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Secretário lamenta atitude da BM no episódio do boneco da Copa

Fabiano Pereira (e) ouviu depoimentos Foto: Jonathan Heckler
Fabiano Pereira (e) ouviu depoimentos Foto: Jonathan Heckler

O secretário estadual da Justiça, Fabiano Pereira, disse lamentar a maneira como a Brigada Militar atuou, no dia 4 outubro, durante os acontecimentos ocorridos no Largo Glênio Peres e que resultaram na destruição do boneco símbolo da Copa do Mundo 2014. Durante reunião da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta terça-feira (30/10) pela manhã, o secretário teve oportunidade de ouvir os depoimentos de jovens envolvidos no episódio. “Considero bastante significativo o que ouvi hoje aqui”, disse Pereira, alertando para a necessidade de mudança na cultura na corporação, caso venham a ser confirmados os fatos denunciados. “Isso fere qualquer princípio democrático”, disse o secretário, enfatizando que a força deve ser usada para proteção da pessoa e da vida e nunca para agredir.

Ele falou que o governo vem tratando do assunto. “Estamos indignados com o episódio, pois não faz parte da cultura deste governo.” Pereira comunicou ainda que três medidas estão sendo tomadas após o acontecido. “A Ouvidoria do Estado está tratando do tema, bem como foram abertos inquéritos policial e civil.” No final, Pereira solicitou cópia dos depoimentos dos jovens. “Vamos adicioná-los aos processos”, comunicou. Na ocasião, segundo relataram os jovens que participavam de manifestação contra a privatização de espaços públicos na cidade, o Batalhão de Choque da BM teria agredido gravemente alguns manifestantes. 

O professor Ricardo Bordim relatou, na reunião, que esteve na manifestação naquela noite e que 14 jovens foram presos e agredidos. “Estávamos nos manifestando de forma pacífica quando a cerca que envolvia o boneco foi aberta e eu, juntamente com alguns manifestantes, entramos no espaço reservado. De repente, a tropa de choque da BM passou a nos agredir”, disse Bordim, ressaltando que os militares agiram de forma "histérica e esquizofrênica".

Rayme Barcelos também falou sobre o episódio. Disse que foi espancado e arrastado pelos policiais. “Levei cacetadas no rosto e sofri um corte na perna.” O manifestante também criticou o atendimento recebido no HPS. “Foram indiferentes comigo.” Relatou ainda que foi acusado de danos a uma viatura da Brigada Militar. “Pediram fiança para mim, sob pena de ir para o Presídio Central.”

Na opinião do advogado Marcelo Silveira de Almeida, que acompanhou os acontecimentos a pedido da vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) na noite do episódio, os brigadianos “precisam voltar para a sala de aula para aprender a lidar com as pessoas”. Para Almeida, a atitude da BM foi “pior que no tempo da ditadura militar”. O representante do Instituto Geral de Perícias, Paulo Fernandes, disse que, caso solicitado, será possível identificar os policiais envolvidos no caso. “Estamos aqui hoje para colocar o nosso trabalho á disposição”, disse ele.

Para a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), que pediu a reunião, a cidade está diante de um fato gravíssimo. “O que aconteceu naquela noite é um desrespeito aos direitos humanos”, considerou Fernanda. A reunião foi conduzida pela presidente da Comissão, vereadora Maria Celeste (PT).

Texto: Regina Andrade (reg. prof. 8423)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)