Plenário

Rua no Sarandi pode levar o nome de Nossa Senhora do Caravaggio

Movimentações de plenário. Na foto, na tribuna, o vereador João Carlos Nedel.
Vereador João Carlos Nedel (PP) (Foto: Giulia Secco/CMPA)

Está em tramitação na Câmara Municipal de Porto Alegre projeto de lei do legislativo, de autoria do vereador João Carlos Nedel (PP), que denomina Rua Nossa Senhora do Caravaggio o logradouro público cadastrado conhecido como Rua Três Mil, Setecentos e Oitenta e Cinco, localizado no Bairro Sarandi. Segundo o projeto, as placas denominativas conterão, abaixo do nome do logradouro, os seguintes dizeres: Homenagem à Paróquia Nossa Senhora do Caravaggio, um título dado à mãe de Jesus, a Virgem Maria, que, segundo a tradição católica, apareceu na localidade de Caravaggio, no norte da Itália, entre Milão e Veneza, no ano de 1432.

Um ano antes da aparição, em 1431, a cidade de Caravaggio foi dominada pelos venezianos. Naquela época, ocorreram divisões políticas e religiosas, ataques de bandidos, atuação de facções, traições e crimes. Foi nesse cenário conturbado que Nossa Senhora do Caravaggio se tornou visível a uma modesta camponesa chamada Gianetta Vacchi. Conta a história que, às 17h da segunda-feira, dia 26 de maio de 1432, enquanto Gianetta colhia pasto em um prado próximo chamado Mezzolengo, distante 2km de Caravaggio, aconteceu a aparição de Nossa Senhora àquela mulher de 32 anos de idade. Gianetta Vacchi era tida como piedosa e sofredora. A causa do seu sofrimento era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado conhecido pelo seu mau-caráter e pela violência com que tratava a esposa.

Enquanto colhia o pasto, entre lágrimas e orações, ela avistou uma senhora “semelhante a uma rainha e cheia de bondade”, que lhe deixou uma mensagem: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da divina justiça e venho anunciar a paz”. Nossa Senhora do Caravaggio pediu também que o povo voltasse a fazer penitência, jejuar nas sextas-feiras e orar na igreja, no sábado à tarde, em agradecimento pelos castigos afastados, e, que, também, lhe fosse erguida uma capela. Ao lado de onde estavam seus pés, brotou uma fonte de água, existente atualmente, onde muitos doentes recuperaram a saúde. Gianetta Vacchi, como missionária, levou ao povo e aos governantes a mensagem da Virgem Maria. Em suas visitas, levava ânforas com água da fonte sagrada, que resultava em curas extraordinárias, prova da veracidade da aparição. A paz foi restabelecida na pátria e na igreja.

Devoção no Brasil

Os imigrantes italianos eram pessoas de fé e acostumados a uma vida cristã intensa. Já nos primeiros momentos em terras brasileiras, a necessidade de uma orientação espiritual tornou-se viva entre as famílias. Em 1879, em Farroupilha, na região serrana do Rio Grande do Sul, Antônio Franceschet e Pasqual Pasa construíram um oratório, um capitel de 12 metros quadrados com alpendre na entrada, localizado em frente ao atual cemitério de Caravaggio. Essa foi a origem do Santuário do Caravaggio, que, em 1959, recebeu oficialmente, do Vaticano, a confirmação de que Nossa Senhora do Caravaggio passava a ser a sua padroeira.

Texto: Matheus Lourenço (estagiário de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)