Cosmam aborda uso de protonterapia contra o câncer
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre abordou em reunião nesta terça-feira (3) o uso da protonterapia no tratamento do câncer. A reunião foi proposta pela vereadora Mônica Leal (PP) e conduzida pela presidente da comissão, vereadora Lourdes Sprenger (MDB).
Mônica explicou que a protonterapia permite um tratamento mais localizado e sem impacto para a região em torno do tumor. A vereadora afirmou que a tecnologia “ainda é desconhecida para o público geral, e, muitas vezes, até para quem é da área da saúde” e “pode mudar a vida para quem está no tratamento” da doença. Ela relembrou o seu próprio tratamento contra o câncer de mama, destacou a importância da rapidez no combate à doença e ressaltou que a perspectiva para pessoas com câncer melhorou por conta dos avanços científicos.
O médico Wilson de Almeida Júnior, representante da Sociedade Brasileira de Radioterapia, explicou que o tratamento do câncer com radiação é feito normalmente por meio de fótons. O uso de prótons permite programar a profundidade com que a partícula irá ionizar a matéria, o que resulta em tratamentos efetivos, com menos dose espalhada e com menos efeitos colaterais, esclareceu.
A diminuição de sequelas é especialmente importante no tratamento de crianças, que ainda estão em desenvolvimento: “Os benefícios para a sociedade ao longo da vida produtiva da pessoa são incalculáveis”, afirmou o radioncologista. Ele destacou que não há contraindicações para o uso da tecnologia e que o único aspecto negativo é o custo mais elevado: “As tecnologias avançam, temos resultados melhores, mas esbarramos nos custos”.
Atualmente, a protonterapia ainda não está disponível no Brasil. Almeida ressaltou que pessoas que quiserem fazer uso dessa tecnologia devem buscar tratamento em outros países – provavelmente nos Estados Unidos, pois na Europa a maior parte dos tratamentos é na rede pública, ressaltou. Ele defendeu que há “uma janela de oportunidade no RS para sermos pioneiros nesse assunto”.
O custo estimado total de um centro de protonterapia gira em torno de 50 milhões de dólares, afirmou Almeida. Ele relatou que há no País hospitais privados estudando a viabilidade de implantação de um centro e disse acreditar que isso “provavelmente vai ocorrer nos próximos cinco anos”. O médico destacou que os custos são muito reduzidos em relação ao início da tecnologia, no começo dos anos 2000: “Atualmente, já está chegando em um valor que pode ser viabilizado no Brasil”. O primeiro centro na América Latina está sendo construído na Argentina.
Viviane Goulart, assessora da Secretaria Municipal da Saúde, destacou que tratamentos podem progressivamente passar a ser disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS) e mencionou o caso da ozonioterapia, que hoje é aplicada na rede pública, no Hospital Vila Nova. Mariana Peirano, representante do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), ressaltou que pacientes com câncer de mama acabam saindo do mercado de trabalho por conta das sequelas do tratamento, e que um tratamento com menos efeitos colaterais, ainda que mais caro, traria o impacto positivo de que as pessoas não precisariam de benefícios para se sustentar.
Ao final, Mônica Leal destacou que Porto Alegre poderia ser uma cidade pioneira na implantação do tratamento no Brasil. Wilson Almeida concordou que a Capital tem condições para isso e defendeu que uma parceria público-privada “seria o caminho mais rápido e efetivo” para atingir esse objetivo.