COMISSÕES

Cosmam discute políticas públicas para endometriose

12ª Reunião da Cosmam, por videoconferência, tratou sobre a endometriose, com a participação de autoridades da Saúde e convidados.
Reunião da comissão ocorreu por videoconferência (Foto: Amanda Bormida/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou uma reunião na manhã desta terça-feira (2/5) para discutir o diagnóstico, o tratamento e as políticas públicas voltadas à endometriose. A pauta foi levada à comissão pela vereadora Cláudia Araújo (PSD).

O presidente da Cosmam, vereador José Freitas (Republicanos), enfatizou que a doença atinge em torno de 7 milhões de brasileiras e pode levar à infertilidade. Ele afirmou que é preciso pensar em políticas públicas para atender a enfermidade.

A vereadora Cláudia Araújo explicou que “a endometriose é uma doença caracterizada pelo crescimento do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve, tais como as trompas, os ovários, os intestinos e a bexiga”. Ela enfatizou que a doença “gera sérios distúrbios”, como dores intensas e sangramentos, e defendeu que o município implemente um programa de saúde específico para a doença.

A vereadora Psicóloga Tanise Sabino (PTB) destacou que a endometriose afeta o bem-estar das mulheres, trazendo dores incapacitantes. Ela ressaltou que as mulheres sofrem questionamentos e são desacreditadas sobre a gravidade da doença. “A endometriose é de difícil compreensão para aqueles que não a experienciam”, disse. A vereadora Lourdes Sprenger (MDB) afirmou que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) deve dar maior atenção aos diagnósticos da doença.

Silas Mello, médico especialista em endometriose, destacou que a doença é caracterizada por cólicas menstruais intensas e que ela leva a alterações no funcionamento do organismo. Mello disse que o diagnóstico definitivo da enfermidade é feito apenas por videolaparoscopia, pois os focos de endometriose são inicialmente de um ou dois milímetros, e não há como se perceber esses focos por exames de imagem. Ele ressaltou que “a endometriose não tem cura, mas pode ser controlada”.

Julia Garcia, paciente de endometriose, relatou seu caso da doença, que envolveu dores crônicas e a necessidade de cirurgia, e afirmou que demorou 14 anos até ser diagnosticada. Ela disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa fornecer atendimento psicológico para as mulheres acometidas, e afirmou que “é humilhante se deparar com pessoas que não estão preparadas para acolher mulheres com endometriose”.

Rosa Vilarino, representante da área técnica da Saúde da Mulher da SMS, afirmou que há um procedimento estabelecido para mulheres que dão entrada na atenção primária relatando dores frequentes associadas às cólicas menstruais. Ela disse que é feita a avaliação do quadro e há um fluxo de encaminhamento para especialistas, para iniciar o processo de investigação. Utilizando dados de março, ela afirmou que o agendamento para investigação específica da endometriose demora seis dias para ser atendido, quando há prioridade alta, e 22 dias, em casos de prioridade média. 

Márcia Grutcki, também da área técnica da Saúde da Mulher, enfatizou que “a rede está capacitada para reconhecimento dos casos”. Vanessa Ribeiro, ginecologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição, afirmou que há deficiência no acesso a exames de imagem na rede primária e no acesso a medicamentos para tratamento clínico. Ela ressaltou que o Conceição dispõe de equipamentos capazes de fazer exames de imagem com alta qualidade – sem submeter a paciente à cirurgia de videolaparoscopia.

Em sua fala de encerramento, a vereadora Cláudia Araújo afirmou que “são milhares de mulheres que sofrem dessa doença silenciosa – mas que não é nada silenciosa para quem é acometida por ela”. A parlamentar destacou que a rede pública precisa disponibilizar com mais rapidez os exames de imagens, para que o diagnóstico seja feito de forma precoce.

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)