concretas e urgentes para que os problemas não se agravem mais
e que não se tenha, vivendo no Município, situações semelhantes a que se vive
no Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Estamos engolindo uma Secretária por
imposição, e no Município está acontecendo a mesma coisa, o Secretário também
está sendo engolido por imposição, não sei de quem, se do Prefeito, de grupos,
seja de quem for, mas que não está tendo uma boa conduta à testa da Secretaria
de Educação, isso não está. Vamos aguardar as providências que o Executivo
Municipal deve tomar nesse sentido, temos certeza. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Clóvis Ilgenfritz): Antes de passar a palavra à Liderança do
PMDB, há uma Questão de Ordem do Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON
ARAÚJO: Não é Questão de Ordem e sim apenas um lembrete, um aviso, um
convite para que todos os Vereadores pudessem comparecer em toda a programação
da Semana em comemoração dos 220 anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, que
inicia às 08h30min de segunda-feira, com a participação da Banda Municipal de
Porto Alegre e das autoridades e convidados. Peço que todos os Vereadores
participem, durante a semana, inclusive o grêmio da Câmara Municipal de Porto
Alegre está também pedindo para que todos os Vereadores, dentro das Olimpíadas,
que estão programadas também, escolham seus grupos e participem das mesmas
durante esta semana.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apesar do adiantado da hora,
vou fazer uma exposição rápida e aproveitar esta oportunidade. No ano de 1991,
eu apresentei uma proposta colocando nos roteiros turísticos o cemitério da
Capital do Estado. Eu me lembro dos problemas que aquela proposta gerou, e foi
aprovada, e que hoje já esta incluída no referido roteiro, e as informações que
temos sobre o resultado são positivas. Também naquele mesmo ano, nós
apresentamos um Projeto que foi aprovado também e é lei, no sentido da adoção
dos acessos da Cidade, para efeito de turismo, sinalização da Cidade, inclusive
com a possibilidade de participação da iniciativa privada. E nós estamos vendo
que está havendo uma movimentação a esse respeito. E o turismo é, sem nenhuma
dúvida, o grande gerador de riquezas para os municípios, e Porto Alegre deve
estar atenta e preocupada com o tema, até visando a melhorias das condições de
vida do nosso cidadão de Porto Alegre. Na semana retrasada, enviei uma
correspondência ao Sr. Prefeito Municipal, e por isso estou aqui para registrar
esse fato. O que nós temos? Porto Alegre tem o principal e talvez o único
acesso do corredor de turistas que é a Castelo Branco. Então eu acho que ali é
o caminho para começarmos a pensar o problema da melhoria das condições de
acesso ao turismo aqui na Cidade. Quem vem pela Castelo Branco em direção ao
centro da cidade se depara inicialmente com a nossa Cidade, o centro da cidade,
e se depara com a Elevada da Conceição. E ali nós temos prédios nesta orla,
defronte a Elevada que lamentavelmente andam meio ruins, sujos, malpintados,
escuros, ou seja, alguma coisa que não tem o aspecto de boa aparência para a
nossa Cidade. E acho que ali, aqueles paredões podem servir muito bem para que
se faça algumas chamadas alusivas a nossa Cidade, à beleza da Cidade e ao
sentimento fraterno, acolhedor e amigo do cidadão de Porto Alegre.
A proposta que nós encaminhamos ao Prefeito
Municipal é no sentido de que a Prefeitura adote aquelas paredes, de se colocar
ali chamadas, dizeres, algumas coisas importantes para a nossa Cidade, como por
exemplo: “Bem Vindo a Porto Alegre”, “Porto Alegre Humana”, alguma coisa neste
sentido. Para que a Prefeitura de Porto Alegre estude, através de seus
técnicos, estude a viabilidade de uma forma de adoção daquelas paredes. Inverter
o sistema. Se de um lado a iniciativa privada pode adotar praças porque não a
Prefeitura, o Município adotar algum espaço, para divulgar a nossa Porto
Alegre, e dizer o quanto a Cidade é importante para o Brasil e para a nossa
Região Sul e quanto é fraterno, acolhedor e amigo o nosso povo. Esta é a idéia,
e eu gostaria de deixar registrado isto aqui na Câmara. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nós não gostaríamos de deixar de registrar a homenagem do PT a
toda a imprensa e aos jornalistas da Casa, neste momento em que não há mais
“quorum”.
Quero dizer que as palavras do Ver. Pedro Américo e
do Ver. Lauro Hagemann e Jocelin Azambuja também são nossas, em especial as
palavras do Ver. Pedro Américo que fez um trabalho específico para esta data
tão importante.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 12h44min.)
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[T1]dada