Plenário

Câmara homenageia os 100 anos da Pedagogia Waldorf

  • Homenagem aos 100 anos da Filosofia Waldorf.
    Alunos da escola apresentaram músicas durante as manifestações no Plenário Otávio Rocha (Foto: Débora Ercolani/CMPA)
  • Homenagem aos 100 anos da Filosofia Waldorf.
    Gabriela Duran lembrou que a primeira escola com a pedagogia Waldorf foi a Arco Íris, na zona sul (Foto: Débora Ercolani/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre dedicou o período de Comunicações, durante a sessão ordinária desta quinta-feira (26/9), para homenagear os 100 anos de existência da Pedagogia Waldorf, criada pelo filósofo e cientista austríaco Rudolf Steiner (1861-1925). Proposta pelo vereador Eng Comassetto (PT), a homenagem teve a participação de professores e alunos da Escola Waldorf Querência, de Ensino Fundamental, sediada em Porto Alegre e que tem o lema "educação para a paz, a liberdade e a sustentabilidade". Durante as manifestações, vereadores e assistência puderam prestigiar apresentações musicais da orquestra e do coral da escola. 

Professora da Waldorf Querência, Ana Beatriz Weber salientou que, ao criar a pedagogia Waldorf, Steiner pretendia dar um impulso à arte de educar. "No entendimento dele, para que a humanidade pudesse evoluir, precisaríamos fazer educação criando seres humanos livres." Segundo ela, o diferencial da pedagogia Waldorf é o de construir cidadãos livres e autônomos. Neste método, um mesmo professor acompanha a criança durante oito anos do ensino fundamental, o que, segundo Ana Beatriz, permite ao professor conhecer cada criança. 

A professora explicou ainda que a pedagogia Waldorf leva em conta que, a cada sete anos (setênios), todos os seres humanos passam por transformações significativas. Segundo ela, as matérias não são postas para crianças aleatoriamente, pois todas têm um determinado sentido para cada aluno, tendo repercussão na biografia deles. "A escola procura influir em como o ser humano vai atuar na sociedade."

Arco Íris

A professora Gabriela Corseuil Duran, também docente da Waldorf Querência, salientou que a pedagogia Waldorf está presente em 21 estados brasileiros, sendo que a escola mas antiga está situada em São Paulo, fundado em 1956. No Rio Grande do Sul, segundo Gabriela, a primeira escola com pedagogia Waldorf foi a Arco Íris, situada na zona sul da Capital, surgindo depois a Waldorf Querência. Hoje já existem várias outras escolas do estado que praticam a pedagogia Waldorf.

Salientando que, neste método, a arte está integrada no currículo, Gabriela Duran observou que, entre os princípios e valores da pedagogia Waldorf estão a formação de seres humanos livres e capazes de, por si mesmo, encontrar propósitos para suas vidas. Segundo ela, a pedagogia Waldorf já foi reconhecida pela Unesco como modelo de educação, valorizando também a prioridade para o ser em detrimento do ter, a desaceleração do aprendizado, o prazer em aprender e o envolvimento da família e da comunidade. "É uma escola construída a várias mãos. Não usamos tecnologia em sala de aula com alunos. Queremos preservar a infância e olhar o ser humano como um todo."

Gabriela também destacou, como diretrizes da pedagogia Waldorf, a importância da utilização de materiais sustentáveis e a valorização do fazer "e daquilo que o ser humano é capaz de fazer com as próprias mãos", bem como a conexão com processos da natureza. "Pregamos respeito à liberdade da criança, que não é um sujeito passivo apenas para receber informações, mas é cheio de capacidades a serem desenvolvidas. Respeitamos o potencial de cada criança, com liberdade no pensamento, igualdade no sentimento e fraternidade no econômico."

Também estavam presente à homenagem o vice-presidente do Cpers, Edson Rodrigues Garcia, a representante da Adufrgs Sindical, Sonia Ogiba, o médico antroposófico Paulo Volkmann e o conselheiro do Orçamento Participativo do Extremo Sul Jorge Baldassari.

Vereadores

LIBERDADE - Engenheiro Comasseto (PT) lembrou que a pedagogia Waldorf foi desenvolvida no período pós-segunda guerra mundial com o objetivo de transformar o indivíduo através da educação. “A educação para a paz, para a liberdade e para a sustentabilidade cria seres humanos livres”, afirmou, citando que a pedagogia se espalhou pelo mundo e é reconhecida pela Unesco. Com relação à Escola Waldorf Querência, destacou ser uma escola diferente das demais privadas, pois não objetiva o lucro. Ele citou que a instituição é mantida por cerca de 150 famílias e outros amigos. “O resultado são seres que se integram na sociedade e que podem fazer a diferença”, afirmou. 

PROPÓSITO - Adeli Sell (PT) iniciou sua manifestação citando a frase de Rudolf Steiner, fundador da antroposofia e da pedagogia Waldorf, que diz que “a nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas”; e a afirmação de Paulo Freire de que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Para ele, assim como as frases se conectam, é preciso conectá-las à realidade e buscar uma educação libertadora. “Espero que com liberdade, democracia, sem preconceitos, a gente devolva os sonhos às crianças e aos jovens”, afirmou. 

CIDADANIA - Airto Ferronato (PSB) destacou a importância da educação para a promoção da cidadania.  “É a partir da formação da cidadania que se constroem esperanças para a humanidade e para nosso país”, afirmou. Em referência ao conselheiro do OP presente na Mesa, disse que “a participação popular e a escola - professor, servidor e alunos - é uma parceria que se soma. Nós tivemos agora à tarde a casa cheia de estudantes , que estavam aqui exercendo sua cidadania. É algo que também se soma à homenagem de hoje”, afirmou. Para ele, a Escola Waldorf Querência é uma “belíssima referência que temos na cidade”. 

EDUCAÇÃO - Luciano Marcantônio (PTB) parabenizou o vereador Comasseto “pela merecida homenagem”. Disse ter visitado a instituição em duas oportunidades e ter presenciado a alegria dos estudantes. Lembrando ser um brizolista, afirmou que o que o encantou em Leonel Brizola foi “a defesa da Educação como base de tudo”. Para Marcantônio, o Brasil gasta muito, mas ainda não acertou “um método que faça com que no país tenha uma política educacional que o transforme de fato numa nação”.

Texto

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)

Tópicos:Escola QuerênciaPedagogia Waldorf