CECE discute utilização da pista de skate da orla do Guaíba por ciclistas
Na manhã desta terça-feira (06/12), a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (CECE) realizou reunião para discutir a utilização da pista de skate da orla do Guaíba por ciclistas. O presidente da Comissão, vereador Roberto Robaina (PSOL), fez a abertura dos trabalhos e logo passou a palavra ao proponente da pauta, vereador Pedro Ruas (PSOL).
Conforme o proponente, essa é uma demanda sua e do vereador Leonel Radde (PT), que tem um projeto de lei para autorizar os ciclistas a utilizarem a pista de skate. Ruas contextualizou que a motivação para a reunião foram as agressões recentes sofridas por ciclistas pela Guarda Municipal na pista de skate da orla. “A violência não é aceitável em nenhum momento, em nenhuma situação, para nenhuma circunstância”, declarou o parlamentar. Ele sugeriu como solução provisória que cada grupo de esportistas use a pista em um horário, até que um novo equipamento seja entregue.
O ciclista Fabiano Luiz Garcia ponderou que sempre houve conflito entre os praticantes de skate e de ciclismo e que, nos últimos anos, principalmente, o skate se tornou um esporte muito popular, porém a obra é feita com dinheiro público, de modo que os praticantes de outros esportes não deveriam ser impedidos de utilizá-la. “O edital de manutenção da pista diz que o skate estraga mais do que a bike. Não é eu que tô dizendo, é a própria Prefeitura, tá lá no edital, dentro do site da Prefeitura, da adoção da pista. Agora, depois de ter adotado, eu acho que as empresas que adotaram não têm autonomia de dizer quem pode e quem não pode andar”, contestou.
O secretário-adjunto de Esporte, Lazer e Juventude, Nelson Beron, definiu a situação como um conflito de diálogo entre os grupos de ciclistas e skatistas. Sobre a questão especifica da pista de skate, afirmou que será construído um equipamento no Parque Marinha para atender aos praticantes de BMX – modalidade de ciclismo. “Hoje nos impede de aceitar, de receber as bikes ali, pelos danos que sim, causam à pista. E isso traz um outro dano social e econômico também pra cidade. Hoje nós estamos pra receber torneios internacionais de skate, campeonatos internacionais de skate, onde a gente tem que cumprir, como Prefeitura, como Secretaria de Esporte, as normas técnicas, tem que respeitar e nós estamos fazendo isso”, explicou.
Com relação ao episódio de agressão aos ciclistas, o secretário-adjunto de Segurança, Comissário Zottis, se mostrou contrário àquele ato de violência, mas, por outro lado, pediu respeito aos agentes da Guarda Municipal. “Se a regra não pode, não pode. Não dá pra também o ciclista tá ali na pista e também chamar o agente público de ‘guardinha’. Nós temos que ter respeito. Da mesma forma que vocês querem respeito, a Guarda também quer respeito, eles não são um ‘guardinha’. Eles são um guarda municipal que tá ali não só pra cuidar da orla, mas também da nossa cidade”, apontou.
O engenheiro civil e atleta de BMX e scooter, Diego Foschiera, afirmou que em outros locais do mundo em que já competiu todos esses esportes são praticados em pistas de skate, e que ter horário diferenciado para as modalidades é a solução mais viável no momento. “Quanto a parte da engenharia, não existe norma técnica de pista de skate, não no Brasil pelo menos. Os danos, a gente provou na outra reunião que foram causados antes da inauguração e quem teve acesso foi somente o skate, então não foi a bike, não é justo tirar o BMX por uma coisa que não é verdade. Não é justo ter um decreto que nos impede de andar por um laudo que foi assinado por um educador físico, não foi por um arquiteto, não foi por um engenheiro”, criticou.
Como encaminhamento, o presidente da CECE sugeriu que o vereador Radde, com base em seu projeto, faça uma nova reunião com os ciclistas, os skatistas, o governo municipal, e os membros da Comissão que se interessarem. Também reforçou a ideia de que não se tenha repressão por parte da Guarda Municipal na pista de skate. “Não é possível que casos de esporte virem casos de polícia e de agressão; e de violência, e de patologia”, disse Robaina. “A gente não teria como avançar mais justamente porque os skatistas não estão aqui. Os skatistas têm que participar”, concluiu o vereador se comprometendo em convidar diretamente os skatistas para a próxima reunião.