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Cefor avalia metas fiscais da prefeitura no 2º quadrimestre

  • Comissão promove Audiência Pública de Metas Fiscais do 2º quadrimestre de 2019 e, em 2ª pauta, a apresentação do Relatório de Prestação de Contas das Atividades de Controle Social do Observatório Social de Porto Alegre referente ao 2º quadrimestre de 2019.
    Leonardo Busatto (d) apresentou dados do Orçamento municipal e destacou o cumprimento das metas fiscais (Foto: Leonardo Cardoso/CMPA)
  • Comissão promove Audiência Pública de Metas Fiscais do 2º quadrimestre de 2019 e, em 2ª pauta, a apresentação do Relatório de Prestação de Contas das Atividades de Controle Social do Observatório Social de Porto Alegre referente ao 2º quadrimestre de 2019.
    Rosa Chieza (d) alertou que demonstrativo da renúncia de receitas costuma ser negligenciado pelos gestores (Foto: Leonardo Cardoso/CMPA)

Com plateia lotada, a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, nesta terça-feira (17/9), Audiência Pública para demonstração e avaliação do cumprimento das Metas Fiscais do 2º quadrimestre de 2019, exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A Cefor também sediou durante o encontro a apresentação do relatório de prestação de contas das atividades de controle do Observatório Social do Brasil - Porto Alegre (OSBPOA) referente ao mesmo período. 

Metas Fiscais

O secretário municipal da Fazenda, Leonardo Busatto, apresentou os dados relativos ao Orçamento Municipal e destacou o cumprimento das metas fiscais. O resultado nominal, que corresponde à variação da dívida consolidada líquida, foi de R$ 362,7 milhões. O resultado positivo representa uma diminuição da dívida consolidada líquida. Em relação ao mesmo período de 2018, houve variação de 23,9%. Já o resultado primário - diferença entre as receitas primárias realizadas e as despesas primárias pagas somadas com os restos a pagar pagos – foi de R$ 239,8 milhões, uma variação negativa de 0,6% em relação a 2018.

O titular da Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) também apresentou o resultado orçamentário do 2º quadrimestre e sua divisão por órgãos do Poder Executivo Municipal. Houve aumento das receitas realizadas (1,9%) e das despesas empenhadas (0,5%) e redução das despesas liquidadas (-2,5%) em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, conforme destacou Busatto, em relação a 2017, houve economia superior a R$ 200 milhões nas despesas empenhadas. 

No demonstrativo de receitas e despesas por categoria, o secretário frisou que, no geral, há melhoria “tanto pelo aumento da receita quanto pela diminuição da despesa com relação a 2018 e 2017”. Houve crescimento de 1,9% da receita total, que somou R$ 4,39 bilhões, tendo como maiores componentes o ISS (R$ 695,6 milhões), os repasses do SUS (R$ 501,3 milhões), receitas de serviços (R$ 450 milhões) e os repasses do ICMS (R$ 442,5 milhões).

Busatto destacou que o aumento de 3,6% de arrecadação de ISS em momento de crise econômica é fruto do trabalho de fiscalização dos auditores fiscais do Município. No entanto, disse que esse esforço acabou sendo diluído para compensar a queda no ICMS (-5,2%) repassado pelo Estado.

Além do ISS, a receita própria cresceu com a variação positiva do IPTU (4,6%), que arrecadou R$ 389,2 milhões, e do ITBI (3,4%), que arrecadou 168,4 milhões. O total de impostos municipais recolhidos no 2º quadrimestre foi de R$ 1,253 bilhão, valor que representa 28,5% da receita total.

O secretário ainda detalhou as despesas de custeio, onde verifica-se redução no gasto com pessoal e encargos sociais (-3,8%), amortização da dívida (-23,8%), inversões financeiras (-34,8%) e despesas intraorçamentárias (-9,8%). A rubrica Outras Despesas Correntes teve crescimento de 8,8%, tendo os maiores valores destinados às áreas de Saúde (R$ 692,3 milhões), Saneamento (R$ 367,9 milhões), Educação (R$ 192,7 milhões), Administração (R$ 143,8 milhões) e Assistência Social (R$ 142,9 milhões).

Manifestações

Fernando Schunck, presidente da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre (Aiamu), chamou a atenção para dois projetos de lei do Executivo que tramitam na Câmara Municipal e que podem prejudicar o trabalho da categoria para o incremento da receita. Conforme Schunck, as propostas diminuem a remuneração dos auditores e retiram da competência da SMF as metas com gratificação, ações que podem reduzir a atuação da Receita Municipal.

Já a professora de Economia da Ufrgs Rosa Ângela Chieza, que acompanhou grupo de cerca de 15 estudantes universitários e de pós-graduação durante a Audiência Pública, questionou qual seria o papel do poder público, “se apenas fechar contas”, ou também investir para diminuir as desigualdades. A economista ainda destacou que o demonstrativo da renúncia de receitas, previsto na LRF, costuma ser negligenciado pelos gestores públicos. Conforme ela, pode-se conceder isenções fiscais desde que as mesmas não afetem o equilíbrio fiscal ou sejam compensadas com outras receitas. De acordo com o titular da SMF, o demonstrativo ainda não foi providenciado por problemas internos de gestão, mas que há intenção em fazê-lo. 

Para o vereador Airto Ferronato (PSB), presidente da Cefor, o sigilo fiscal beneficia empresas que recebem milhões em isenção dos governos e que, muitas vezes, não trazem retorno na mesma proporção para a sociedade. Para ele, todas as receitas e gastos públicos precisam ser publicizados.

Observatório Social

Associação da Sociedade Civil Organizada para o monitoramento dos gastos público presente em 150 municípios brasileiros, o Observatório Social foi apresentado pelo seu presidente municipal, Fábio Dondoni Júnior. A entidade contou, no segundo quadrimestre de 2019, com 467 horas de trabalho de 33 voluntários, entre estudantes, profissionais de diferentes áreas e aposentados.  Na sequência, Bruno Morassutti, vice-presidente do Observatório, apresentou levantamentos realizados no período, como a economia do Município nas compras públicas. Também destacou o Sistema de Gestão de Parcerias, inaugurado pela prefeitura, que é “alvo de intensa fiscalização do Observatório Social”. 

A concessão de benefícios fiscais também foi apontada pelo representante do OSBPOA, que informou receber informações desencontradas sobre o assunto através do Sistema de Informações ao Cidadão (e-SIC). Conforme ele, a entidade inclusive apresentou sugestão para que as respostas a pedidos de informação anteriores fiquem disponíveis a todos usuários que acessarem o sistema. O Observatório também alertou para o fato de 103 atos normativos (leis e decretos) não terem sido localizados nem no site, nem no Diário Oficial do Município.

Os representantes do OSBPOA ainda apresentaram o monitoramento que realizaram sobre a atividade legislativa e os gastos da Câmara Municipal. Por fim, destacaram o projeto Observador Mirim, realizado em parceria com a Fundação Social Sicredi, destinado a estudantes do quarto e do quinto ano do ensino fundamental. 

Presenças

A reunião da Cefor também contou com a participação dos vereadores Felipe Camozzato (Novo), João Carlos Nedel (PP), Idenir Cecchim (MDB) e Mauro Pinheiro (Rede), além da secretária municipal da Transparência e Controladoria, Luciane Rache, do contador geral adjunto da prefeitura, Cleber Danelon, e do diretor do Sindifisco-RS Diego Silveira.

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:Rosa Ângela ChiezaOSBPOAObservatório Social2º quadrimestremetas fiscais