Plenário

Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa completa 80 anos

Período de Comunicações Temático com a finalidade de expor o trabalho da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, que no ano de 2018 completa 80 anos dedicados a cultura.
Artistas e vereadores destacaram os 80 anos da Chico Lisboa (Foto: Giulia Secco/CMPA)

No período de Comunicações da sessão ordinária desta quinta-feira (30/8), a Câmara Municipal de Porto Alegre recebeu a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa. Proposta pelo vereador Adeli Sell (PT), a homenagem teve o objetivo destacar a importância do trabalho realizado pela entidade, que neste ano completa 80 anos dedicados à cultura.  

Uma das mais antigas entidades culturais em atividade no país, a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa – fundada em 1938 – surgiu do movimento de artistas em prol das artes visuais e defesa do interesse de seus associados perante a sociedade. De acordo com a presidente da instituição, Lisiane Rabelo, a associação foi responsável por realizar e alavancar a classe artística gaúcha no país. Dentre os mais diversos eventos e salões realizados pela entidade, Rabelo destacou que a Chico Lisboa recebeu a missão, via decreto municipal, de organizar o Salão Câmara Municipal de Porto Alegre.

Ao relatar a história de luta e resistência da arte nos tempos da ditadura militar em 1964, Rabelo contou que após este período a instituição promoveu o encontro nacional de artistas, desenvolveu oficinas de arte em presídios femininos, bem como trouxe à cidade artistas e críticos de várias partes do Brasil. Conforme ela, a Chico Lisboa também participou de movimentos políticos, como a luta contra censura e outros momentos na luta por direitos da classe artística. Além de lamentar a perda de recursos na área, Rabelo afirmou ser uma enorme responsabilidade presidir uma entidade de tantas lutas e conquistas expressivas no cenário nacional. "Que a arte possa aflorecer e engrandecer o Estado". 

Também na defesa de mais valorização da classe artística, a vice-presidente da instituição, Cláudia Paranhos, declarou a importância da arte para o fomento da economia brasileira. Em suas palavras, a arte pesa na vida de todos e sua credibilidade precisa reconhecimento enquanto propulsor econômico. "A classe artística está sendo diminuída, atingida imensamente e diariamente", disse, ao defender mais conscientização sobre o que o desenvolvimento cultural contribui para a sociedade, com eventos que movimentam o setor turístico e todo eixo do poder econômico do país. 

 Vereadores 

"A arte é necessária, não pode ter amarras, não pode ter limites". Adeli Sell (PT) disse em sua manifestação que é preciso liberdade artística absoluta e que se confronta com a censura imposta a eventos como a Exposição Queer, que foi cancelada no Centro Cultural Santander. O vereador também reforçou a relevância econômica da cultura, que se dá em gastos com deslocamento e o significado que tem para área da hotelaria. "A arte transfigura, mas tem sempre a mesma essência de liberdade de expressão, daquilo que se joga para fora". Para ele, Porto Alegre foi e continuará sendo o grande ancoradouro das artes plásticas do estado e do país. 

Para Sofia Cavedon (PT), é um orgulho a entidade pertencer a Porto Alegre, pois faz história no Brasil e no mundo marcando a identidade da cidade. "O que seria das artes plásticas se não fosse a resistência da Chico Lisboa?". Ainda de acordo com a vereadora, a instituição vai contra a corrente de redução de recursos da cultura, que transforma e ajuda a construir a dignidade humana. 

Texto: Munique Freitas (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)