Cidade

Frente em defesa do Mercado Público é instalada no Legislativo da capital

  • Instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Mercado Público.
    Adeli Sell (PT) lidera a Frente Parlamentar em defesa do Mercado (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Mercado Público.
    Plenário Ana Terra ficou lotado na instalação da Frente (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Dirigentes e representantes de entidades ligadas a permissionários e povos de matriz africana, que desenvolvem atividades e lutam pela preservação histórica e cultural do Mercado Público Central de Porto Alegre, lotaram na noite de segunda-feira (4/11) o plenário Ana Terra, na Câmara Municipal, para prestigiar a instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Mercado Público.

Adeli Sell (PT), proponente da Frente, explicou que os trabalhos serão intensos, mas que diferentemente das comissões permanentes, as atividades não precisam ser engessadas às formalidades legislativas. “Assim temos maior liberdade para desenvolver estratégia que consolide junto à população a posição das entidades e dos integrantes da Frente de que não há nenhuma necessidade de privatização do espaço, como deseja a prefeitura da capital, e os atuais mercadeiros podem manter suas permissões e, juntamente com a Associação do Mercado Público, serem responsáveis por uma gestão compartilhada sob a fiscalização do Executivo”, afirmou.

Adeli também destacou a parceria com a Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, já existente no Legislativo, e que, entre outras coisas, luta pela preservação do momumento ao Bará, localizado no centro do andar térreo do prédio do Mercado. "Temos aqui a presença da vereadora Karen Santos (PSOL) que preside essa Frente e, agora, unimos esforços para preservar o patrimônio material e imaterial desse importante espaço público que recentemente completou 150 anos e quase se confunde com a história da cidade", disse Adeli.

Apoios

Adeli antecipou algumas ações que deverão ser implementadas pela Frente, entre elas a de intensificar a presença no Mercado de parlamentares de todas as esferas e outras autoridades e lideranças de expressão na cidade e no Estado. “Vamos estar mais presentes para demonstrar o nosso apoio”, disse. Ainda estão previstos atos públicos, como um abraço ao prédio de 150 anos; a apresentação de um projeto de lei para o tombamento material e imaterial do Cruzeiro do Bará, localizado no centro do Mercado; e a ampliação da coleta de assinaturas em um abaixo-assinado que pede a interrupção do projeto de Parceria Público Privada em curso pelo governo, que se aprovado permitirá a cessão da gestão do espaço para empresa da iniciativa privada por 25 anos.

Presente à reunião de instalação da Frente, o presidente em exercício da Câmara Municipal, vereador Reginaldo Pujol (DEM), destacou que a preservação do Mercado é um desejo de toda a comunidade. Disse que os vereadores, representantes das comunidades no Parlamento, não podem ser furtar a esse debate e lembrou que, hoje, a Casa possui vários ex-secretários da Indústria e Comércio, que quando exerceram a função mantiveram estreita relação com os permissionários e a história do Mercado. “O Mercado é de todos, não tem partido, cor ou religião; ele pertence a Porto Alegre e o que temos de fazer é defendê-lo com diálogo e olhando todos os pontos de vista, dos permissionários e dos consumidores, papel esse que terá essa Frente”, salientou.  

Diálogo

Para Adriana Kauer, presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), ninguém entende mais de Mercado do que os permissionários, que estão lá dia após dia. Ressaltou que o que mais sabem fazer é conversar; “é o que fazemos todos os dias com cada cliente que entra em nossos estabelecimentos e é isso o que pedimos, que conversem com a gente, que dialoguem”. Ela reclamou da falta de respostas na audiência pública realizada recentemente no Araújo Vianna. E, assim como os permissionários, tem recebido o apoio das entidades ligadas aos povos tradicionais e de matriz africana. Adriana disse que os mercadeiros também os apoiam. “Somos gratos, porque aqui somos apenas inquilinos e reconhecemos o esforço daqueles que colocaram pedra por pedra para erguer esse prédio, deixando sua energia. Temos o Bará com a gente. Ela finalizou pedindo respeito. “Não acredito em nada que é construído sem respeito, é só o que nós queremos”.

Compuseram a mesa dos trabalhos, além de Adeli, Pujol e Karen, Marcelo Sgarbossa (PT), Cláudia Araújo (PSD), Márcio Bins Ely (PDT) e Engenheiro Comassetto (PT), além dos deputados federais Fernanda Melchionna (PSOL) e Henrique Fontana (PT). Representando as entidades de matriz africana participaram também Deulyn de Oxum, do Movimento Vamos à Luta; Babadiba de Iemanjá, presidente do Conselho do Povo do Terreiro do Estado do RS; Iyá Vera Soares, coordenadora do Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana do RS; e Pai Tiago Martins, presidente da Associação Independente em Defesa das Religiões Afro-Brasileiras (Asidrab).

Texto

Milton Gerson (reg.prof. 6539)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)