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Cosmam aborda impactos da enchente na saúde mental da população

COSMAM
Reunião da Cosmam ocorreu de forma virtual

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu nesta terça-feira (18/6) os impactos das enchentes na saúde mental da população. A proponente da pauta, Psicóloga Tanise Sabino (MDB), ressaltou a importância do assunto e do trabalho do poder público no auxílio das vítimas: “Essa experiência das enchentes pode ser muito assustadora e, para muitos, traumática. A incerteza e o medo do futuro combinados com esse choque e o luto criam um terreno fértil para o desenvolvimento de problemas de saúde mental. E pessoas que já tinham podem sentir de forma mais grave”.

O psicólogo e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE) da PUCRS, Christian Haag Kristensen, destacou dados preliminares em um panorama de médio a longo prazo após as cheias. “Estamos vivendo uma situação extrema ligada ao clima que gera dois grandes impactos, um ligado aos estressores primários: nessa fase aguda, é a pessoa que foi resgatada da casa e deixou o seu lar. O segundo grande impacto são os estressores secundários: para alguns que ainda não retornaram aos seus lares e estão lidando com questões objetivas, o impacto do ponto de vista emocional vai ser mais sentido daqui a pouco”, explicou.

O conselheiro secretário do Conselho Regional de Psicologia do RS, Luis Henrique da Silva Souza, explicou as ações da instituição para orientar e fiscalizar os profissionais nas abordagens de acolhimento das vítimas. “Fazemos rodas de orientação semanais, onde nossas psicólogas fiscais orientam os profissionais que tenham alguma dúvida sobre como agir ou tenham algum receio”, esclareceu. O conselho também promove seminários temáticos semanais com especialistas em diferentes áreas relacionadas a desastres e saúde mental.

A vice-diretora do Sindicato dos Psicólogos do Rio Grande do Sul, Bárbara Maciel, destacou a importância dos voluntários nesse período, mas ressaltou a necessidade da transição do voluntariado para o fortalecimento e expansão das políticas públicas em saúde mental. “Pensar em profissionais locais, na divulgação onde as pessoas podem ter esse acesso. Pessoas que não têm condições de pagar por um acompanhamento psicológico e necessitam desse apoio. Mas onde essas pessoas vão buscar esse atendimento?”, questionou.

O diretor-geral e coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do RS (Simers), Fernando Uberti, alertou para a necessidade do apoio do governo na capacitação de profissionais para atuar a longo prazo e de ampliar as redes de assistência psiquiátrica em níveis complementares, com o intuito de reforçar a atuação na identificação e prevenção de riscos na atenção básica. “É fundamental que os gestores públicos entendam a urgência da ampliação, expansão e qualificação dos níveis da rede de assistência psiquiátrica em saúde mental na cidade de Porto Alegre”, afirmou. 

Nos encaminhamentos, ficou estabelecida uma reunião da Frente Parlamentar em Promoção de Saúde Mental para continuar a discussão e o desenvolvimento de políticas públicas na área. Também foi mencionada a necessidade de chamamento de servidores especializados para ampliar o atendimento à população nas Unidades de Saúde Básica do município.

Texto

Laura Paim da Silva (estagiária de Jornalismo)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)