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Cedecondh aborda problemas na água da zona Norte

  • 3ª reunião ordinária - Pauta: O DMAE e a constante falta de água na cidade.
    Reunião ocorreu no CTG Vaqueanos da Tradição, no bairro Humaitá (Foto: Júlia Urias/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
  • 3ª reunião ordinária - Pauta: O DMAE e a constante falta de água na cidade.
    Vereador Pedro Ruas (ao centro) foi o proponente da pauta (Foto: Júlia Urias/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

A Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu nesta terça-feira (18/2) para discutir o tema "O Dmae e a constante falta de água na cidade". A pauta foi proposta pelo vereador Pedro Ruas (PSOL) e abordou problemas no fornecimento e na qualidade da água de localidades da zona Norte da Capital, como os bairros Humaitá e Farrapos. O encontro foi conduzido pelo vereador Erick Dênil (PCdoB), presidente da Cedecondh.

Douglas Filgueiras, representante da Associação do Voluntariado e da Solidariedade, relatou a situação dos moradores da região, que sofrem tanto com o desabastecimento quanto com o fornecimento de água de baixa qualidade, o que tem provocado adoecimento em diversas famílias: "Depois da enchente, quem caminha por aqui percebe uma triste realidade na comunidade. Muitas famílias têm apresentado um quadro grave de virose, em decorrência da péssima qualidade da água". Cobrou providências e respostas sobre as obras de infraestrutura que estão pendentes na região, o que coloca os moradores em risco constante.

Laiana Rodrigues, líder comunitária, falou sobre a falta de recolhimento de lixo e os problemas de qualidade de água: "A água tem gosto, tem cheiro, tem tudo o que as pessoas imaginam. Se beber a água da torneira, as pessoas vão direto para o banheiro". Também disse que há infestação de ratos e baratas, o que tem tornado a vida insustentável no local: "Se chove, não podemos sair de casa, porque colocamos o pé direto no esgoto. Alaga sempre!".

Maria Elise Borges da Rosa, líder da comunidade Liberdade, respondeu às pessoas que responsabilizam os moradores e os catadores de lixo do 4º Distrito pela poluição da região. "Dizem que não temos educação ambiental, mas quem está defendendo água, planta, saúde, são os recicladores. É uma vergonha falar que a água está suja sem ter respeito por cada reciclador que separa o lixo. Quem não tem respeito por nós são os de cima".

Victor Hugo Madureira, gerente do Dmae, informou que há poucos protocolos de reclamação sobre falta de água e problemas de qualidade, ainda que reconheça as demandas reportadas pela comunidade. "A gente sabe que os problemas são maiores que isso, mas pedimos para que vocês façam os protocolos para a gente poder analisar". Reiterou que o órgão está respondendo a todos os pedidos que recebe e fazendo as manutenções necessárias, e que, caso seja necessário, deve aplicar mais produtos para melhorar a qualidade da água. "A gente vai nos endereços, faz a coleta... Sabemos que é um problema que está acontecendo no bairro. A princípio, a análise que temos é que, apesar do cheiro e do gosto, a água não é prejudicial à saúde".

Ni Vargas, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, contestou a proposta de contatar a Prefeitura dada pelo representante do Dmae, pois, segundo ela, não se trata de apenas relatar os problemas, já que a situação é de conhecimento do órgão há muito tempo e o problema ainda não foi resolvido: "Isso é uma situação grave e de violação dos direitos humanos".

Carla Schmidt, representante da Secretaria Municipal da Inclusão e Desenvolvimento Humano, ressaltou a disponibilidade e disposição da secretaria para se empenhar na resolução dos problemas abordados pela comunidade: "Água é um tema essencial, e a secretaria está à disposição". Bruno Mattos, secretário-geral da União das Associações de Moradores de Porto Alegre, criticou o que tratou como falta de respostas da Prefeitura durante a reunião e cobrou uma articulação entre o Dmae, Demhab, Secretaria de Saúde e comunidade para chegar a uma solução imediata para garantir o direito à água: "É sobre o direito de um trabalhador poder chegar em casa e tomar um copo de água, de tomar um banho. É uma nítida violação dos direitos humanos".

Texto

Theo Pagot (estagiário de Jornalismo)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)