Cosmam

Atendimento psiquiátrico é subfinanciado, diz Simers

Luiz Carlos Coronel apontou déficit de 400 leitos psiquiátricos na Capital Foto: Caroline da Fé
Luiz Carlos Coronel apontou déficit de 400 leitos psiquiátricos na Capital Foto: Caroline da Fé

O diretor do Sindicato Médico do RS (Simers), Sami el Jundi, denunciou nesta terça-feira (2/10), durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal, que está ocorrendo a municipalização informal do atendimento a pacientes psiquiátricos, uma vez que o sistema, segundo ele, é "subfinanciado" pelo governo federal. "O projeto de residencial terapêutico, do governo federal, é lindo. Mas, na prática, os municípios não têm como pagar esta conta, pois a União concede apenas R$ 10 mil a cada prefeitura. Isso não dá nem para começar a obra", disse El Jundi, lembrando que o Estado pactua o financiamento de uma estrutura de atendimento em saúde e acaba não cumprindo a sua parte.

Para o dirigente do Simers, é preciso discutir como será financiado o atendimento aos pacientes psiquiátricos. "Do contrário, eles continuarão morrendo nas ruas, pois os doentes recebem tratamento ambulatorial mas continuam sem ter onde morar." El Jundi defendeu a preservação dos leitos psiquiátricos enquanto não for construída uma rede alternativa ao atendimento prestado pelos hospitais. "Está previsto pelo Conselho Estadual de Saúde o fechamento de 30% dos leitos nos próximos dois anos", lamentou.

Atendendo as reivindicações de familiares de pacientes portadores de doenças mentais, o presidente da Cosmam, vereador Dr. Raul (PMDB), prometeu que a Cosmam solicitará informações ao Executivo municipal sobre a política de saúde mental em Porto Alegre e defende a manutenção do patrimônio do Hospital São Pedro para o atendimento psiquiátrico. Também será proposto que o Executivo defina uma parceria com o Hospital a fim de prestar atendimento de emergência no Município, atualmente prestado apenas pelo Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul (Pacs). Os familiares ainda reivindicam atendimento especializado em doença mental pelo Samu.

O diretor-geral do Hospital Psiquiátrico São Pedro, Luiz Carlos Coronel, explicou que a instituição tem priorizado a volta do paciente à sua comunidade após final do tratamento. Ele lembrou que o São Pedro dispõe de 130 leitos para atender pacientes de 88 municípios gaúchos e disse que há déficit de 400 leitos psiquiátricos em Porto Alegre. "Metade das pessoas que aguardam na fila por atendimento psiquiátrico sofrem de depressão grave, sendo que 20% deles tentam o suicídio", disse Coronel. Segundo ele, o São Pedro tem buscado a otimização no atendimento e já conseguiu baixar para 25 dias a sua média de tempo de hospitalização dos pacientes, que antes era de 30 dias. Sobre a polêmica surgida quanto à possível cedência do prédio histórico do São Pedro para a Dell Computers, Coronel garantiu que não há nada quanto a isso, sendo prioridade o atendimento em saúde, embora tenha simpatia pela cedência de área do hospital para a Universidade Estadual do RS (Uergs).

Presente à reunião, o vereador Aldacir Oliboni (PT), defendeu que a Cosmam intermedeie a busca de recursos para o atendimento psiquiátrico em Porto Alegre junto ao governo federal e solicitou mais informações do Executivo a respeito dos cinco novos Caps (Centro de Atendimento Psicossocial) que estariam sendo criados na Capital. O vereador Newton Braga Rosa disse que manteve contato com dirigentes da Dell Computers no Brasil e recebeu deles a garantia de que não havia nada de concreto sobre a possível cedência de área do São Pedro para a instalação da empresa. "Eles disseram desconhecer o assunto e lamentaram o envolvimento da Dell em assunto tão importante. Informaram que foram apenas sondados preliminarmente pelo governo do Estado."

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)