Cece visita a EMEF de educação integral Neusa Goulart Brizola
A Comissão de Cultura, Educação e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre foi até a Escola Municipal de Ensino Fundamental Neusa Goulart Brizola, na Cavalhada, na tarde desta quinta-feira (5/3), para debater a terceirização do ensino integral na instituição. Pioneira na implementação da modalidade – ao lado da Escola Municipal João Goulart -, a EMEF Neusa Goulart Brizola atende desde 2011 os alunos dos dois turnos de aula com professores da rede municipal. No entanto, conforme a diretora Cristiane Goulart, a comunidade escolar foi surpreendida por um ofício da Secretaria Municipal de Educação (Smed) desconsiderando o planejamento para a educação integral e determinando que os professores – hoje com 40 horas semanais exclusivas na instituição – passassem a dar aula no local apenas no turno da manhã, sendo substituídos à tarde por parceiros que ministrarão oficinas.
De acordo com a diretora, a Secretaria alega que a escola não atingiu os índices de qualidade desejados, mas a instituição aumentou significativamente sua nota no Ideb desde a implementação da educação integral, subindo da penúltima posição entre as escolas da rede municipal para as primeiras colocações. Já no programa Mais Educação, os índices são superiores ao da média da rede. O número de alunos matriculados também aumentou e hoje passa de 400. Cristiane criticou a falta de diálogo, pois, conforme ela, em nenhum momento a Smed procurou a escola para conversar sobre a continuidade ou não da modalidade, assim como nunca ofereceu formação específica para os professores, a qual sempre foi promovida pela própria unidade de ensino.
Diversas professoras se manifestaram para falar sobre os projetos desenvolvidos na educação integral, como grupos de música,clube de filosofia, produção de livros em parceria com a Ufrgs. Elas lamentaram a ausência do secretário Adriano Naves de Brito na reunião e condenaram a fala do titular da Smed de que o turno inverso seja destinado a entretenimento, destacando que ele funciona como uma sequência pedagógica para a continuidade do ensino. Por esse motivo, segundo as educadoras, é fundamental que um professor-referência permaneça nos dois turnos.
A ex-aluna do Neusa Goulart e hoje professora formada pela Ufrgs Alice da Silva defendeu a permanência das professoras do ensino integral. “Quero que outras crianças tenham a oportunidade que eu tive aqui. Mais tempo na escola também significa manter as crianças e os jovens longe da criminalidade e das drogas”, afirmou. “Essa luta é nossa, esses professores são nossos”, completou Ana Paula Oliveira, mãe de aluna.
Vereadores
O presidente da Cece, vereador Alvoni Medina (Republicanos), disse que a Comissão estará sempre apoiando a educação e que trabalhará para que o turno integral não feche. “Parece que o secretário não quer cuidar da educação, não quer cuidar do futuro da nossa cidade”, lamentou.
Para o vereador Professor Alex Fraga (PSol), o titular da Smed tem tido a prática de degradação das relações, não dialogando e tentando desqualificar os professores. “Usa índices para dizer que a educação não está bem, mas não valoriza os casos de sucesso”, acrescentou.
Já o vereador Cassiá Carpes (PP) sugeriu a realização de um encontro da Comissão com o secretário da Educação e representantes da escola, além da organização de um abaixo-assinado com todos os vereadores em defesa do ensino integral na escola. “A educação não tem partido”, afirmou.
Presenças
Ainda estiveram presentes na reunião a conselheira tutelar Cristiane Rivero, a diretora de Combate à Opressão do Simpa, Roselia Sibemberg, e representantes da Atempa.