Plenário

Câmara propõe título póstumo para Lupicínio Rodrigues

O compositor, cantor e músico Foto: Divulgação
O compositor, cantor e músico Foto: Divulgação
Entrou em discussão, na Câmara Municipal de Porto Alegre, na sessão desta quarta-feira (3/9), o projeto de lei que concede o título de Cidadão Emérito da Capital in memoriam ao compositor e cantor Lupicínio Rodrigues (1914-1974). A distinção foi proposta pela Mesa Diretora da Casa, presidida pelo vereador Professor Garcia (PMDB), para destacar o legado do músico, que chegou a ser candidato a vereador, pelo antigo PR, em 1959, mas não se elegeu.

Na exposição de motivos do projeto, os integrantes da Mesa lembram que, nascido em 16 de setembro de 1914, no Bairro Ilhota, Lupicínio teve uma infância humilde. Seu pai quis que o menino aprendesse a ler e o mandou para a escola aos cinco anos de idade, mas acabou por entender que o filho era ainda muito pequeno. "O garoto se distraía cantando em sala de aula, motivo determinante para parar com os estudos e os retomar dois anos mais tarde."

Lupi, como era chamado, aos 12 anos fugia de casa para participar das rodas de música no bairro, e seu pai logo percebeu o talento para a composição musical. Onde ele participava com suas músicas, ganhava prêmios. Grande compositor, músico e intérprete, sua primeira marchinha foi Carnaval, que se sagrou campeã na festa de Momo e no Festival de Músicas de Carnaval da Cidade.

Carris, Ufrgs e Rio

Em 1930, o compositor trabalhou como aprendiz de mecânico na Carris. Um ano depois, foi o soldado nº 417 do 7º Batalhão de Caçadores da Capital, no qual cantava no grupo musical do quartel. Foi promovido a cabo, dando baixa em 1935, quando assumiu como bedel (inspetor de disciplina) na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Dois anos mais tarde, decidiu passar uma temporada no Rio de Janeiro, conhecendo a boemia da Lapa, onde conviveu com diversos artistas. 

Em 1947, aposentou-se da Faculdade de Direito por motivo de doença. Nesse mesmo período, foi proprietário de diversos bares, churrascarias e restaurantes com música. "Dizia que não queria ganhar dinheiro, mas sim ter um local para confraternização com os amigos e suas canções."

Apaixonado por futebol e torcedor do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, compôs o hino do tricolor, em 1953. Suas músicas expressavam grandes sentimentos, principalmente a melancolia por um amor perdido. Lupi foi quem popularizou a expressão “dor-de-cotovelo”, de quem lamenta uma desilusão amorosa. Entre as pelo menos duas centenas de canções compostas por ele, estão Felicidade, Cadeira Vazia, Esses Moços, Pobres Moços, Volta, Loucura, Nervos de Aço e Se Acaso Você Chegasse

O músico também foi fundador e representante da Sociedade Brasileira de Autores Compositores e Escritores de Música (Sbacem) no Rio Grande do Sul, por 28 anos. Faleceu em Porto Alegre, em 27 de agosto de 1974, cercado de admiradores. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São Miguel e Almas.

Texto e edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)