Cosmam debate prevenção ao câncer do colo do útero
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), da Câmara Municipal de Porto Alegre, debateu nesta terça-feira (13/9) pela manhã a prevenção ao câncer do colo do útero, DST’s e sobre a vacina do HPV. A reunião iniciou sendo conduzida pelo vice-presidente da comissão, vereador Dr. Goulart (PTB). Dr. Goulart contou a dificuldade que os profissionais da saúde têm em realizar o exame Papa Nicolau para a prevenção do câncer. O vereador também falou sobre a preocupação sobre seu projeto de lei que tramita na Casa instituindo a obrigatoriedade de ser feita a coleta preventiva do exame de câncer do colo de útero em 80% das mulheres que comparecem em qualquer posto de saúde municipal. Dr. Goulart explicou na reunião que essa coleta também poderia ser realizada pelo serviço de enfermagem. “Geralmente as enfermeiras e as técnicas ficam mais tempo da unidade de saúde do que nós”, abrangendo um número maior de pessoas atendidas no preventivo." Dr. Goulart informou que o indicado é que o exame preventivo deve ser realizado pelas mulheres um ano após a primeira relação, refazendo o Papa Nicolau, regularmente, uma vez por ano pelo resto da vida.
Segundo Fabíola Fridman, médica ginecologista e cirurgiã oncológica, o exame preventivo, em geral, não vem alcançando novos pacientes. “Não existe uma diminuição na mortalidade do câncer de colo e o rastreio continua precário e insuficiente. Fridman explica que quando o paciente vai ao posto tem dificuldade de realizar o exame e nos hospitais a atenção acaba sendo direcionada aos pacientes que já estão com alterações no preventivo. “Nós que trabalhamos nos hospitais terciários não fazemos o rastreio, nosso foco é atender as pacientes que já chegam com os preventivos alterados”, conclui a doutora.
A gerente do Serviço Especializado de Ginecologia (SEG), Estelamaris Piccoli, expressou sua opinião concordando com Fridman e afirmou que é comum que os exames sejam feitos repetidamente pelas mesmas pessoas. Para Estalamaris, “as mulheres, que realmente necessitam, não têm acesso. Acredito que por problemas no posto de saúde, devido à demanda de pessoal e por desconhecerem (o procedimento)”, explica.
O médico ginecologista Paulo Damiani resumiu seu pensamento em dois itens estruturais sobre a prevenção da doença. “Se nós vamos pensar em prevenção, em primeiro lugar devemos encarar as condições primárias, condições de vida e educação, dificuldade de acesso e que as pessoas nem se dão conta que existe a doença.”
Para a representante da Secretaria Municipal da Educação (Smed), professora Marcia Gil Rosa, a educação sobre a saúde das mulheres precisa ser debatida dentro e fora da escola. “A educação não se faz só na escola, a sociedade toda faz educação e é bem importante que a gente comece a falar sobre isso”, explica. A professora disse que existe uma necessidade de mobilização, pois mulheres estão morrendo. “Quando o senhor (Dr. Goulart) fala que o Papa Nicolau é um exame simples, barato e de fácil acesso, nós temos, sim, que fazer campanha”, ressalta.
A presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, vereadora Lourdes Sprenger (PMDB) evidenciou a importância de temas como este serem debatidos na Câmara. “Essa visibilidade que o Dr. Goulart vem trazendo para nós é muito importante que fique registrado na Casa”. A vereadora também se comprometeu em auxiliar na mobilização sobre o tema e sugeriu a realização de um seminário sobre a prevenção ao câncer de colo de útero na Cosmam.
Também estiveram presentes os vereadores Paulo Brum (PTB) e Mário Manfro (PTB).
Texto: Guilherme Sampaio (reg. prof. 18405)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)