Saúde

Câmara instala a Frente Parlamentar pela Psoríase

  • Abertura da Frente Parlamentar pela Psoríase e outras Doenças Crônicas de Pele.
    Dermatologista Aline Okita considera fundamental o acesso ao diagnóstico correto (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Vereador José Freitas na tribuna
    Vereador José Freitas (Republicanos) preside a Frente Parlamentar (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Com o objetivo de conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado aos pacientes, foi instalada nesta quinta-feira (9/9), na Câmara Municipal de Porto Alegre, a Frente Parlamentar pela Psoríase e Outras Doenças de Pele. A proposta foi apresentada de forma virtual à população pelo vereador José Freitas (Republicanos). Na oportunidade, o vereador salientou também algumas ações que já foram realizadas em prol dos pacientes com doenças de pele. “Nós temos trabalhado, em níveis municipal, estadual e federal, para fomentar políticas públicas para a prevenção e o diagnóstico preciso. Criamos a Lei Municipal 12.247, que institui a Rede de Atenção às Pessoas com Psoríase,  a criação da Semana de Combate ao Vitiligo, no dia 25 de junho, o Dia da Urticária Crônica Espontânea (UCE), no dia 1º de outubro, e o Dia da Conscientização sobre a Dermatite Atópica, no dia 23 de setembro.”

Gladis Lima, vice-presidente da Frente e presidente da ONG Psoriase Brasil, destacou que desde 2017 vem agregando pacientes e especialistas da área da saúde em ações de conscientização e na oferta de informações sobre a enfermidade. “As demandas são inúmeras quanto à doença, e isso tem um impacto enorme em suas vidas. Dos 20 anos que atuo nessa jornada, vejo o quanto as pessoas sofrem por não terem acesso ao tratamento.” Ela acredita que é fundamental que elas tenham qualidade de vida, pois a maioria vive em péssima condição, pois tem dificuldade de acesso a um dermatologista.

Diagnóstico e Tratamento

Aline Okita, dermatologista do Hospital Albert Einstein, explicou que é fundamental que se tenha acesso ao diagnóstico correto para que se inicie imediatamente o tratamento da psoríase e de doenças de pele crônicas. “Estamos trabalhando com maior facilidade de tratamento através de uma tecnologia de inteligência artificial. E, já no primeiro experimento, identificamos mais de 50 pacientes; deste total, 90% tinham doenças de pele muito graves. Muitos já pensavam em suicídio e tinham problemas familiares por não conseguirem acesso ao tratamento”, relatou a médica.

Segunda Aline, pacientes com psoríase têm grandes chances de enfartar e de ter complicações graves em vista da doença. E enfatizou que, hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) reconhece esse paciente para que se realize o tratamento adequado, algo que não acontecia há alguns anos. “Para facilitar ainda mais esse diagnóstico, criamos um QR Code que funciona com um questionário que o paciente acessa e responde dez perguntas conversando com uma inteligência artificial que avalia a gravidade da doença.” Posteriormente, ainda é agendada uma consulta gratuita para avaliação presencial de um profissional. A dermatologista aposta que essa é uma forma fácil de tratar principalmente aqueles que sofrem com doenças mais graves”, explica.

Prioridade

Conforme o médico Francisco Isaias, técnico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital, as doenças de pele terão seu espaço priorizado no âmbito municipal com a ampliação de políticas públicas. “Um grande eixo com a soma de esforços, tanto assistências quanto de saúde, estão sendo pensadas para esses pacientes. A psoríase é uma doença um tanto negligenciada. Temos 130 unidades de saúde, e nosso foco é capacitar as equipes de saúde da família com profissionais que trabalhem com o diagnóstico preciso até o tratamento. Essa é a nossa prioridade através de um esforço coletivo para trazer qualidade de vida à nossa população.”

Leonardo Machado Fontoura, assessor técnico da diretoria executiva do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), disse que o Hospital tem movimentos de prevenção muito qualificados sobre o aspecto de doenças de pele. E que o GHC se notabiliza por isso, como, por exemplo, tendo uma gerência de ensino e pesquisa e uma atividade efetiva na questão da prevenção. “Mas, infelizmente, com a pandemia deixamos um pouco de lado esse processo; porém, o nosso objetivo agora é retomar essas ações e agregar juntamente com a Frente Parlamentar. É fundamental a continuidade de ações preventivas, pois isso traz economia e qualidade de trabalho ao complexo hospitalar.”

A deputada estadual Fran Somensi (Republicanos) também falou da criação da Frente pela Psoríase no âmbito estadual. “Com o andamento da discussão sobre o tema, protocolamos um projeto onde o objetivo é criar uma política pública de segurança, pois existe um movimento de muita responsabilidade envolvido. Estamos falando de um diagnóstico precoce que é fundamental para se iniciar o tratamento. Essa é a principal necessidade das pessoas com doenças de pele, e isso vem ao encontro desse anseio da população.”

Dados

A psoríase é uma doença autoimune, inflamatória e não contagiosa da pele. O próprio sistema de defesa do corpo começa a atacar as células dermatológicas por algum motivo, causando lesões. Existem sete tipos de psoríase classificados de acordo com seu aspecto clínico. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontam que ela afeta 2 milhões de pessoas no país.

Clarissa Prati, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, convive com essa realidade diariamente. “Sofremos junto com esses pacientes que, muitas vezes, chegam ao nosso consultório sem nenhuma perspectiva de melhora. É necessário que, no posto de saúde, esse paciente seja encaminhado adequadamente e com maior facilidade para um diagnóstico preciso.” Rosimarie Mazzuco, também dermatologista, reforça que a psoríase é uma doença bastante comum. “Precisamos de uma rede capacitada de acompanhamento que comece desde a ponta, com a qualificação de profissionais que estejam preparados para receber esse tipo de paciente, do rápido diagnóstico e do acesso aos medicamentos.”

Texto

Priscila Bittencourte (reg. prof. 14806)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:doenças de peleFrente Parlamentarpsoríase