Cece debate as obras do Ginásio Tesourinha
Na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude da Câmara Municipal de Porto Alegre (Cece) desta terça-feira (9/4) foram debatidas questões a respeito das obras no Ginásio Municipal Osmar Fortes Barcellos, popularmente conhecido como Ginásio Tesourinha. A pauta foi proposta pelo vereador Jonas Reis (PT) e conduzida pelo presidente da Cece, vereador Conselheiro Marcelo (PSDB) e discutiu sobre a falta de vagas para alunos que já utilizavam o ginásio, o realocamento do quadro de professores e servidores públicos do Tesourinha e o cronograma de obras do local.
O Tesourinha fica localizado no bairro Menino Deus e passa por uma série de reformas estruturais internas que ocasionaram no realocamento das atividades oferecidas no local para outros prédios públicos municipais. Carla Zambiasi, arquiteta da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), explica que o projeto de reforma já tramita há anos na prefeitura e que foi repassada a verba de mais de R$ 1 milhão para reformas no prédio que já funciona há 30 anos.
De acordo com Zambiasi, houve problemas nas licitações de contratação para a realização das obras, que totalizaram mais de R$ 8 milhões, por conta de problemas de infraestrutura, falta de acessibilidade e Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), sendo necessário dividir a obra geral do local em etapas.
A primeira etapa da reforma, que já acontece, teve seu prazo adiado por conta dos temporais que atingiram a região e as atividades locais, que aconteciam simultaneamente nos espaços adaptados do ginásio, foram totalmente realocadas para outros espaços no município. Na situação, a secretaria recebeu o valor de R$ 360 mil por meio do sistema de emergências do governo federal, o que acarretou na demora de entrega da obra, “O recurso não é todo do governo federal, mas como tem uma parte dele que é, o processo é bastante burocrático”, reforçou a arquiteta.
A segunda etapa da reforma, no valor de R$ 5,5 milhões, se encontra em fase de licitação por edital e o planejamento da secretaria é de que se inicie antes do término da primeira, com o prazo de 18 meses para conclusão. Pedro Müller, engenheiro da Smelj, explicou que o plano é que a partir desta etapa, sejam retomadas as atividades na clínica do ginásio.
A comunidade usuária do espaço poliesportivo, que esteve presente na reunião, se manifestou indignada com a falta de diálogo por parte dos órgãos municipais gestores: Smelj, Secretaria Municipal da Educação (Smed) e Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi).
Marcia Fernanda Martins, que frequentava o espaço, afirmou que diversas das atividades oferecidas no Tesourinha foram deslocadas para bairros distantes, dificultando o acesso e que muitos dos usuários do ginásio acabaram perdendo suas vagas nas atividades esportivas e recreativas, oferecidas gratuitamente. “Os horários são inviáveis. A gente gostaria de saber por que não houve um planejamento, por que a comunidade não foi ouvida, por que ficamos sabendo através de uma postagem de um professor”, afirmou Martins.
Jairo Santos Vieira, professor aposentado, relatou que utilizava o espaço para fazer atividades físicas recomendadas pelo seu médico e que foi surpreendido no início do ano letivo quando o ginásio foi interditado. “Terminado o ano letivo, começa o ano com um aviso de que não tem mais o ginásio para nós utilizarmos, aí a gente vai para as outras escolas e não tem vaga. A população é a menos avisada, é um absurdo isso. A gente vê cada vez mais a administração pública querendo atacar a população”.
Outros representantes da comunidade ressaltaram o problema de gestão ao realocar as atividades, questionaram a falta de funcionários nas obras e a diminuição no quadro de professores no Tesourinha. “Estão usando como justificativa o temporal. Discordo porque a gente circula por lá e foi só uma telha, tem recurso para isso, mas acho que tá faltando um pouco de boa vontade. Tenho relato de pessoas que, se não chegam em determinado horário, não têm espaço nas salas, sempre ficam pessoas fora da sala”, enfatizou Débora de Souza e Silva, que faz parte do grupo de alunos do ginásio. A comunidade também organizou um ato chamado de Abraço ao Tesourinha, que deve ocorrer ao redor do ginásio nesta quarta-feira (10/4), às 18h.
Encaminhamentos
Fernando Dourado, professor de Educação Física pela Smelj, reforçou que houve um planejamento para manter as atividades do local em funcionamento, mas que não foi possível devido às condições estruturais do prédio. “O Tesourinha recebe um público de toda cidade e muitas pessoas vinham de longe para fazer as atividades. Se fez uma conversa com os professores, pensando nessa logística. A gente fez o remanejo dos professores, divulgamos as atividades nas redes sociais da Secretaria e as atividades estão sendo oferecidas nos locais que possam atender melhor a demanda de cada um”.
Sobre o quadro de professores, o servidor afirmou que muitos foram professores que se aposentaram ou que pediram a exoneração do cargo, cabendo à Smelj remanejar professores para ocuparem esses cargos em aberto, já que não foram feitas novas convocações de professores pelo município para suprir a demanda, que seria de responsabilidade da Smed.
Os vereadores e a comunidade presentes na reunião concordaram que a questão principal a ser abordada trata-se da má gestão por parte das secretarias, que não enviaram representantes que pudessem abordar as questões levantadas, apenas os servidores técnicos das obras.
Em conjunto, foram propostos um referencial técnico por parte das secretarias, a realocação obrigatória das pessoas que utilizavam os serviços do Tesourinha e ficaram sem vagas e o uso de prédios e/ou salas ociosas perto da região central da Capital para receber essas atividades.
Jonas Reis também propôs a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para abordar essas questões junto à Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS) e à Smed, além de encaminhar um ofício assinado por todos os vereadores da Casa para as pastas, em busca de solucionar os levantamentos da comunidade.