Cedecondh

Associação de recicladores quer novo local para trabalhar

Catadores reclamaram da prefeitura Foto: Kaiser Konrad
Catadores reclamaram da prefeitura Foto: Kaiser Konrad


A transferência da Associação Novo Cidadão, criada em 2005, composta por moradores de rua que se organizaram e passaram a viver com a renda do lixo, gerou discussões acirradas, nesta terça-feira (9/5), na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) da Câmara Municipal. De acordo com os catadores, a atual gestão da Prefeitura está impedindo que os ex-moradores de rua exerçam sua profissão. José Matias, principal responsável pela Novo Cidadão, afirmou que além dos catadores serem proibidos de trabalhar, tiveram seus materiais (uma prensa, carrinho para transportar papel, camisetas e colchões) apreendidos pelo Município.

Miguel Montanha, presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e ex-integrante do Fome Zero-Porto Alegre, atacou a administração do prefeito José Fogaça, dizendo que há retaliação por parte do Município. “Nós deveríamos nos envergonhar de tirar o pão da boca de pessoas como o José Matias, pobres, moradores de rua, na maioria delas negras.” Ressaltou ainda que os 34 núcleos do Fome Zero da Capital sentiram a mudança de gestão. “A atual gestão não apóia nenhuma iniciativa que tenha sido criada no governo passado”, alfinetou.

A vereadora  Maria Celeste (PT) questionou o trabalho da atual administração em relação aos moradores de rua. “Temos recebido denúncias de que estão fazendo uma verdadeira higienização de alguns locais da cidade, e é o que parece estar acontecendo com esta Associação Novo Centro, que foi retirada do viaduto da Conceição”.

O secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães, defendeu o governo municipal. Ele reiterou os esforços que a atual administração está fazendo para aumentar a produtividade dos catadores na Capital. “Hoje, cerca de 150 toneladas de lixo deixam de ser recicladas em Porto Alegre e vão para outros municípios. Queremos que esta matéria fique na Capital e que mais pessoas possam retirar seu sustento, a partir da reciclagem”, explicou. Magalhães considerou um absurdo a acusação de que a Prefeitura está “higienizando” o centro da capital. “Não se trata disso, estamos adequando os locais às atividades, porque recebemos inúmeras reclamações de moradores e de comerciantes da Alberto Bins de que o local era impróprio para abrigar uma associação de recicladores de lixo.

A reunião foi presidida pelo vereador Carlos Todeschini (PT) e contou com a participação de Cassiá Carpes (PTB), Ervino Besson (PDT), Margarete Moraes e Maria Celeste (PT) e Raul Carrion (PCdoB). Ficou decidido que uma comissão irá visitar os locais onde a Associação de Catadores Novo Cidadão iniciou seu trabalho, no Viaduto da Conceição, e nos locais para onde foi sugerida sua transferência, próximo à Capatazia do DMLU da Usina do Gasômetro, no Viaduto da Castelo Branco e na Associação dos Recicladores da Vila dos Papeleiros (Arevipa).

Imprensa da CMPA