Câmara entrega diplomas de Honra ao Mérito em Sessão Solene
Vereador Engenheiro Comassetto (ao centro) foi o proponente das homenagens (Foto: Ederson Nunes/CMPA) Solenidade ocorreu no Plenário Otávio Rocha (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
A Câmara Municipal de Porto Alegre entregou nesta quinta-feira (12) diplomas de Honra ao Mérito para três pessoas e uma entidade: Antônio Carboneiro, Baba Diba de Iyemonja, Helenir Aguiar Schürer e a Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA). O conjunto de homenagens foi proposto pelo vereador Engenheiro Comassetto (PT) e ocorreu em Sessão Solene realizada no Plenário Otávio Rocha.
O proponente relembrou a enchente de maio e afirmou que 2024 “foi um ano muito sofrido para todos nós, em que vivemos na pele a realidade do planeta Terra”, com “situações difíceis, de muita angústia e tristeza para famílias gaúchas e porto-alegrenses”. Comassetto destacou a trajetória de luta por transformação social dos homenageados, afirmando que “esse conjunto que está aqui representa uma luta permanente da nossa sociedade” e ressaltando a atuação da cidadania durante a enchente. O vereador disse que todos eles defendem democracia com participação popular, direitos sociais e respeito às diferenças, inclusão e justiça social e educação pública, gratuita e de qualidade. Ele destacou, ainda, a trajetória individual de cada um dos homenageados, e disse desejar que esse trabalho inspire as novas gerações.
“Estou muito agradecido por essa homenagem. Um líder comunitário não faz nada sozinho. Quando eu sonhava sozinho, o sonho não se concretizava. Mas aí eu comecei a sonhar com um grupo de pessoas”, afirmou Antônio Carboneiro. Ele contou a história de sua chegada na Vila dos Papeleiros e destacou as lutas da comunidade por moradia, por reciclagem e pelo direito dos carrinheiros ao trabalho: “Cada carrinheiro é um pequeno ambientalista, ele trabalha para nossa mãe Natureza”.
Também conhecido como Antônio Papeleiro, ele foi o fundador da Associação de Reciclagem Ecológica da Vila dos Papeleiros, na década de 1990. No âmbito do Orçamento Participativo, lutou pela regularização fundiária e pela urbanização da comunidade. É pai de 14 filhos e tem diversos netos.
“É uma honra receber um diploma como este, mas não é um trabalho que se faz sozinho. A gente provoca e o coletivo faz”, afirmou Baba Diba. Ele destacou que o combate ao racismo não é uma tarefa fácil e ressaltou o problema do racismo religioso: “Cada passo que a gente dá é de enfrentamento e de resistência”. O homenageado mencionou a eleição de bancadas como a da bala e afirmou que “nosso povo ainda está passando por um processo de amadurecimento político, ainda não temos a bancada do axé”. Disse que a enchente de maio teve cor: “foi o nosso povo quem ficou com os terreiros embaixo d’água”.
Valmir Ferreira Martins, tradicionalmente conhecido como Baba Diba de Iyemonja, é babalorixá da Comunidade do Terreiro Ilê Axé Iyemonja Omi Olodo, sendo da quarta geração. Foi fundador da Congregação em Defesa das Religiões Afro-brasileiras do estado do RS. É articulador do movimento contra a intolerância religiosa no estado e coordenador do Núcleo RS da Rede Nacional de Religião Afro e Saúde.
“Como educadora, quero deixar claro: o desmonte da educação não é descuido, é projeto”, ressaltou Helenir. Ela afirmou que o individualismo predomina na sociedade e disse que pessoas que têm uma atuação coletiva, como os homenageados, remam contra a maré. Também fez críticas a um projeto de lei aprovado nesta semana pela Câmara que estabelece orientações para o comportamento de professores.
Graduada em Letras pela Faculdade Dom Bosco, de Santa Rosa, Helenir é professora. Foi secretária de formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RS). No CPERS-Sindicato, foi diretora do núcleo de Sant’Ana do Livramento. Integrou a direção central do CPERS, entre 2001 e 2008, e, desde 2014, é presidente do sindicato.
A professora Tamara Oliveira, que representou a AEPPA na solenidade, defendeu a luta por humanização e o legado de Paulo Freire: “O nosso sonho de educação popular ainda é possível”. Ela abordou os projetos de formação da entidade e também destacou a trajetória de Cícero Almeida, educador social que atua na AEPPA. “Não nos reconhecemos mais como associação. Somos um movimento de educação popular”, disse, afirmando que todos são bem-vindos no movimento.
A Associação de Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA) teve origem em 1990, sendo formalizada em 2000. Seu principal objetivo é promover a formação inicial e continuada de educadoras e educadores populares que atuam tanto em contextos escolares quanto não escolares, especialmente nas periferias urbanas do Brasil. A entidade abrange educadoras e educadores que já estão envolvidos em políticas sociais, buscando fundamentar sua prática na perspectiva teórico-prática da educação popular freiriana.