COSMAM

COSMAM analisa ações e perspectivas da área da Saúde Mental

COSMAM analisa ações e perspectivas da área da Saúde Mental
COSMAM analisa ações e perspectivas da área da Saúde Mental

Por proposição da Vereadora Psicóloga Tanise Sabino a reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (COSMAM) do dia 14 de março, convidou vários profissionais da saúde da Prefeitura de Porto Alegre com o objetivo de avaliar a saúde mental de Porto Alegre. A proposta foi de avaliar o que foi realizado nestes dois primeiros anos de governo, compartilhar desafios e discutir as perspectivas para o trabalho nos próximos 2 anos. “A ideia é fazer um balanço do que já foi feito, e também analisar como nós vereadores podemos ajudar a desenvolver esta área de forma cada vez mais efetiva. As pessoas me procuram buscando ajuda, principalmente na área da Saúde Mental, com dificuldade de ter acesso ao CAPS, ao serviço de internação, a questões relacionadas ao autismo, esquizofrenia e tantos outros males de ordem psíquica”, destacou a Vereadora na abertura na reunião, quando apresentou os convidados e mais uma vez reiterou seu apoio e reconhecimento aos profissionais: “Se por um lado recebo reclamações sobre o tempo para conseguir um atendimento, por outro lado, depois que o cidadão é atendido, ele elogia muito o serviço”, concluiu.  

A diretora da atenção primária à saúde, Caroline Schirmer, destacou a ampliação da área de cobertura dos médicos de família, que hoje alcança 86% das famílias, ou sejam as famílias tem um profissional de referência para o cuidado.  “A ideia não é aumentar mais o número de equipes, mas qualificar essas equipes, pensar em instrumentos que facilitem o diagnóstico”, Destacou Schirmer. Ela informou também que os maiores atendimentos realizados são para casos leves de depressão e ansiedade. Outro ponto destacado pela profissional é o desafio de organizar os protocolos de atendimento, que haja uma padronização dos procedimentos adotados.

O Coordenador Geral do SAMU de Porto Alegre, Ghünter Ayala, relatou que das cerca de 200 chamadas diárias que o SAMU recebe, em torno de 18% dos atendimentos já são na área da saúde mental, sendo que muitos dos atendimentos são de pessoas reincidentes, ou seja, que não estão recebendo tratamento e por isso tem novas ocorrências.  Tendo em vista estes dados, a Vereadora Tanise questionou sobre a possibilidade da implantação de uma SAMU Mental, a exemplo do que acontece em Brasília, onde este serviço é referência.  O Dr. Ghünter afirmou que a prefeitura está realizando estudos de viabilidade para oferecer este serviço e "miramos no ideal, mas estamos buscando alternativas para criar o serviço da SAMU Mental em um formato mais enxuto. O atendimento seria muito melhor se tivéssemos esta ferramenta”, completou Ghünter.

Na sequência foi a vez da Psicóloga Sirlei Girli, da Equipe Especializada em Saúde da Criança e Adolescente (EESCA), que destacou que o principal desafio é o suporte as famílias, e fazer com que os pais levem os filhos para o atendimento, dando continuidade ao tratamento. A profissional também relatou a preocupação com a Saúde Mental dos próprios cuidadores, que têm uma demanda crescente. 

Sandro Novelli, psicólogo da Equipe de Saúde Mental Adulto (ESMA) compartilhou que hoje o serviço tem 266 pacientes em tratamento e que estão investindo em busca ativa e em grupos terapêuticos com o objetivo de promover a reinserção social para que o "paciente não fique perdido na rede", como salientou o profissional.

O Coordenador Municipal de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde, Daniel Lenz Faria Corrêa, falou da parceira com o SAMU com os Caps AD, que permite o encaminhamento de alguns casos direto para o CAPS, e não para os hospitais, o que é um ganho para o serviço da Saúde Mental.

 Logo após a fala foi de Flávia Darski, do CAPS Infantil Casa Harmonia - o único infantil próprio do município, que atende hoje 132 crianças - incluindo muitos casos graves - entre eles, ideação suicida, automutilação, isolamento social, autismo e depressão. A profissional ressaltou que o território de atendimento é muito extenso e aproveitou a oportunidade para agradecer o veículo recebido da Vereadora Tanise Sabino através de Emenda: "O CAPS I se reinventou em meio a pandemia, não deixando em nenhum momento de prestar atendimento e buscando proximidade com as escolas, CRAS e CREAS. Senão conseguíamos ir até os pacientes – já que nossa área de atendimento é muito extensa - fazíamos contato por telefone”.

Mateus Kunder do CAPS II Esperança, o antigo CAPS Glória, Cruzeiro e Cristal que foi um dos primeiros de Porto Alegre agradeceu a oportunidade de compartilhar o seu cotidiano de trabalho e afirmou que o CAPS II está com as atividades coletivas a pleno, as oficinas, com grande frequência de usuários. Porém, salientou: “Mais que discutir leitos, precisamos ter um atendimento longitudinal, ou seja, fazer com que o paciente tenha um acompanhamento dentro da rede e assim reduza o número de internações”.

Fernanda Farina, do CAPS AD, destacou a importância da psicoterapia e não apenas da indicação de tratamento medicamentoso, destacando a importância dos atendimentos dos caps portas abertas. Também falou do desafio de não ter uma estrutura própria para o serviço e das limitações do RH.  "Nosso desafio é voltar a ter portas abertas, atendendo a demanda da comunidade por Saúde Mental, que é cada vez maior, mas atualmente não temos equipe para isso".

O Dr. Alceu Gomes, que irá coordenar o Centro de Referência de Transtorno Autista (CERTA) relatou ao grupo o andamento dos trâmites para inauguração do Centro, que deve finalmente inaugurar até o final do mês de abril.

Dra. Cristiane Stracke, Médica Psiquiatra que está à frente da Coordenação de Atenção à Saúde Mental apresentou um detalhado relatório sobre o atendimento realizado no biênio 2021-2022, destacando a elaboração da Política de Saúde Mental, a atualização do Documento Orientador para Equipes de Saúde Mental  e a realização da 4ª Conferência Municipal  de Saúde Mental, que teve como tema "A Política de Saúde Mental como Direito: pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços da atenção psicossocial no SUS".

Em comum, no relato dos diferentes profissionais a necessidade de cada vez mais atuar em conjunto e aumentar o fluxo de comunicação nas diferentes instâncias de atendimento. Também foi destacada a necessidade de fortalecimento de uma rede de apoio para todos os profissionais que atuam na área da Saúde Mental. 

Finalizando a reunião a Vereadora Tanise Sabino destacou que infelizmente um dos legados da pandemia do covid-19 é o aumento do adoecimento metal: "Se por um lado cresceu a demanda por atendimento, também cresceu o reconhecimento da importância de discutir o tema da Saúde Mental.” A parlamentar também reiterou a necessidade de ter mais CAPS - principalmente um Caps Infantil para a Zona Sul e um CAPS II para a região do Humaitá e Ilhas. "Precisamos qualificar a urgência e emergência, aceitar o desafio de atendimento dos CAPS com portas abertas para a comunidade e cuidar dos cuidadores, oferecendo-lhes ferramentas de atualização e capacitação", concluiu a vereadora.

Texto

Caroline Strüssmann Reg. Prof. 9228

Galeria de Imagens

COSMAM analisa ações e perspectivas da área da Saúde Mental