ATA DA DÉCIMA SESSÃO SOLENE
DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
06-4-2000.
Aos seis dias do mês de
abril do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e três
minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Paulo Geraldo de Castro Delgado
e à entrega do Prêmio Ecologista do Ano ao Senhor Gabriel Knijnik - “post
mortem”, nos termos, respectivamente, do Projeto de Lei do Legislativo nº
194/99 (Processo nº 3518/99) e do Projeto de Resolução nº 44/97 (Processo nº
3751/97), ambos de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo. Compuseram a MESA: o
Vereador Paulo Brum, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, na
presidência dos trabalhos; o Segundo-Tenente Luís Machado, representante do
Comando Geral da Brigada Militar; o Senhor Paulo Geraldo de Castro Delgado,
Homenageado; o Senhor Renato Knijnik, representante do Senhor Gabriel Knijnik,
Homenageado; o Vereador Cláudio Sebenelo, na ocasião, Secretário “ad hoc”.
Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do
Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que
falariam em nome da Casa. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome das Bancadas do
PSDB, PTB, PDT, PMDB, PSB, PFL e PPS, destacou a importância das atividades
desenvolvidas pelo Senhor Paulo Geraldo de Castro Delgado como médico
especialista em gastroenterologia e lembrou a atuação do Senhor Gabriel Knijnik
em prol da conservação do meio ambiente. O Vereador Adeli Sell, em nome da
Bancada do PT, destacou a justeza da homenagem hoje prestada aos Senhores Paulo
Geraldo de Castro Delgado e Gabriel Knijnik, exaltando o trabalho realizado
pelos Homenageados nas suas respectivas áreas de atuação e declarando que Suas
Senhorias representam modelos a serem seguidos pelos cidadãos de Porto Alegre.
O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, afirmou que o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, conferido ao Senhor Paulo Geraldo de
Castro Delgado, e o Prêmio Ecologista do Ano, concedido ao Senhor Gabriel
Knijnik, significam o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre à atuação social
dos Homenageados. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador
Cláudio Sebenelo a proceder à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao
Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Paulo Geraldo de Castro
Delgado e a entregar o Prêmio Ecologista do Ano ao Senhor Renato Knijnik, que
recebeu o Prêmio em nome do Senhor Gabriel Knijnik, Homenageado. Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Renato Knijnik e ao Senhor Paulo
Geraldo de Castro Delgado, que agradeceram o Prêmio e o Título recebidos. A
seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a
execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais
havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e seis
minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os
trabalhos foram presididos pelo Vereador Paulo Brum e secretariados pelo
Vereador Cláudio Sebenelo, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Cláudio
Sebenelo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Damos por aberta a 10ª Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dr. Paulo Geraldo de Castro Delgado, nos termos do PLL nº 194/99, e do Prêmio Ecologista do Ano ao Dr. Gabriel Knijnik “post-mortem”, através do PR nº 44/97, ambos de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo.
Vamos, neste instante, compor a Mesa Diretora dos Trabalhos. Para tanto, convidamos nosso homenageado o Dr. Paulo Geraldo de Castro Delgado; o representante do Dr. Gabriel Knijnik, homenageado como Ecologista do Ano, o Dr. Renato Knijnik; o Segundo-Tenente Luís Machado, representante do Comando-Geral da Brigada Militar.
Convidamos todos os presentes para, em pé, assistirmos à execução do Hino Nacional.
(Executa-se o Hino Nacional.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Cláudio Sebenelo, proponente destas homenagens, está com a palavra e falará em nome das Bancadas do PSDB, PTB, PDT, PMDB, PSB, PFL e PPS.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Esta cerimônia é absolutamente invulgar, porque consegue reunir, em uma só homenagem, uma “in memoriam” e outra aqui presente, duas personalidades importantíssimas da nossa Cidade. Apenas peço a vocês a paciência de eu, em resumo, fazer dois pronunciamentos.
“Caríssimo Paulo Geraldo, Dóris e filhos. É preciso ter história. Ter uma relação, ter um afeto com sua gente, com suas ruas e becos; com o rio, e seu pôr-do-sol. É preciso um jeito especial de caminhar na longa avenida, que começa ao primeiro dia de luz. É indispensável um certo combustível anti-poluente: a energia da discrição. Exatamente isso. Muitas vezes, chama-se mais atenção pela sobriedade do que pelo alegórico. Como um traço incultivado de espontaneidade, do natural, do simples.
É também compulsória uma dose significativa de paciência. Paciência para poder lidar com os antagonismos mais intrincados. A lida diária, com todo o esplendor da grandeza humana; a lida diária com toda a depressão da miséria humana. E entendê-los, entendê-los, isoladamente, em cada ser; e entendê-los conjugados em cada ser.
É imprescindível um certo talento para decifrar as complexidades que nos cercam. Não só as geradas pelas novas tecnologias em que o nosso conservadorismo senilizante faz com que nos limitemos. Na medida em que a idade avança nos obrigamos cada vez mais a um sedentarismo intelectual. Desenvolvamos pois, de vez em quando, anticorpos potentes contra o novo, o desconhecido, o revolucionário, mas jamais incorporemos em definitivo o antigo.
É mister aumentar o nosso nível de exigência em direção a uma utopia, uma utopia inalcançável: a perfeição. Quanto mais diminuímos nossa distância crítica do irretocável mais dele nos distanciamos como se fosse a maldição de uma lenda grega.
Até que aos poucos vamo-nos moldando, vai tomando forma, uma forma pessoal, característica, que passa a se chamar modelo. Isso mesmo, modelo, Paulo Delgado, foi esse o termo mais ouvido ao noticiar aos colegas sobre essa cerimônia.
Nos longos corredores, lá, onde passeiam as melhores esperanças dos nossos clientes, tão correspondidas pelo modelo que todos nós colegas, a Cidade em si, encontram numa pessoa muito especial, privilegiada mesmo, na soma cumulativa de virtudes com a qual nos acostumamos diariamente a conviver. Contigo.
Esta é apenas a mínima, a mais pálida, é apenas um esboço de uma personalidade com a qual aprendemos quase tudo que o nosso inconsciente coletivo amequiano – amequiano, quer dizer sigla da AMECLA (Associação dos Médicos do Conceição) vulgo serpentário, ou ofidiário - a cada encontro nos proporciona.
Humildade, eficiência, sabedoria, oriunda das noites insones, dos dilemas administrativos, das imensas perdas, das incomensuráveis derrotas são incorporadas, coletivamente, por nós que te cercamos e do aprendizado dolorido de nos aceitarmos com nossas mazelas, de nossas deformidades íntimas que tornam os fantasmas de nossas noites perenes aprendemos contigo a crescer como Fênix.
Não, nossa Cidade não abriga super-homens e super-mulheres, gosta, sim, dos poetas, dos velhos taxistas falantes, dos bêbados equilibristas, dos ídolos do futebol, de certos vagabundos que trabalham, envergonhadamente, o dia inteiro. De um determinado tipo humano, exótico, diferente. Pode até ser médico, desde que tenha sido escolhido pelo seu grupo instantaneamente, espontaneamente, como tu, que há tantos anos, colhes nesta via, de tantos pedágios, a ventura de ser englobado por um vacúolo citadino. Cidadania, esta, construída pela incomensurável capacidade profissional ou, também, pela simplicidade de uma conversa matutina, inconseqüente, silenciosa, despretensiosamente didática e deliciosa.
Esta é uma pequena forma de agradecer o privilégio de um convívio profissional, humano, sacrificando a companhia da Dóris e dos filhos que mostram como uma trajetória pode ser desenhada com arte, com a persistência dos denodados, com um fôlego de sete vidas.
Nos apercebemos integrantes da tua intimidade, a cada jornada ou, cumulativamente, nos incontáveis anos de trabalho, aos quais aceitamos, imperceptíveis, o passar da vida. Assim, apercebemo-nos pela leveza do aprendizado, por essa gigantesca doação.
Sente, por favor, de teus colegas, de teus vizinhos, do teu Bairro, desta Cidade que escolheste, a ternura de um abraço inesquecível que te envolve como a delicadeza de um olhar, com o calor do mais doce aconchego, com o impacto da primeira vez.
Porto Alegre, 06 de abril de 2000. Paulo Geraldo de Castro Delgado, Médico Gastroenterologista por acadêmica formação. Porto-alegrense pela mais pura adoção. Pelo afeto de uma Cidade. Inteira”.
“À família Knijnik. Ilustre Dr. Renato. Sobrevôo a megalópole. Não existe mais espaço a preencher, a urbanização tomou conta de tudo, a Cidade está superlotada, não há mais o baldio dos terrenos.
Faz-me lembrar uma experiência com roedores, colocados em boxes de laboratórios e que tendo preenchidas as suas necessidades alimentares, crescem e se tornam, rapidamente, adultos. Depois de uma inevitável explosão demográfica, a superlotação e, ultrapassados os limites do suportável, o início do canibalismo entre ratos, como fator de regulação.
Nós, humanos, também predamos pela barbárie rediviva e pela violência urbana de nossos semelhantes, predamos nossos ambientes, alteramos profundamente o nosso meio, conferimos a ele uma forma humana, ou desumana. Hoje o homem detém o triste poder de um incalculável potencial destrutivo. A racionalização do cientificismo exato, crível, legal e ‘ético’ leva o homem a ter vergonha da sua história, a se aclimatar à calvície dos seus campos, à desertificação de suas matas. A descoberta de novas rotas marítimas do Século XVI é contraposta à invasão do espaço sideral. De lá, armados até os dentes de tecnologia, conseguimos, além de prever nossas variações meteorológicas, retratar o papel devastador do bicho-homem por fotos batidas dos satélites, a prova provada da sua conduta frente a recursos naturais postos a sua disposição.
A natureza não se dispõe de forma cartesiana. Se a arquitetura tem um compromisso com a geometria, com a linha reta ou curva, a natureza distribui sabiamente uma saudável incerteza, uma organização sem compromissos organizacionais rígidos. Há uma certa elegância no desarranjo assimétrico da células que contribuem para o todo com suas funções específicas. Há uma curiosa e uniforme distribuição axial dos ramos das árvores, e, de cabeça para baixo, a organização é a mesma na árvore brônquica dos hominídeos. Estamos falando de respiração, da respiração do mundo, e, como crônica de uma morte anunciada, já se avizinha o racionamento e a rarefação das águas do planeta, do ar, da camada de ozônio nessa escalada demográfica ascendente, quando chegaremos a dez bilhões de terráqueos no ano de 2050.
Mas por que não ocupar sem predar? O que faz um homem na contramão dessa história? As partes destinadas ao trânsito, ele ajardina; reveste de grama o areal; planta espécimes nativos; cria capões, matas, refloresta. Por quê? Não se sabe. Pensa-se que há um gen especial que faz com que as pessoas, milagrosamente no ano de 2000, troquem afetos especiais com sua gente, com sua flora, com sua fauna, considerando-lhes da sua família, mesmo que nunca com eles tenha antes convivido, e transforma uma gleba em um parque de diversões naturais, sustento e lazer da fauna, nutrição completa da flora, algo de raiz, de terra, de chão, amável e profundamente inexplicável.
Estamos contando a nossa história, a história do Planeta Terra, da nossa Terra-Pátria, no dizer de Edgar Morin, nosso habitat, local de vida de nossos ascendentes e futuro local de vida de nossos descendentes. Estamos falando da espécie humana.
Mas estamos falando, também e ao mesmo tempo, como novo paradigma, sobre um homem na contramão da história, que poderia ser chamado de louco, que, ao invés de destruir, construiu; que, ao invés de enfear, embelezou; que, ao invés de adquirir, doou. Deixou um pedaço de paraíso para a sua comunidade, para a sua cidade. Passou a vida entregando verdes mensagens de saúde individual e coletiva, de qualidade de vida. Em sua senda, havia um rastro feito de pequeninos pedaços deste paraíso, pedaços de bem-estar, pedaços de felicidade. Ele, que sacou para o futuro pensando nas vindouras gerações; ele, que nos deixou esta primorosa lição de amor a Porto Alegre; ele, que nos deixou esta aula de humanidade.
Estamos falando de Gabriel Knijnik, o Ecologista do Ano de 1999. Infelizmente, ele já não está entre nós. Mas o fim de sua vida representará, para a nossa Cidade, o início e o resgate de muitas outras vidas”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cumpre-me a tarefa de falar em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, que tem doze Vereadores nesta Casa. Eu vou-me fixar numa palavra dita pelo proponente desta Sessão, Ver. Cláudio Sebenelo, a palavra modelo. É sobre isso que quero falar. Neste final de século, início de um novo milênio, o mundo precisa de modelos, modelos de pessoas que, na sua trajetória, no seu dia-a-dia, sejam de fato exemplos para gerações que vêm.
Temos, hoje, na Mesa, o Dr. Paulo Geraldo de Castro Delgado e o Dr. Renato Knijnik, que representa aquele que já se foi - o Dr. Gabriel Knijnik - pessoas que têm uma marca na sua trajetória de vida profissional e de relação de cidadania com a Capital dos gaúchos, a nossa querida Porto Alegre. Os dois representam vida, a vida desta Cidade, a vida deste lago que embeleza a nossa Capital, a vida do nosso Planeta, a defesa do meio ambiente, a defesa da ecologia e, de um outro lado, um médico que resgata vidas.
Nós precisamos muito, neste País, neste mundo, cuidar do meio ambiente, cuidar do Planeta Terra, da água que se vai, da poluição que nos destrói, da sujeira, do lixo que não é reciclado. Precisamos de guerreiros. Um deles se foi, mas aqui, hoje, esta homenagem é uma marca. Estamos, de fato, fincando em terra, na Capital porto-alegrense esse marco, essa luz que vai-nos guiar para o futuro de um trabalho realizado pelo ecologista Dr. Gabriel Knijinik.
Também temos aqui outro cidadão, o Cidadão de Porto Alegre Dr. Paulo Delgado, que, na sua labuta diária, sabe o quanto é difícil, neste País, neste Estado, nesta Cidade fazer o que se faz no Hospital Conceição, o que se faz nos postos de saúde: cuidar da saúde do nosso povo, com todas as barbaridades que temos visto ultimamente, inclusive nesta área. Hoje, no entanto, é um dia de festa, um dia para lembrar, para marcar, delimitar e mostrar que há modelos. E nós vamos seguir esses modelos, porque com modelos assim podemos olhar para o horizonte e ter esperanças, como em toda a tarde, tenho certeza, todo o porto-alegrense, cidadão desta Capital, ao olhar para o lago Guaíba e ver o pôr-do-sol, sente-se tocado em seu coração. Nós ainda continuamos a ter esperanças, porque nós temos modelos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para falar em nome do PPB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)
“O ilustre Ver. Cláudio Sebenelo, homem de iniciativas inteligentes, promove, hoje, nesta Casa - que soube bem acolher suas propostas -, a concessão de distinções especiais a dois homens que, em suas vidas, souberam ultrapassar os limites das próprias expectativas para fazer delas motivo de serviço à Cidade que os acolheu desde que aqui chegaram. Ao Dr. Paulo Geraldo de Castro Delgado concede, a Câmara Municipal de Porto Alegre, o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Esse título, sem dúvida nenhuma, honroso, Cidadão de Porto Alegre, é, antes de mais nada, a expressão do agradecimento da Cidade a um homem que, natural de Pelotas, entregou-se a Porto Alegre com amor igual ao dos nativos, fazendo desta a sua cidade, opção de domicílio e de morada, de labor e de construção, motivo, objeto, meio e fim de vida.
Consagrou-se na Medicina pública, à qual dedicou substancial parte de sua vida. Médico competente e cientista de nomeada, o nome do Dr. Paulo Geraldo Delgado de Castro brilha entre seus pares e é evocado com respeito e admiração pelos seus pacientes.
Ao Engenheiro Gabriel Knijnik a Câmara concede, hoje, em caráter póstumo, o Prêmio Ecologista do Ano. Do currículo de Gabriel Knijnik, em meio a tantas qualificações distintivas, ressalta, com nitidez incontestável, a capacidade de idealizar, por ele demonstrada. E, como o mesmo vigor desta, paralela mas não exclusiva, sua capacidade de transformar sonho em realidade. Não o sonho da coisa fantástica, a quimera irrefletida ou a fantasia abstracionista, mas o sonho visionário dos que sabem ler o futuro nas entrelinhas do presente e que, ao descobrir nele uma necessidade a ser satisfeita, buscam, de todas as formas e por todos os meios ao seu dispor, encontrar os caminhos capazes da satisfazê-la. Assim foi Gabriel Knijnik, desde cedo um soldado da ecologia. De seu projeto da plataforma da Cascata do Caracol, em Canela, passando pelos artigos e trabalhos sobre arborização urbana, bem como pelos incontáveis trabalhos realizados no dia-a-dia, até a doação que fez ao Município, por testamento, de uma área de sua propriedade para que fosse transformada em parque franqueado ao público, Gabriel Knijnik sonhou sempre com um mundo de preservação e de promoção da natureza. Não apenas sonhou. Foi sempre, em nossa Cidade, um agente dessa mesma natureza, que defendeu em palavras, promoveu em eventos e preservou em ações.
Onde estiver, tenho certeza de que Gabriel Knijnik estará satisfeito com a homenagem que, neste momento, recebe, pois, mais do que premiá-lo pelo que fez, pelo ensinamento que deixou e pelo exemplo que deu, servirá para estimular e impulsionar ao trabalho outros tantos que, como ele, mais do que sonhar, são capazes de transformar a realidade para melhor, pela força de seu empenho e de suas convicções.
Em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra de integrar juntamente com os dignos Vereadores João Antônio Dib e Pedro Américo Leal, cumprimento o Sr. Paulo Geraldo de Castro Delgado e os representantes e familiares de Gabriel Knijnik pelo recebimento dos títulos que a Câmara Municipal, nesta oportunidade, lhes concede. Pessoalmente a um e post-mortem a outro. São honrarias que se integram à história da Cidade e fazem justiça aos méritos de cada um, como expressão da vontade do povo porto-alegrense.
Que seus exemplos frutifiquem e que suas idéias sejam acompanhadas e reproduzidas permanentemente. O presente lhes dá, hoje, o reconhecimento que merecem, e o futuro, certamente, terá muito a agradecer-lhes”. Parabéns. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Convido o Ver. Cláudio Sebenelo para proceder à entrega da Medalha e do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Paulo Geraldo de Castro Delgado.
(Procede-se à entrega da Medalha e do
Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre.) (Palmas.)
O Ver. Cláudio Sebenelo fará também a entrega do Prêmio Ecologista do Ano de l999 ao Dr. Renato Knijnik, que representa o Dr. Gabriel Knijnik.
(Procede-se à entrega do Prêmio Ecologista do Ano de 1999.) (Palmas.)
O Sr. Renato Knijnik está com a palavra, que fala em nome do Dr. Gabriel Knijnik, nosso homenageado.
O SR. RENATO KNIJNIK: (Saúda os componentes da Mesa.) Senhores e Senhoras, em nome da família simplesmente me resta agradecer aos senhores por esta homenagem, e acrescentar poucas coisas ao que o Dr. Cláudio Sebenelo falou, que o Gabriel era uma pessoa que tinha uma intimidade muito grande com a natureza e uma preocupação com as camadas sociais menos privilegiadas, ou não-privilegiadas.
Desse conjunto de coisas é que resultou esta representação material do seu pensamento, que foi a doação desta área onde deverá ser desenvolvido um parque ecológico.
É interessante que se ressalte que a decisão dele, de doar essa área, já havia sido tomada há pelo menos dez anos antes da sua morte. Ele era, realmente, um homem convicto dessas idéias ligadas à natureza. Mais uma vez, muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ouviremos agora o pronunciamento do Dr. Paulo Geraldo de Castro Delgado, o nosso mais novo Cidadão Porto-Alegrense, de direito, porque de fato já assim o era chamado.
O SR. PAULO GERALDO DE CASTRO DELGADO: (Saúda os Componentes da Mesa e demais presentes.) Realmente é muito emocionante estar, aqui, neste momento. Eu me sinto pequeno ao ouvir as manifestações sobre o Dr. Gabriel Knijnik. Me sinto muito pequeno, sem falsa humildade. Quando há certo tempo o Ver. Cláudio Sebenelo me disse da sua intenção de apresentar o meu nome para receber o titulo de Cidadão de Porto Alegre, isso me causou surpresa e maior emoção ainda. Eu queria agradecer aos Srs. Vereadores e, em especial, ao meu colega e amigo, Dr. Cláudio Sebenelo, e só tem uma explicação para eu estar aqui, neste momento, porque eu procurei razões e não as encontrei, a não ser, como dizem, “que o coração tem razões que a própria razão desconhece”.
Eu pediria licença para dividir este título com a minha Senhora, que é a culpada de todo este meu aprisionamento em Porto Alegre, no qual tenho três filhos. E queria agradecer, novamente, aos Srs. Vereadores, em especial, ao Dr. Cláudio Sebenelo, ao qual eu digo, muito, muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Agradecemos a presença dos Senhores e das Senhoras, e para finalizar esta Sessão Solene, convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.
(É executado o Hino Rio-Grandense.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h06min.)
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