Atividade Legislativa

Abertura da Esquina Democrática para o trânsito é retrocesso

Ruas destacou que o espaço precisa se manter apenas para os pedestres

Pedro Ruas na tribuna.
Pedro Ruas na tribuna. (Foto: Gabriel Ribeiro/CMPA)

O vereador Pedro Ruas se declarou abalado e mesmo chateado com as notícias de que o prefeito Sebastião Melo decidiu reabrir o trânsito para veículos na Esquina Democrática. No pronunciamento na sessão plenária, na Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta segunda-feira (07/02/2022), o líder do PSOL enfatizou que aquele espaço é um símbolo da democracia na Capital gaúcha, onde todos os partidos têm lugar para expor suas ideias ao público, da mesma forma que entidades em geral e artistas utilizam a Esquina Democrática para denúncias, anúncios, espetáculos e chamamentos para eventos. Conforme noticiário, a intenção da prefeitura é abrir para veículos de transporte “de forma a harmonizar a convivência entre carros e pedestres”.

                "Não consigo imaginar essa harmonia. É um pedido a atropelamentos. Fiquei muito chateado. Em 1977 nós tivemos duas cassações na Câmara de Vereadores de vereadores de Porto Alegre. Glênio Peres e Marcos Klassmann, líder e vice líder do PMDB Foram cassados por denunciar, na tribuna da Câmara, que estavam ocorrendo torturas, mortes nos porões da ditadura. Gênio fez um discurso, foi cassado e na sessão seguinte Klassmann repetiu o mesmo teor. Cassados, restou a eles irem para as ruas, exatamente para a Borges de Medeiros com Rua da Praia. Subiam em caixotes e repetiam as denúncias, juntando o povo ávido por informações. Nós estávamos entre os que iam para a Esquina ouvir os grandes líderes", declarou Ruas.

Conforme Pedro Ruas, aquele espaço era de fato um local onde se podia falar em democracia. O nome que foi dado aos depoimentos ali feitos, foi Terra do Silêncio. "Nosso colega Guilherme Socias Vilella aqui da Câmara, que era prefeito, priorizou o local para os pedestres, tirando os automóveis daquele espaço, naquele período ele tirou os automóveis da Praça da Alfândega e da Esquina, oferecendo mais liberdade para os pedestres circularem com segurança, ou acompanharem eventos sem risco de serem atropelados”, contou o líder do PSOL, lembrando que esse processo ocorreu entre os anos de 1983 a 85. "Por tudo isso, e nos 250 anos da nossa Porto Alegre, a Esquina Democrática não pode sofrer esse retrocesso. Melo abre a esquina. Esse fato é um desrespeito na nossa história de Porto Alegre.

                "Não podemos retroceder. Isso seria um acinte aos 250 anos de Porto Alegre, a capital que aboliu a escravidão em 1884, reabrir seria ferir o ideário democrático da cidade que viveu a Legalidade. Será um retrocesso com a capital que criou a primeira Secretaria Municipal do Meio Ambiente, pioneira no Brasil. Foi o autor da Lei do Impacto Ambiental, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no município. Isso tudo no governo de Vilella na Prefeitura", disse. Ruas lembrou que até o PSOL nasceu ali, quando ainda muito jovens Luciana Genro (deputada estadual) e Roberto Robaina (Vereador na Capital) faziam seus comícios relâmpagos na Esquina. Destacou que ali se apresentam músicos, peças teatrais, reúnem-se grupos étnicos, artistas de rua em geral.  A Esquina Democrática é um espaço tombado pela Prefeitura em 17 de setembro de 1997.

Texto

jurema josefa/Assessoria de Imprensa

Edição

Jurema Josefa (MTB 3.882/RS)