Sessão solene

Estilista Rui Spohr é o novo Cidadão de Porto Alegre

Reverenciado como ícone da moda gaúcha, Rui iniciou suas criações em Paris na década de 1950.

  • homenagem a Ruy  Spohr
    Valter Nagelstein (e) entrega diploma a Rui, que estava acompanhado da esposa Dóris (Foto: Tonico Alvares/CMPA)
  • homenagem a Ruy  Spohr
    Solene teve um desfile surpresa com roupas do acervo pessoal do estilista (Foto: Tonico Alvares/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, na noite desta terça-feira (29/11), sessão solene de outorga do título de Cidadão de Porto Alegre a Rui Spohr, estilista de alta-costura e produtor de moda e chapelaria no Rio Grande do Sul. A homenagem é de autoria do vereador Valter Nagelstein (PMDB) e contou com desfile surpresa de 11 modelos e personalidades de destaque do estado, como Madeleine Muller, Deise Nunes e Patti Leivas, que apresentaram, no plenário Otávio Rocha, antigas coleções de moda do acervo pessoal do estilista desde a década de 1970.

O vereador Guilherme Socias Villela (PP) presidiu a sessão e ressaltou a importância da condecoração. “Esta Casa vivenciou, nesta noite, uma solenidade única que mostra a eficiência profissional e a figura lendária de Rui. É um grande prazer recebê-los aqui. Parabenizo a iniciativa do vereador Valter pela bela proposição”, comentou Villela.

Já o vereador proponente, Valter Nagelstein, iniciou seu pronunciamento contando um pouco da trajetória de vida do estilista e destacando pontos marcantes de sua história, como o tempo em que Rui esteve morando em Paris, na França. “Rui nasceu Flavio Spohr, em Novo Hamburgo, no ano de 1929. Aos 22 anos decidiu que, para fazer moda, precisava estudar em Paris. Foi o primeiro gaúcho a se profissionalizar em moda na França, lá trabalhando com Jean Barthet, o maior chapeleiro francês. Ele foi para ficar alguns meses e acabou ficando dois anos em Paris, aprimorando, aprendendo e absorvendo as aulas na Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, na École Guerre Lavigne, atual École Supérieure des Arts et Techniques de la Mode (Esmod)”, explicou Nagelstein, acrescentando:

“Quando Rui voltou a Porto Alegre, abrindo mão de estabelecer-se em um dos maiores centros de moda do País, veio com a ideia de ser chapeleiro, mas logo se dedicou também à criação de roupas de luxo. Logo iniciou o curso de Belas Artes na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e promoveu seu primeiro desfile de moda, com suas próprias criações, que ganhou destaque na Revista do Globo”, contou o vereador.

Nagelstein afirmou ainda que Rui foi pioneiro de um sonho de moda para milhares de mulheres. “É um ícone da moda gaúcha. Afirmo aqui, na presença de cada um de vocês, a minha alegria e honra de ser um intérprete da vontade do povo, traduzida nesta justa homenagem. Muitos eventos e festas de destaques mostraram os vestidos e coleções de Rui como expressão de arte. Mestre da alta-costura do Brasil e do Rio Grande do Sul, tem sua obra igualada às grandes maisons e ateliês de costura do mundo. A cidade está engrandecida, e estamos aqui para aplaudir o teu talento e a tua história, Rui”, concluiu o vereador.

Homenageado

A atividade empresarial tomou-lhe o tempo que gostaria de destinar somente à criação de alta-costura e chapelaria. Convencendo-se de que necessitava de auxílio para a administração de seu ateliê, para receber as clientes, marcar horários e cuidar da burocracia, conheceu sua esposa Dóris, que lhe procurara para aprender a arte e o ofício da chapelaria, e aceitou a sua colaboração. Após três anos trabalhando juntos, casaram-se, e, dessa união, nasce a filha Maria Paula Spohr.

Logo, o ateliê, localizado no Bairro Centro Histórico de Porto Alegre, ficou pequeno para o talento de Rui, e mudaram-se para um antigo casarão na Rua Miguel Tostes. De sua maison, além de toda a produção de moda da mais fina alta-costura, também foram idealizados os uniformes femininos da Brigada Militar, padrão utilizado até hoje.

Reconhecimento

Rui, ao subir na tribuna do plenário Otávio Rocha para fazer seu discurso, pediu que sua esposa o acompanhasse. “Primeiramente, não existe Rui sem Dóris. Venha cá, minha esposa. Nós temos mais de 60 anos de casados. Nunca brigamos e nunca erramos, em casa e na nossa profissão. Somos muito felizes em tudo. Ainda tenho tempo de fazer o que eu mais amo, quero continuar minhas produções”, garantiu o estilista.

“Em Paris, eu pensei: vou voltar para o Brasil e serei o centro da moda na capital gaúcha. Fiquei lá até os 24 anos de idade, mas Porto Alegre sempre me encantou. Quem não se encanta com o Rio Guaíba? Nós todos, que moramos aqui, temos que valorizar essa beleza e a paisagem que temos. Quando eu voltei da França fiz um sucesso muito grande e comecei a fazer os clássicos chapéus. Vestir-se bem dá segurança. Moda não sai de moda. Moda tem um estilo. Se um costureiro pega um estilo e consegue se impor para o grande público, é uma vitória”, ponderou Rui, emocionado, reiterando que a presença dos amigos e familiares à sessão solene o fizeram muito feliz, com o envio de flores e presentes que recebeu de Nova Iorque (EUA), Alemanha e França alusivos à homenagem.

Texto: Mariana Kruse (reg. prof. 12088)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)