Cozinha Solidária reaberta na Azenha
Iniciativa de abrir uma cozinha solidário nas imediações, em setembro de 2021, esbarrou na intransigência do Governo Federal, dono do prédio que estava fechado há décadas.
Foi inaugurada na quarta-feira (16/06/2022) a nova sede da Cozinha Solidária, em Porto Alegre, onde serão distribuídas refeições para trabalhadores em geral e para pessoas em situação de rua. Uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e com apoio, principalmente de pessoas integrantes de diversas áreas, a chamada sociedade civil organizada, a Cozinha Solidária está localizada na Avenida Azenha, 608, uma quadra distante do prédio onde em setembro de 2021 o mesmo grupo abriu uma cozinha para apoiar as milhares de pessoas que passavam fome. O líder nacional do MTST, Guilherme Boulos esteve na Capital gaúcha prestigiando a abertura dessa que é a 31 Cozinha Solidária no País, distribuídas em 13 estados. "Cada um de vocês que ajudou a criar essa cozinha, está fazendo o papel do governo, levando alimento para os que não têm. Não podemos nos permitir fechar os olhos. Se o governo ignora essa triste realidade, nós não podemos dizer que o problema não é nosso", disse Boulos.
O vereador Pedro Ruas, que desde sua posse na Câmara de Vereadores imprimiu forte movimento visando aumentar quantidade de cestas básicas distribuídas, tendo em vista que milhares de famílias passam fome e não recebem nada do serviço de ação social do município, participou da solenidade de inauguração. Em pronunciamento, Pedro Ruas reforçou a necessidade de mobilização para saciar a fome. “Nunca vimos tanta necessidade de união para ajudar aos que não tem comida, milhares de pessoas no País, nos Estados e na nossa Porto Alegre”. Ele lembrou de toda a mobilização da qual participou sempre, inclusive com agendas junto aos demais Poderes de Estado, buscando apoio e, e em especial, quando da criação da cozinha comunitária na Azenha, em setembro de 2021, ocasião em que convidou até mesmo o governo do Estado, através da Secretária Regina Becker para conhecer e apoiar a proposta. Lamentou, mais uma vez, que aquela iniciativa foi abortada por uma decisão da Justiça Federal, ao determinar a desocupação da área, um prédio da União, abandonado havia muitos anos, em cujo pátio - após uma série de benfeitorias, sempre através de movimentos de voluntários- havia sido instalada a cozinha.
Na reabertura do projeto que nunca parou, apesar de não dispor de uma sede, foi prestada homenagem à dona Marli Mertz, 70 anos, moradora do bairro Azenha, que cedeu sua cozinha desde outubro de 2021, até o começo de junho deste ano, para que as refeições continuassem a ser feitas e servidas. Cláudia Ávila, coordenadora do MTST no RS, contou sobre a atuação de dona Marli. “Sensibilizada por ver o importante trabalho que vinha sendo realizado, ela não se conformou com o despejo da cozinha solidária e, graças a esse seu despreendimento, as refeições vinham sendo distribuídas na Praça Princesa Isabel. Conforme o representante do MTST no Estado, Eduardo Osório, inicialmente 150 refeições eram servidas por dia, o que aumentou para 220, com sol, vento ou chuva, na praça. "Não tivemos um apoio da prefeitura, para quem pedimos apenas um dos imóveis fechados, abandonados, Então decidimos alugar este porque num espaço com mesas, cadeiras, há mais dignidade para atender as pessoas que estão em busca de saciar sua fome", disse.
Os responsáveis pela iniciativa, além do MTST, figuram entidades que se manifestaram figuram o Conselho de Segurança Alimentar e Sustentabilidade o Movimento dos atingidos pelas Barragens, Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Pedal de Gurias Porto Alegre. A Cozinha Comunitária está em prédio alugado e pretende servir, em média, 4,5 mil refeições por mês, de segunda a sexta-feira. Além de Boulos, diversas lideranças políticas, entre essas Edegar Preto (PT), deputado estadual e Manuela D Ávila, além da bancada negra da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, participaram da inauguração junto com Pedro Ruas.
O MTST recebe doações via Pix (chave: rededeabastecimento@gmail.com), via financiamento coletivo (https://apoia.se/cozinhasolidaria) e mesmo diretamente no local.