Cosmam analisa os altos índices de infecção por HIV e AIDS em Porto Alegre
A pauta foi proposta pela vereadora Atena Roveda (PSOL) e coordenada pela presidente da Comissão, vereadora Psicóloga Tanise Sabino (MDB) (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório) Reunião tratou sobre os índices de HIV e AIDS na Capital, além de formas de prevenção e tratamento (Foto: Johan de Carvalho/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu nesta terça-feira (18/02) para analisar os dados de HIV e AIDS na Capital gaúcha. A reunião foi proposta pela vereadora Atena Roveda (PSOL) e coordenada pela presidente da Comissão, vereadora Psicóloga Tanise Sabino (MDB). “Não é problema algum o vírus, e sim a desinformação e o preconceito. Nosso trabalho é que no fim desta reunião, nós possamos refletir melhor quais caminhos coletivos podemos tomar para acabar com a epidemia de HIV/AIDS”, afirmou a proponente.
Segundo a coordenadora de projetos do Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS (GAPA), Carla Almeida, Porto Alegre vive uma epidemia generalizada, indo contra o cenário nacional, em que a epidemia é concentrada em populações específicas. “A gente tem uma epidemia de AIDS generalizada em Porto Alegre e na região metropolitana, com uma prevalência muito acima da média nacional. Temos indicadores alarmantes não apenas para HIV, mas também para sífilis, hepatite e outras doenças de definição social. Falar de HIV e AIDS é falar de crítica social, insegurança alimentar, justiça, segurança, moradia, saneamento básico e melhores condições de vida”, defendeu.
A Coordenadora de Atenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/AIDS, Tuberculose e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Daila Raenck, apresentou dados sobre a Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida como PrEP, um método de prevenção ao HIV oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o foco da Secretaria é eliminar a taxa de mortalidade pela infecção e levar a PrEP para mulheres cisgêneros e gestantes, identificadas como um dos principais grupos de risco de infecção e transmissão vertical (da mãe para o filho) de HIV/AIDS. “Nós elencamos duas metas essenciais: eliminação da transmissão vertical de HIV, não podemos mais ter crianças infectadas. Há três anos, nós eliminamos a transmissão vertical, estamos abaixo dos 2% de contaminação, que é a meta do Ministério da Saúde. O último boletim epidemiológico tinha emitido um coeficiente de mortalidade 24%, nós diminuímos para 20%”, pontuou.
De acordo com Daila, quanto maior o número de pessoas utilizando a PrEP, menor será a incidência de infecções por HIV. Ela acredita que a chave para reduzir a taxa de mortalidade está em levar os diagnósticos à atenção primária de saúde, por meio de testes rápidos. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o início do tratamento, melhores serão os resultados e a qualidade de vida das pessoas soropositivas. “Nós incorporamos a tecnologia da entrega do medicamento em casa. O secretário Ritter fez uma reunião conosco para que todo o usuário da rede de atenção primária, independente do vínculo ao projeto ou não, tenha acesso ao tratamento”, contou.
Foi apontado como uma das principais falhas da conscientização sobre o tópico a falta de campanhas e iniciativas de educação em escolas. No entanto, Daila afirmou que as campanhas serão retomadas este ano, por meio do Ministério da Saúde. “O Ministério vai disparar uma grande campanha nacional, recuperando essa questão da prevenção e da existência do HIV e da sífilis. É algo que a gente precisa retomar na cidade e entendemos como um gargalo importante”, esclareceu. Conforme o Ministério da Saúde, cerca de 26 mil pessoas estão vinculadas ao cuidado em Porto Alegre. Deste número, 23 mil encontram-se em tratamento e 3 mil abandonaram ou não estão em tratamento.
A coordenadora da ONG Mães da Resistência do RS, Andrea Ribeiro Mirandola, convidou todos presentes para o lançamento de uma cartilha de letramento para familiares que convivem com pessoas soropositivas e LGBTQIA+. O encontro ocorrerá nos dias 29 e 30 de abril, no Plenário Ana Terra da Câmara Municipal, e tem como objetivo expor dados e conscientizar pais e responsáveis sobre o assunto. ”Os dados falam por si. Que a gente possa ser aliado nessa luta com vocês para enfrentar esse preconceito e esse estigma que quem tem HIV/AIDS vive”, afirmou.
Como encaminhamento, a vereadora Atena Roveda propôs de seu gabinete reunir as assertivas da reunião em uma ata, para a Comissão aprovar e encaminhar à Secretaria de Saúde. Também solicitou reunião com o secretário da pasta, Fernando Ritter, para tratar do encaminhamento da ata. Além disso, propôs uma pauta externa para a Cosmam na sede da SMS. Por fim, solicitou que ao menos em dois dias da semana, o Centro de Saúde Santa Marta amplie seus horários de atendimento, a fim de atender a população soropositiva de Porto Alegre. “Se houver uma boa vontade política da Secretaria Municipal de Saúde, ela vai começar com a recepção da Cosmam em uma visita oficial e já com um estudo de análise em relação a isso”, concluiu.