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Cece discute ações para prevenir violência nas escolas

Reunião da Cece. Pauta: Paz nas escolas.
Felipe Severo, da União dos Estudantes, disse que escolas precisam atrair os jovens com esporte e cultura (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Comissão de Educação e Cultura (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre ouviu hoje (24/10) representantes da Prefeitura e estudantes na reunião que tratou da prevenção da violência no ambiente escolar. O encontro foi sugerido e conduzido pelo vereador Giovani Culau (PCdoB).

Representante da Secretaria Municipal de Educação (Smed), a professora Célia dos Santos elencou as ações que a pasta promove no sentido de prevenir a violência no ambiente escolar. Destacou a implantação da Comissão de Prevenção a Acidente e Violência na Escola (Cipave) nas 98 escolas municipais, como forma de prevenir a entrada de armas no ambiente escolar. Em relação ao lado de fora das escolas, reconheceu que a violência causada pelo crime organizado acaba por causar o fechamento dos estabelecimentos. Observou, porém, que a orientação é que a decisão de fechar a escola seja não apenas da direção, mas de toda a comunidade escolar, incluindo as famílias dos alunos. "Acreditamos que a escola ainda é o local mais seguro para as crianças."

A Secretaria Municipal de Segurança também apresentarou as ações promovidas para garantir a segurança de alunos e servidores das escolas. O secretário-adjunto de Segurança, Gelson Guarda, disse que o maior problema hoje é o ir e vir. "Dentro das escolas não temos incidência de violência, exceto casos isolados de bullying." Fora das escolas, acrescentou, a violência é causada pelas drogas e por uma legislação inadequada, que não pune com rigor os traficantes.

Os estudantes foram representados pelo presidente da União Brasileira dos Estudantes (UBES), Felipe Severo, que fez uma análise social do problema. "Como perdemos esta juventude para o tráfico?" Para ele, a reposta está na falta de oportunidades no mercado de trabalho e no distanciamento que existe entre a escola e a comunidade. "É preciso trazer os jovens para a escola, com projetos de esporte, lazer e cultura. Vamos fazer um sábado letivo diferente, sem palestras, com esportes e música, por exemplo, reunindo não só os alunos mas as suas famílias também."

Vereadores

O presidente da Cece, vereador Mauro Pinheiro (PL), disse que a violência no entorno das escolas existe e que é preciso combatê-la. Mas ponderou que é necessário ampliar as oportunidades aos jovens, para que não acabem "trabalhando" para o tráfico. "Não é por acaso que as regiões mais violentas da cidade são aquelas que têm o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)", observou. Giovane Byl (PTB) concordou que a falta de oportunidades é o grande problema enfrentado pelos jovens das regiões periféricas da cidade, o que, segundo ele, acaba levando muitos para a criminalidade.

Culau destacou que quando uma escola fecha por causa da violência ou quando um estudante morre baleado é porque a sociedade falhou. "Um jovem negro morre a cada 23 minutos no Brasil", lembrou. Como sugestão, o vereador pediu que a Smed promova ações específicas para recuperação de aprendizagem para alunos de escolas que fecham com frequência por causa da violência. Propôs, ainda, que a EPTC faça adequações em linhas e horários de ônibus que atendem as regiões conflagradas pela violência, para que os estudantes fiquem o menor tempo possível nas paradas à espera de transporte após as aulas.

Texto

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)