Comissões

Vereadores querem ouvir Walmart sobre casos de agressão

Cedecondh ouvi relatos de casos de agressão em supermercados da rede Foto: Ederson Nunes
Cedecondh ouvi relatos de casos de agressão em supermercados da rede Foto: Ederson Nunes
Denúncias de agressões efetuadas por seguranças de supermercados da rede Walmart estiveram na pauta da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh), nesta terça-feira (21/5). A Câmara Municipal de Porto Alegre ouviu o relato de Patrícia Beninca, que disse ter presenciado três casos de agressão ocorridos no super Nacional, localizado no Shopping Praia de Belas.

Segundo ela, o primeiro deles ocorreu perto da Páscoa, quando uma mulher negra foi arrastada para fora da loja e jogada na rua. “Carregaram ela como se fosse um saco de batatas, enquanto as duas crianças que estavam com ela choravam”. Patrícia – que trabalha próximo ao shopping – contou que os seguranças do supermercado afirmavam que ela tinha roubado um ovo de chocolate.

O segundo caso envolveu um rapaz de, aparentemente, 17 anos. “O segurança disse que ele havia furtado alguma coisa, mas a mochila dele estava vazia”. A denunciante relatou, ainda, um terceiro caso, também com um jovem. “Ouvi os gritos dele, que estava sendo empurrado por seguranças para um depósito. Quando entrei lá, o rapaz estava cercado por uns dez homens e reclamava ter sido agredido. Ele levantou a blusa e pude perceber várias marcas no corpo”. Ao ouvir a confissão do jovem, que disse ter furtado um refrigerante, Patrícia se dispôs a pagar, mas os seguranças não aceitaram. “Desde que presenciei a primeira agressão, nunca mais comprei nada no Nacional”, afirmou.

Mesmo tendo sido oficiado pela Comissão, o supermercado Nacional (do shopping Praia de Belas) não enviou representante à reunião. “Essa ausência é um desrespeito à Câmara Municipal”, ressaltou a presidente da Cedecondh, Fernanda Melchionna (PSOL).

Depois de Patrícia, foi a vez do servidor municipal João Ezequiel voltar à Comissão para falar sobre o caso de agressão e tortura a que foi submetido o filho dele, no Supermercado Big, no município de Alvorada. “Ocorreu em abril do ano passado. Meu filho estava com amigos e eles fizeram algo errado. Já conversei muito com ele sobre isso. Foram pegos furtando chocolate”, contou. Por causa disso, os jovens acabaram ficando mais de cinco horas em uma sala, submetidos humilhações e espancamentos. “Não acho que seja culpa exclusiva dos seguranças, pois parece ser uma prática recorrente. Parece que eles têm o respaldo da empresa que é dona desses supermercados. Os próprios funcionários me disseram que isso acontece quase todos os dias”, disse.

Depois dos relatos, foi apresentado um vídeo gravado no supermercado Big, da mesma rede Walmart, que fica no Barra Shopping Sul. A reportagem do SBT mostrava o caso de um gari, que apareceu nas imagens tendo que levantar o uniforme para comprovar que não havia furtado nada do local.

O secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic), José Peres, sugeriu que a Cedecondh enviasse um novo ofício a empresa Walmart pedindo que as denúncias sejam esclarecidas. Fernanda Melchionna informou que um ofício também será encaminhado ao Shopping Praia de Belas. “Podemos, inclusive, requerer as imagens das câmeras de segurança para verificar esses casos de agressão”, salientou.

Se não houver avanços, a Comissão promete levar os casos ao Ministério Público. Além da vereadora Fernanda, participaram da reunião Luiza Neves (PDT), Marcelo Sgarbossa (PT), Mario Fraga (PDT) e Mônica Leal (PP).

Texto: Maurício Macedo (reg. prof. 9532)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7254)